10.9.15

[Resenha #608] Os Óculos de Heidegger - Thaisa Frank @intrinseca


Os Óculos de Heidegger
Thaisa Frank
ISBN-13: 9788580573084
ISBN-10: 8580573084
Ano: 2013 
Páginas: 288
Idioma: português
Editora: Intrínseca
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Submarino


Sinopse: Em seu livro de estreia, Thaisa Frank mescla filosofia e romance em uma história inusitada. O cenário é a Operação Postal, programa nazista em que um grupo de intelectuais respondia às cartas enviadas aos prisioneiros dos campos de concentração com objetivo de garantir sigilo sobre a Solução Final.
Certo dia, uma tarefa é passada pelo próprio Goebbels: responder a uma carta do filósofo Martin Heidegger para seu amigo e oculista Asher Englehardt, prisioneiro de Auschwitz. Diante da suspeita de que talvez a prosaica correspondência contenha algum tipo de mensagem cifrada que poderia desmantelar os planos do Terceiro Reich, os escribas e seus líderes se veem às voltas com o desafio de responder ao filósofo de uma forma que desencoraje uma nova troca de cartas e garanta a permanência tranquila do grupo.


A primeira coisa que me chamou atenção no livro Os óculos de Heidegger foi à temática; o livro se passa durante a segunda guerra, e apesar de se tratar de uma obra de ficção, os fatos narrados e Martin Heidegger existiram.

O que mais gostei foi que tive a oportunidade de visualizar como pode ter sido a Operação Postal. Mas o que consistia essa Operação Postal? É o seguinte, e falando de uma forma bem resumida, os prisioneiros que eram levados para o campo de concentração eram obrigados a escrever cartas para seus familiares os convidando a irem se encontrar com ele, onde ele estivesse. Nessas cartas eles relatavam o quanto o lugar onde estavam era lindo, bonito, que não havia fome, e que eram feliz; ou seja; tudo uma bela mentira, mas que era dita para convencer as pessoas a se entregarem sem resistência.





A resposta dessas cartas eram remetidas para um buncker, onde 50 escribas, que também eram prisioneiros, as respondiam. Esses prisioneiros conseguiram escapar dos campos de concentração porque sabiam falar outras línguas, ou fingia que o sabia. 





Mas tudo começa a ficar tenso, e difícil quando eles recebem no bunker uma carta de Martin Heidegger, um filósofo, que foi direcionado a seu amigo Asher Englehardt. Asher era um oculista, no sentido de fabricar óculos, e amigo de Heidegger que foi mandado para Auschwitz. A grande dificuldade dos escribas do bunker em responder aquela carta eram as mensagens intrincadas e cheias de ‘conversas’ filosóficas.

No bunker, além dos 50 escribas que são mencionados, há um lugar de destaque na historia para Elie e Londenstein, ambos simpatizantes da resistência, mas que para viver acabam por trabalhar no exercito alemão, mas que usam disso para ajudar refugiados. E foi quando se viu diante da carta da Asher que Elie vislumbra a possibilidade de ajudar alguém a escapar Auschwitz.




Toda trama do livro em si é muito bem escrita. Thaisa Frank nos deixa com aquela pergunta se os fatos narrados aconteceram de fato, como se fosse uma estória da história, ou se é ‘só’ um livro baseado em algo real que ela usou de sua licença poética para retratar. Ela descreve os cenários de maneira muito clara que nos faz conseguir visualizar cada cena descrita. 





Uma coisa que me incomodou no livro é que a ação que eu esperava encontrar no livro demorou a acontecer. Sabe aquela sensação de termos medo de virar a página e um desastre estar iminente? Senti falta disso, eu senti falta de sentir medo durante a leitura. O livro fala da segunda guerra, de um exército impiedoso com os prisioneiros, e até mesmo com seus soldados, e não vi isso no livro. Mas também talvez tenha sido essa a intenção da autora, de ter deixado a leitura um pouco ‘mais leve’, contando esse lado dos que ajudavam os prisioneiros.



De um modo geral, é uma leitura muito interessante, mas não rápida. Martin Heidegger de fato existiu, então aconselho que quem for ler o livro, procure saber pelo menos o básico do básico sobre quem foi Heidegger.

Outra coisa que deixa o livro com um ar muito nostálgico, e nem sei se palavra a ser usada é essa, é que durante todo o livro temos cartas dos que os prisioneiros enviavam, então podemos ter uma ideia de como era a vida deles nos campos.

Recomendo muito a leitura principalmente se você for o tipo de leitor que, assim como eu, também se fascina por livro que além de nos entreter nos ensina.

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