13.4.16

[Resenha #857] Enquanto Bela Dormia - Elizabeth Blackwell @editoraarqueiro @eblackwellbooks


Enquanto Bela Dormia
Elizabeth Blackwell
ISBN-10: 8580414792
ISBN-13: 978-8580414790
Ano: 2016
Páginas: 368
Editora: Arqueiro
Idioma: Português
Classificação: 5 estrelas
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Sinopse:
Nos salões de um castelo, uma confidente leal guardou por muitos anos os segredos de uma rainha linda e melancólica, uma princesa que só queria ser livre e uma mulher que sonhava com a coroa. Esta é sua história.
Ambientada em meio ao luxo e às agruras de um reino medieval, esta releitura de A Bela Adormecida consegue ser fiel ao clássico ao mesmo tempo em que constrói uma narrativa recheada de elementos contemporâneos. Nessa mescla, os dramas de seus personagens – um casal infértil, uma jovem que não aceita viver em uma redoma e uma família despedaçada pela inveja – tornam-se atemporais.
Quando a rainha Lenore não consegue engravidar, recorre aos supostos poderes mágicos da tia do rei, Millicent. Com sua ajuda, nasce Rosa, uma menina linda e saudável. No entanto, a alegria logo dá lugar às sombras: o rei expulsa de suas terras a tia arrogante, que então jura se vingar. Seu ódio se torna a maldição que ameaça a vida de Rosa. Assim, a menina cresce presa entre os muros do castelo, cercada dos cuidados dos pais e de Flora, a tia bondosa e dedicada do rei que encarna a fada boa do conto original.
Mas quando todas as tentativas de proteger Rosa falham, é Elise, a dama de companhia e confidente da princesa, sua única chance de se manter viva. E é pelos olhos dessa narradora improvável que conhecemos todos os personagens, nos surpreendemos com o destino de cada um e descobrimos que, quando se guia pelo amor – a magia mais poderosa do mundo –, qualquer pessoa é capaz de criar o próprio final feliz.


Resenha:

Conceber algo criado de maneira lógica e consistente de modo que não se afaste de algo já criado não é tarefa simples. Elizabeth Blackwell, autora de Enquanto Bela Dormia conseguiu de modo caprichado essa façanha. Simplesmente reimaginou de maneira sublime um conto de fadas já inventado e com maestria contou um história fiel a original oferendo aos leitores uma interpretação contemporânea.


A narradora dessa história chama-se Elise Dalriss e quando a conhecemos no início do enredo ela é tão somente uma senhora de avançada idade, já com seus bisnetos e possuidora de uma recordação genuína da Bela Adormecida. Uma história já vivida e acalentada em sua mente, que se vê despertada quando escuta em uma noite sua bisneta narrar a versão que todos nós conhecemos da história tão conhecida da Bela Adormecida. Para quem não sabe a história daquela princesa que dormiu por cem anos na espera do beijo do príncipe encantado. Assim, quando presencia sua bisneta envolta por suas coisas particulares, fragmentos de um passado ressurgem e ela decide por fim contar a verdadeira história da Bela Adormecida, já que ela mesma fez parte da lenda.

[...] A verdade está longe de ser história de criança [...].

A história que Elise começa a contar se inicia como qualquer outra em um lindo Era uma vez, mas no decorrer de sua narrativa nos enveredamos por uma narrativa em certos pontos angustiantes, onde nos defrontamos com uma rainha desesperada por dar um herdeiro ao rei que acaba no auge de seu desespero lançando-se nos estratagemas nada tradicionais de uma mulher traiçoeira que traz desgraça, guerra, peste e discórdia para todo um reino. Elise estava no centro de tudo, tentando a todo custo proteger e oferecer ajuda a sua amada rainha, sua princesa, bem como sua própria possibilidade de sair de um contexto repleto de sofrimento.


