[Resenha #110] O Nome do Vento de Patrick Rothfuss

Título: O Nome do Vento (A Crônica do Matador do Rei: Primeiro Dia)
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 656
Classificação: 4 estrelas
 
Sinopse: Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso. Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - os lendários demônios que assassinaram sua família no passado. Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade. Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame. Nesta provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.

Resenha:


O livro faz parte de uma série, chamada A Crônica do Matador do Rei, composta por três livros. Cada livro é referente a um dia, porque três dias é o tempo que o nosso protagonista irá demorar para contar a sua história.

Kote é o proprietário e gerente da Waystone, localizado na pequena aldeia de Newarre . Ele e seu ajudante, Bast, não recebem muitas pessoas na pousada durante o dia e as noites consistem em ouvir os moradores contando histórias de grandes heróis do passado. A vida em Newarre é bastante rotineira, as maiores preocupações são sobre plantações e como os moradores terão dinheiro para pagar os seus impostos para o rei.

Então, um dia um homem chamado Cronista aparece. Ele está à procura de um desses grandes heróis do passado, a fim de escrever a história do herói. A missão de um Cronista é narrar as histórias reais por trás das fábulas que são contadas por moradores como as de Newarre. Assim vamos descobrir quem Kote realmente é ...

E assim começa a história de Kvothe do Arcano.

"Já fui chamado de Kvothe, o Sem-Sangue; Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador do rei. Mereci esses nomes. Comprei e paguei por eles.(...)
Fui chamado de muitas outras coisas, é claro. Grosseiras, na maioria, embora pouquíssimas não tenham sido merecidas.
Já resgatei princesas de reis adormecidas em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon. Passei a noite com Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da universidade com menos idade do que a maioria das pessoas conseguem ingressar nela. Caminhei à luz do luar por trilhas de que outros temem falar durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorar.
Vocês devem ter ouvido falar de mim."Página 58

 
“Antes de começarmos, você precisa se lembrar que sou um Edena Ruh. Contávamos histórias antes do incêndio de Caluptena. Antes de haver livros em que se pudesse escrever. Antes de haver música para tocar. Quando a primeira fogueira crepitou, nós, os Ruh, já contávamos histórias no círculo de sua luz bruxuleante”. P. 56.


O Nome do Vento, A Crônica do Matador de Reis: O Primeiro Dia, é a história de Kvothe contada pelo cronista pelo próprio herói. Kvothe conta ao Cronista sobre sua infância como um Ruh Edema, um povo que vive suas vidas e ganham seu dinheiro como artistas viajantes. Ele conta a história de seu tempo na universidade onde ele esperava aprender sobre o Chandrian, um grupo de sete seres malignos que mata e destrói por nenhum motivo aparentemente.

Na Universidade, a sua lenda começa quase imediatamente. Há a sensação de que ele está sempre se metendo em alguma encrenca, mas sempre sai incólume, isso é percebido como grandeza e uma qualidade. Ele torna-se popular através da música de seu alaúde e canto de baladas, explora a Universidade de um modo que ninguém mais faz, é apaixonado por uma jovem mulher que ele não consegue encontrar, e está determinado a descobrir a verdade sobre aqueles que mataram seus pais. É apenas uma questão de tempo antes que ele acabe em sérios problemas, a menos que ele possa aprender o suficiente para se defender em seguida.

Este primeiro livro é um alicerce para o resto da história. Há apenas insinuações até agora, mas Kvothe quer aprender da história do Amyr, um antigo grupo de guerreiros cuja missão é procurar o Chandrian demônio e destruí-los. O Chandrian só são mencionados nas histórias de fadas, mas seus pais também procuraram o conhecimento deles.


 “ Ele havia chamado o vento, e o vento viera. Magia de verdade. O tipo de magia da qual eu ouvira falar nas histórias do Grande Taborlin. O tipo de magia em que eu não acreditava desde meus seis anos de idade. Agora não sabia no que acreditar.” pág: 68


A narrativa do livro é em grande parte em primeira pessoa, do ponto de vista de Kvothe, o protagonista. Há também interjeições de terceira pessoa na narrativa que incidem sobre os acontecimentos da vida de Kvothe. Ambas as perspectivas têm muito a oferecer. Na primeira pessoa, a história de Kvothe detalha as suas origens humildes e os companheiros de sua vida através de sua fama e notoriedade como um herói da lenda. Na terceira pessoa, vemos Kvothe como um homem que ainda é jovem, em anos (ele é descrito como estando em seus vinte anos), mas que também parece envelhecido e desgastado. Ele se esconde atrás de um apelido e assumiu a vida de dono de uma pousada em uma pequena cidade. 


“Assim como os nomes têm poder, as palavras têm poder. Elas podem acender fogueiras na mente dos homens. As palavras podem arrancar lágrimas dos corações mais empedernidos. Existem sete palavras que darão uma pessoa amá-lo. Existem 10 palavras que dobrarão a vontade de um homem forte.Mas uma palavra não passa de uma pintura do fogo. O nome é o fogo em si”. pág. 604.


A trama é densa e brilhantemente elaborada. O mundo criado é tão verossímil e sua magia é tão incrivelmente imaginada que eu estou quase surpresa que não é uma realidade! A riqueza dos personagens é algo impresionate, todos são intimamente desenhados e únicos. Mesmo os personagens mais subalternos ganham vida nas páginas de Rothfuss.

Eu gostei do livro, mas primeiro, uma concessão: Eu realmente não curto muito biografias / autobiografias. O Nome do Vento é essencialmente a autobiografia de um personagem. Então, é por isso que eu não fiquei tão entusiasmada com este livro como outras pessoas ficaram, mas eu super recomendo o livro. Com certeza, se eu não tivesse tal aversão às narrativas autobiográficas, eu estaria delirando sobre como incrível este livro é (como a maioria das pessoas o fazem).
Acreditem ou não, li esse livro em um dia, sim, pois tive que ficar no hospital por causa da operação do meu pai, e li o livro das 7 da manha, até de madrugada, só parei para comer. O livro é muito bem escrito, e a história é interessante, apesar que tem alguns trechos um pouco cansativos, mas como quero saber como termina a história, irei ler todos. E já estou lendo "O Temor do Sábio", e logo posto a resenha desse outro também.

O segundo livro promete ser recheado de aventuras e romance, além de descobrirmos mais sobre os mistérios que cercam Kvothe. Afinal de contas, são 960 páginas que compõem O Temor do Sábio.