16.5.16

[Resenha #888] Lolita – Vladimir Nabokov @alfaguara_br @cialetras


Lolita
Vladimir Nabokov
ISBN-13: 9788579620560
ISBN-10: 8579620562
Ano: 2011
Páginas: 392
Editora: Alfaguara
Classificação: 5 estrelas
Skoob
Compre: Saraiva

Sinopse:
Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos. A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.



    Lolita é, sem dúvidas, um dos livros mais difíceis que eu já tive que resenhar. É muito complicado falar de um livro que possui tantos elementos textuais complexos para serem analisados e, ao mesmo tempo, uma trama tão envolvente e chocando, com um narrador não confiável e uma personagem que, apesar de ter seu nome no título, é totalmente objetificada e sem voz. 





    Bom, vou começar apresentando a trama (se é que existe alguém que não sabe do que essa história se trata): o livro é narrado por Humbert Humbert, um professor que deve ter por volta de 40 anos e que está sendo julgado por assassinato (cuja vitima permanece em segredo até as últimas páginas do livro). Humbert nos conta sua história de dentro da prisão. Ele nos revela sua paixão avassaladora por Dolores Haze, uma menina de 12 anos a quem ele chama Lolita.




    Porém, Lolita não foi a única CRIANÇA por quem Humbert se apaixonou. Logo nas primeiras páginas, o narrador nos revela seu gosto por meninas com menos de 15 anos, aproximadamente. Humbert também nos explica o que são as ninfetas e como elas são culpadas por causarem nele tamanho desejo:


“Entre os nove e os catorze anos de idade, ocorrem donzelas que, a certos viajantes enfeitiçados, duas ou muitas vezes mais velhos que elas, revelam sua verdadeira natureza que não é humana, mas nínfica (isto é, demoníaca); e essas criaturas predestinadas proponho designar como “ninfetas”.” p. 21


As coisas começam a ficar mais complicadas quando Humbert se casa com Charlotte Haze apenas para poder ficar mais perto de sua filha, Lolita. Afinal, como padrasto da garota, ele poderá tocá-la, acariciá-la e tentar outras coisas. Porém, para saber o resto da história, vocês terão que ler (e tem muita história pela frente).


“Tomávamos highballs antes de nos deitarmos e, com a ajuda deles, eu conseguia evocar a filha enquanto acariciava a mãe.” p. 91

     Agora, vamos para os comentários: Apesar das mais diversas interpretações que são feitas de Lolita, para mim, essa é uma história de pedofilia. Por que não importa que Lolita fosse uma menina bela e sedutora, ela continua tendo 12 anos, ela continua sendo uma criança. Ao contrário de Humbert que é um homem de meia idade e sabe muito bem o que está fazendo.





    Lolita é uma personagem sem voz. Nós passamos o livro todo sem saber o que ela pensa ou se ela entende o que está acontecendo. Apesar das constantes tentativas de parecer inocente, Humbert entrega sua verdadeira identidade em vários momentos do livro, mostrando-nos que ele tem total consciência de que o que ele faz é errado.


“Senhoras e senhores do júri, a maioria dos criminosos sexuais que anseiam por alguma relação latejante, envolta em doces gemidos, física mas não necessariamente coital, com uma menina, é de homens estranhos e inócuos, inadequados, passivos e acanhados, que só esperam da comunidade que lhes permita prosseguir com seu comportamento tido como aberrante mas praticamente inofensivo, seus pequenos, quentes e úmidos atos secretos de desvio sexual, sem que a polícia e a sociedade caiam sobre eles. Não somos monstros sexuais!” p. 104




    O livro é denso, com ritmo lento e algumas passagens são bem cansativas. Porém, a escrita magistral de Nabokov te pega pela mão e te carrega página após página. É quase impossível parar de ler e, mesmo quando não estamos lendo, estamos pensando. Essa edição da Alfaguara está absolutamente linda, as folhas são amareladas e o tamanho das letras é agradável. Lolita não é um livro fácil de ler. Então, se você for se arriscar, tenha paciência e aproveite ao máximo a leitura.



6 comentários

  1. Priscila, voce realmente domina a arte da resenha. Fiquei com vontade de ler. Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Eu quero muito ler esse livro, mas confesso que não sei se conseguiria... a temática é tão apreensiva ao ponto de me deixar desconfortável (acredito eu). Mas sua resenha me deixou com uma curiosidade ainda maior! Abraços!

    ResponderExcluir
  3. Eu adorei a resenha e fique bem curiosa pra saber mais.
    Acredito que realmente tenha sido difícil resenhar algo assim, espero ler.

    ResponderExcluir
  4. Oi Priscila ^^
    Faz muuuuuito tempo que desejo ler Lolita mas ainda não tive oportunidade de adquirir. Vi o remake acho que da década de 90 e lembro de ficar horrorizado com o que eu estava vendo, Humbert é sim um pedófilo; Lolita está - claro - numa idade com os hormônios a flor-da-pele mas ele justificar o fato dessa idade atiçar o lado demoníaco dele é imperdoável, vai saber se a Lolita fez mesmo tudo por livre e espontânea vontade, deveria ter a versão dela da história.
    Enfim, muitas pessoas acham o livro pesado e nem querem apostar na leitura. Eu já quero, quero entender um pouco ou imaginar como funciona a mente de um pedófilo.
    Parabéns pela resenha, girl. :*

    ResponderExcluir
  5. Uma leitura forte e desconsertante. Não foi fácil para mim ler Lilita, mas no final valeu a pena. Excelente resenha amiga!

    ResponderExcluir

© BLOG ROTINA AGRIDOCE- TODOS OS DIREITOS RESERVADOS | Design e Programação por MK DESIGNER E LAYOUTS