[...] A maioria via aquelas muralhas como proteção contra o perigo, mas eu havia reconhecido, em algum lugar nas profundezas de minha alma, que nem todas as ameaças vinham de fora [...].

Elise Dalriss nasceu e se criou em uma fazenda, mas quando a varíola levou quase todos os animais e boa parte de sua família, incluindo sua amada mãe que outrora já tinha sido costureira do palácio e queria para Elise uma vida digna, a existência de nossa protagonista dá uma guinada, e ela resolve realizar o último desejo de sua falecida mãe saindo à procura de uma ocupação no castelo real com apenas 14 anos de idade.


Ela consegue um ofício e devido a sua lealdade e energia juvenil rapidamente conquista por seus próprios méritos um lugar de destaque, tornando-se a criada pessoal da rainha, o que lhe possibilitou observar ao longo de seus anos de serviço, impasses envolvendo a família real.

Incapaz de conceber um herdeiro, a rainha Lenore pede auxílio à maquiavélica e rancorosa tia do rei, Millicent, que tem a reputação de ter capacidades mágicas. Millicent a ajuda e a rainha por fim concebe e da á luz a menina linda e saudável a qual coloca o nome de Rosa. O Rei Ranolf revoltado com todo o ar de superioridade e poder de influência que sua tia Millicent parece ter em todo de sua rainha, além de se intrometer em assuntos pessoais, acaba por expulsá-la do reino logo após o nascimento de sua filha. Mas no batizado da pequena Rosa ela retorna jogando uma maldição que atormenta a paz de todos no reino.


A Princesa Rosa acaba crescendo tanto em graça e beleza, bem como em constante vigilância e proteção no qual Elise faz parte, auxiliando em sua criação como uma boa confidente e considerando-a com uma irmã. Mas quando todas as intervenções criadas por seus pais para manter Rosa a salvo não conseguem mais surgir efeito nem mesmo para eles próprios, cabe a Elise manter Rosa viva, bem como o próprio reino a salvo de um destino fadado a mortes e devastações.


[...] Apesar de minha repulsa, permaneci enfeitiçada pela voz e Millicent, por sua presença fascinante. A corte inteira devia ter sido afetada da mesma forma, pois ninguém fez nada para detê-la [...].

Garanto a vocês que as horas de leitura valem a pena. Conhecemos profundamente Elise e sua trajetória particular. Ela não é apenas uma narradora coadjuvante, ela é fundamental para a narrativa. Toda a sua vida, suas horas de angústia e solidão, sua incertezas, amores perdidos, seus mistérios e passado, bem como seu desprendimento e bondade nos surpreende de maneira positiva. Talvez aí, consista a grande sacada do reconto do clássico criado por Elizabeh Blackewll. Ela fez de Elise muito mais que uma mera criada, ela lhe proporciona voz e vida, a tornando intima ao leitor. 




Achei uma história memorável, um romance histórico capaz de acariciar a alma, em vez de apenas uma simples história de fantasia que contamos para nossos filhos dormir. Uma narrativa repleta de intrigas, ambientado em uma atmosfera por muitas vezes sombria dentro das paredes de um castelo. Não conseguia me desgrudar a leitura e o findei com lágrimas nos olhos, realmente emocionada com a saga de uma mulher que foi leal, amiga e manteve-se fiel até o fim ao que ela acreditava e sentia. Uma leitura altamente recomendada.


O trabalho que a Editora Arqueiro teve em criar o trabalho gráfico de sua capa, com a Bela adormecida envolta por toda essa atmosfera fúnebre e sombria combina perfeitamente com a história. A diagramação está ótima, com as páginas em papel pólen e fontes em excelente tamanho convidam a todos a uma boa leitura.

[...] Enfim, minha Bela dormia [...].


Um comentário

  1. Oi, Ná!
    Adorei! Não estava lá curiosa com esse livro, mas sua resenha me conquistou muito. Com certeza vou querer ler esse livro.
    Beijão!

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