2.6.16

[Resenha #904] O Ladrão do Tempo - John Boyne @cialetras


O Ladrão do Tempo
John Boyne
ISBN-13: 9788535923780
ISBN-10: 8535923780
Ano: 2014
Páginas: 568
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Compre: Saraiva


John Boyne tornou-se um escritor célebre no mundo inteiro depois do estrondoso sucesso de seu romance O menino do pijama listrado, mas agora o leitor brasileiro tem finalmente o privilégio de conhecer O ladrão do tempo, livro que deu
início à brilhante carreira do autor irlandês.
O ano é 1758 e Matthieu Zela resolve abandonar Paris e fugir de barco para a Inglaterra, depois de ter testemunhado o assassinato brutal da mãe pelo padrasto. Apenas um garoto de quinze anos na época, ele leva consigo o meio-irmão caçula, Tomas, criança que se vê impelido a proteger. Começando com uma morte e sempre em busca de redenção, a vida de Zela é marcada por uma característica incomum: antes que o século XVIII acabe, ele irá descobrir que seu corpo parou de envelhecer. Sua aparência é de um homem de cinquenta anos, mas o tempo passa e seu físico continua imutável. Ele simplesmente não morre e não faz ideia de qual seja a razão para que isso ocorra.
Ao final do século XX, ele resolve olhar para o passado e rememorar sua experiência de vida, incomparável à de qualquer outro ser humano. Da Revolução Francesa à Hollywood nos anos 1920, da época das Grandes Exposições à quebra da Bolsa de Nova York, Zela transitou por inúmeros lugares, exerceu diversas profissões e conheceu pessoas notáveis, além de ter se apaixonado por muitas mulheres. Mas, mesmo séculos depois, ele continua certo de que seu verdadeiro amor foi Dominique Sauvet, uma jovem que conheceu no barco que tomou com o irmão para escapar da França. O trio se uniu para começar a nova vida na Inglaterra e Matthieu se viu totalmente encantado por Dominique.
Com uma trama absolutamente instigante de amor, morte, traição, oportunidades perdidas e esperança, John Boyne já anunciava neste primeiro romance o seu talento inconfundível de exímio contador de histórias.



Todo mundo já ouviu falar do John Boyne devido ao seu grande sucesso: O menino do pijama listrado. Dentre as fantásticas obras do Boyne está O ladrão do tempo, obra que vou tentar retratar da melhor forma para vocês. Esse é o primeiro romance do autor e é tão bom quanto eu imaginava que fosse, eis o porquê...

Como vocês podem notar pela sinopse, Matthieu Zéla tem uma peculiaridade: ele não envelhece. Depois de ter vivido por mais de dois séculos sua aparência continua a mesma de quando parou de envelhecer – aproximadamente aos 50 anos. O livro basicamente vai retratar a história de Matthieu, os altos e baixos da sua vida.


“Eu não morro. Apenas fico mais e mais velho. [...] Acredito há muito tempo que a aparência é a mais enganosa das características humanas e fico feliz por ser a prova viva da minha teoria.” Pag 8.



Bem, antes de falar sobre a história, eu devo evidenciar alguns pontos em relação ao enredo, personagem e escrita do autor. Esse é um livro muito diferente do que você encontra por aí; primeiro porque o enredo não segue a linearidade a qual estamos acostumados. Somos bombardeados com as diversas histórias vivenciadas por Matthieu ao longo da sua vida, ora durante sua infância e adolescência, ora durante um passado distante ou mais próximo, ora no presente. A leitura pode parecer um pouco “quebrada” no início, mas depois o leitor pega o ritmo do autor. Já o personagem... ah, ele é maravilhoso! Posso até mesmo dizer com convicção que foi um dos melhores personagens que já encontrei na literatura; o Matthieu parece extremamente real, ele tem uma personalidade muito forte, é muito irônico – o que me fez rir bastante durante diversas partes do livro – e foi muito bem construído ao longo da narrativa. E por falar na narrativa... a escrita do autor é excelente! O Boyne conseguiu me surpreender com sua destreza e construção do personagem; a história remete a diversos fatos históricos em que o personagem teve algum papel importante. 


O livro é narrado em primeira pessoa, o protagonista parece ter uma relação íntima com o leitor e isso fica bastante evidente. Por se tratar de diversas histórias contadas ao longo do livro as personagens secundárias não são tão marcantes, com exceção daquelas que tiveram um impacto direto na vida do Matthieu, como podemos citar a Dominique e o Tommy.





Como foi dito, somos apresentados a diversas histórias. Matthieu conta da sua infância, fala sobre sua família e todos os eventos que resultaram na jornada “às cegas” com seu meio-irmão, Thomas e o inesperado encontro com Dominique, a qual foi o seu primeiro – e maior – amor. A vida do Matthieu mudou a partir do momento que ele conheceu Dominique, e as consequências desse amor perduraram durante toda a sua vida.


“Eu precisava que ela me amasse ou que simplesmente não existisse, e eu a odiava por ela não conseguir fazer nem uma coisa nem outra. Ainda assim, eu não conseguia conceber um mundo no qual ela não fizesse parte. Eu mal me lembrava da minha vida antes de Dominique fazer parte dela.” Pag 167


Em relação ao Thomas, ele era um garotinho que, assim como o irmão teve de enfrentar muitas coisas na vida. A sua linhagem, os sobrinhos de Matthieu, foi sentenciada a uma vida curta e difícil, fato que o Matthieu teve que presenciar por toda a sua vida e sempre se sentia responsável, por mais que não pudesse mudar o destino dos mesmos. No presente do Matthieu nós acompanhamos a sua jornada como acionista de uma grande emissora e também o seu relacionamento com Tommy, o sobrinho viciado em drogas e astro da televisão.


O ladrão do tempo é um livro grandioso. As histórias se tornam extraordinárias contadas pelo ponto de vista do personagem e a leitura é tão fluida e viciante que é difícil para de ler. O autor mostrou ter realmente um talento nato para a escrita e essa é uma obra que vale muito a pena ler. A edição está linda, a capa segue bem o estilo John Boyne e a diagramação está perfeita.


“No fim, todas as histórias e todas as pessoas se fundem em uma só.” Pag 556



Um comentário

  1. sempre quis comprar esse livro e ficava meio em dúvida, depois de ler sua resenha já sei que vale a pena! Acho que esse livro e "o pacifista" são os que faltam eu ler de John Boyne... Bjs!

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