Publicado no Blog das Séries
Desde
os 4 anos Colin Singleton anseia por seu grande insight de genialidade,
seu “momento eureca”. Aos 17, teme engrossar as estatísticas que
assombram garotos prodígios como ele — a maioria não se tornará um gênio
ao chegar à idade adulta. Colin, o protagonista nerd de O teorema Katherine, é cria de John Green, um prodígio que não seguiu a desafortunada maioria e é hoje capitão dos “Nerdfighters”, fórum com mais de um milhão de membros engajados em temas como literatura e cidadania.
Mas o que é, afinal, um “nerdfighter”? A questão foi levantada recentemente pela The New Yorker
após a publicação de um artigo sobre adolescentes transgêneros, em que
um dos jovens se identificava como um “nerdfighter”. O termo foi criado
por John Green, um dos escritores contemporâneos mais festejados pela
crítica e autor de histórias verossímeis que retratam adolescentes
comuns, por vezes solitários e deslocados.
Além
de O teorema Katherine, protagonizado por um ex-menino-prodígio com
dificuldades em fazer amigos, obcecado pelos estudos e por garotas
chamadas Katherines — ele já levou o fora de 19 garotas com esse nome —,
Green é autor do comovente A culpa é das estrelas,
romance que expõe a delicada relação entre dois adolescentes que
enfrentam o câncer terminal. Eleito o melhor livro de 2012 pela revista
Time, A culpa é das estrelas
figura há 26 semanas na lista de best-sellers do The New York Times e
já superou a marca dos 80 mil exemplares vendidos no Brasil.
Honrado
com a Printz Medal, o Printz Honor e o Edgar Award, John Green, de
apenas 35 anos, tem presença forte na internet, com mais de 1,4 milhão
de seguidores no Twitter. Tudo começou em 2007 quando o autor iniciou,
ao lado do irmão Hank, o projeto “Brotherhood 2.0”, em que os dois se
propuseram a substituir toda a comunicação textual entre eles por vídeos
no YouTube, disponíveis para o público.
A partir daí nasceram o canal on-line “Vlogbrothers”, que hoje contabiliza mais de 302 milhões de visualizações para mais de 950 vídeos postados, e o “Crash Course!”,
canal do YouTube que oferece lições de história, química, biologia,
literatura e ecologia. O movimento “Nerdfighters” surgiu depois, a
partir de uma piada. John Green estava no aeroporto de Savannah, na
Georgia, gravando um dos vídeos endereçados ao irmão quando o estranho
logotipo de um fliperama chamou sua atenção: “Nerdfighters” (na verdade,
o nome era “Aero Fighters”). Ele filmou a brincadeira: “Minha pergunta
sobre os ‘Nerdfighters’ é: esse é um jogo sobre pessoas que lutam contra
nerds, ou sobre nerds que lutam contra outras pessoas?
Cheguei
à conclusão de que ‘Nerdfighters’ é um jogo sobre nerds que lutam
contra os ataques dos mais populares. E comecei a pensar com meus
botões… esse seria um ótimovideo game.” Logo, seus seguidores começaram a
se referir como Nerdfighters. Nascia assim o movimento que o próprio
autor tem receio de definir. Em uma entrevista concedida posteriormente a
The New Yorker,
Green explicou que uma das razões que fizeram com que ele e o irmão
recusassem os convites para levar seus vídeos à TV é porque não querem
que o fenômeno seja absorvido pela mídia mainstream e precise explicitar
uma missão e uma marca. “Esse tipo de coisa não nos interessa. Só
queremos fazer coisas legais com as pessoas de quem gostamos”, afirma.
Além
disso, por que criar rótulos para uma comunidade que abriga justamente
jovens que fogem dos estereótipos? John Green encerrou a entrevista
declarando seu orgulho pelo jovem transgênero que se considera parte do
movimento. “Eu espero que a Nerdfighteria seja um lugar em que jovens
transgêneros se sintam acolhidos e seguros, pois não existem muitos
lugares assim, on-line ou off-line”.
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