[Resenha #801] Mosquitolândia - David Arnold @intrinseca

Mosquitolândia
David Arnold
ISBN-13: 9788580577792
ISBN-10: 8580577799
Ano: 2015
Páginas: 352
Idioma: português
Editora: Intrínseca
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Submarino

“Meu nome é Mary Iris Malone, e eu não estou nada bem.” Após o inesperado divórcio dos pais, Mim Malone é arrastada de sua casa em Ohio para o árido Missis - sippi, onde passa a morar com o pai e a madrasta e a ser medicada contra a própria vontade. Porém, antes mesmo de a poeira da mudança baixar, ela descobre que a mãe está doente. Mim foge de sua nova vida e embarca em um ônibus com destino a seu verdadeiro lugar, o lar de sua mãe, e acaba encontrando alguns companheiros de viagem muito interessantes pelo caminho. Quando a jornada de mais de mil quilômetros toma rumos inesperados, ela precisa confrontar os próprios demônios e redefinir seus conceitos de amor, lealdade e sanidade. Com uma narrativa caleidoscópica e inesquecível, Mosquitolândia é uma odisseia contemporânea, uma história sobre as dificuldades do dia a dia e o que fazemos para enfrentá-las.

Ao ler a sinopse do livro minha primeira impressão foi de que seria mais um desses dramas adolescentes com uma “menina rebelde”. Ao contrário, Mosquitolândia mostrou ser um livro surpreendente e até mesmo maduro.

O livro conta a história de Mim, que foi forçada a se mudar para outro estado com seu pai e sua nova madrasta, tendo que deixar sua cidade e sua mãe para trás. Isso já gera muitos problemas para a garota, porém quando as cartas semanais de sua mãe simplesmente param de chegar ela começa a suspeitar de sua madrasta. Isso somado a uma conversa escutada pela protagonista, que dá a entender que sua mãe está doente, foi o estopim para a sua fuga.

A partir desse momento o leitor começa uma viagem de quatro dias até a cidade natal da Mim. Além da narrativa normal, o livro também tem as cartas que a Mim escreve para uma Isabel, que lista os motivos que levaram ela a fugir de casa, o que torna a leitura bem legal e dá uma sensação de intimidade com a protagonista.

A protagonista se define como uma “anomalia”, “uma coleção de esquisitices” e enfrenta todos os dias conflitos internos. Mim é uma personagem humana e profunda, tem diversos problemas internos, questiona o mundo e as pessoas sempre, o que faz dela alguém “real”, alguém com quem o leitor pode se identificar. O que me surpreendeu foi que a Mim realmente cresce ao longo da narrativa e percebe seus erros, algo raro em heroínas adolescentes, que normalmente já sabem tudo da vida aparentemente.

Além da Mim, os outros personagens são muito bem construídos e também cheios de peculiaridades como a protagonista. O início e o final do livro são incríveis, porém o meio da narrativa se torna cansativa em algumas partes. É um livro cheio de altos e baixos mas com certeza vale a pena lê-lo.

QUOTES:

“Acabamos de nos conhecer, mas conceitos bobos como o tempo quase não importam quando lidamos com um espírito familiar.”

“Porque a vida raramente é como você imagina.”

“Abra os olhos e encare o mundo sem medo.”

“É uma sensação estranha, ficar decepcionada com a própria geração.”

“A vida às vezes pode ser uma bela filha da mãe, trazendo sentimentos à tona muito depois de você tê-los deixado para trás.”

“Durante toda a vida estive em busca do meu grupo e, durante toda a vida, só encontrei o vazio. Em algum momento, não sei quando, aceitei o isolamento.”

“Eu me encolhi em posição fetal e aceitei uma vida de observações e teorias, o que não é viver de verdade.”

“E sentir-se bem é um privilégio hoje em dia.”

“Você já teve a sensação de ter perdido algo importante, só para descobrir que a coisa nunca existiu para começo de conversa?”