20.8.12

[Resenha #84] Navegar no ciberespaço de Lucia Santaella

Autor: Lucia Santaella
Editora: Paulus
Ano: 2004
Páginas: 
183
Sinopse: 
O cibernauta coloca em ação habilidades de leitura muito distintas daquelas que são empregadas pelo leitor de um texto impresso como o livro. Por outro lado, são habilidades também distintas daquelas empregadas pelo receptor de imagens ou espectador de cinema e televisão. Conectando na tela, por meio de movimentos e comandos de um mouse, os nexos eletrônicos dessas infovias, o leitor vai unindo, de modo a-sequencial, fragmentos de informação de naturezas diversas, criando e experimentando, na sua interação com o potencial dialógico da hipermídia, um tipo de comunicação multilinear e labiríntica. Por meio de saltos receptivos, esse leitor é livre para estabelecer sozinho a ordem textual ou para se perder na desordem dos fragmentos, pois no lugar de um volume encadernado com páginas em que as frases e/ou imagens se apresentam em uma ordenação associativa que só pode ser estabelecida no e mediante o ato de leitura. Que habilidades perceptivas e cognitivas estão por trás desse modo remarcavelmente novo de comunicação? Que operações mentais, perceptivas e sensórias guiam os comandos do leitor quando movimenta e "clica"o mouse? 
Resenha:
Navegar no ciberespaço move três tipos de leitores:

1- Contemplativo: 
que conserva a cultura livresca do século XII, cujas modificações intelectuais e sociais, estabelecendo uma relação com o livro e as palavras, penetrando os pensamentos do leitor e permitindo comparações de memória com outros livros, criando a possibilidade de ler mais e de ler textos mais complexos. A invenção da escrita mudou a aparência de impressão dos livros possibilitando a fabricação em grandes quantidades, rapidamente e com facilidade, assegurando um tempo mínimo de difusão de idéias. Também fragmentou as idéias, pois foram surgindo publicações precárias, proliferando os livros de bolso graças à industrialização surgindo um novo leitor, capaz de comunicar oralmente o texto a outros que não sabem decifrá-lo, cimentando as formas de sociabilidade nos espaços comunitários.
 
2- O movente: 
as grandes transformações sociais mudaram o modo de viver, pois os camponeses e artesãos não conseguiam competir com a produção capitalista marcado pelo avanço tecnológico, concentrando o capital nos centros urbanos demarcando claramente duas classes sociais distintas, os operários e a elite dona co capital. Nesse universo a isenção do telefone e telégrafo e as notícias chegavam rápidas e imediatas implantando a moda e o consumismo.
O ser humano moderno preocupa-se mais com a vivência que com a memória e o passado cede lugar a necessidade urgente de se adaptar ao novo estilo de vida, cuja publicidade transformou tudo em mercadoria e a vida povoou-se de imagens fugidias do cotidiano, que reduz e hipnotiza pelas aparências.
As fotografias, os cinemas, a tecnologia possibilitam trocas constantes de imagens através de jornais, revistas, panfletos, vitrinas, letreiros que fazem parte de uma cultura organizada sob o signo do choque, e o homem vai adaptando o olhar a essa congestão de informações que atravessam a consciência e desaparecem em seguida, numa instabilidade que marca o homem moderno pela tensão nervosa, velocidades, superficialismo, a efemeridade do imediatismo. Nesse contexto surge o leitor fugaz, novidadeiro, de memória curta mas ágil que não tem tempo de reter informações.
 
3- Imersivo, virtual século XXI, era digital, sons, textos, imagens, programas informáticos cria uma linguagem universal, via computador, que permite a comunicação do ser humano no globo e só é preciso um toque leve no mouse para ter acesso a uma rede gigantesca de transmissão. Surge então o leitor imersivo que tem à sua frente uma tela onde o texto eletrônico permite organização e estruturação do texto; cujo fluxo seqüencial e continuidade possibilita embaralhar, entrecruzar, reunir textos na mesma memória eletrônica.

A Internet tornou-se assim uma máquina de encontro de pessoas, um laboratório de novas práticas culturais, um compartilhar de arquivos como os blogs, mudando a forma se propagação e expectativas, produza ferramentas eficientes que não exigem conhecimentos de programação, é grátis e disponível ao mundo, mas que precisa ser selecionado, pois o direito a liberdade de opção do sistema operacional, provedor, companhia telefônica e cabo podem-se ter acesso a múltiplos pontos de vista sobre notícias de um jornalismo independente.
"A leitura do livro é, por fim, essencialmente contemplação e ruminação, leitura que pode voltar as páginas, repetidas vezes, que pode ser suspensa imaginativamente para a meditação de um leitor solitário e concentração." pág 24

O livro é de fácil leitura, apesar do tema técnico, e é compreendido por pessoas que não fazem parte da área de comunicação, psicologia e sociologia.

Um comentário

  1. Nunca tinha ouvido falar neste livro, mas nao faz mto meu estilo nao ;s
    Beijos
    http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/

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