14.6.16

[Resenha #916] As Virgens Suicidas – Jeffrey Eugenides @cialetras


As Virgens Suicidas
Jeffrey Eugenides
ISBN-13: 9788535922196
ISBN-10: 8535922199
Ano: 2013
Páginas: 232
Editora: Companhia das Letras
Classificação: 4 estrelas
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Sinopse:
Num típico subúrbio dos Estados Unidos nos anos 1970, cinco irmãs adolescentes se matam em sequência e sem motivo plausível. A tragédia, ocorrido no seio de uma família que, em oposição aos efeitos já perceptíveis da revolução sexual, vive sob severas restrições morais e religiosas, é narrada pela voz coletiva e fascinada de um grupo de garotos da vizinhança. O coro lírico que então se forma ajuda a dar um tom sui generis a esta fábula da inocência perdida. Adaptado ao cinema por Sofia Coppola, publicado em 34 idiomas e agora em nova tradução, o livro de estreia de Jeffrey Eugenides logo se tornou um cult da literatura norte-americana contemporânea. Não por acaso: essa obra de beleza estranha e arrebatadora, definida pela crítica Michiko Kakutani como "pequena e poderosa ópera no formato inesperado de romance", revela-se ainda hoje em toda a sua atualidade.



    Cecilia, Lux, Bonnie, Mary e Therese ou, simplesmente, as irmãs Lisbon, têm treze, catorze, quinze, dezesseis e dezessete anos, respectivamente. As meninas são lindas e enigmáticas, filhas de pais conservadores e que anseiam por vidas mais agitadas, como é de se esperar para a idade.





    No entanto, seus pais não permitem que elas vão a festas ou usem roupas que eles consideram indiscretas e suas rotinas giram em torno da escola e da igreja basicamente. Todo esse excesso de cuidados faz com que muitos garotos se interessem pelo mistério que envolve as meninas Lisbon e esse clima de mistério só aumenta quando a primeira e mais jovem Lisbon, Cecilia, se mata.


    Depois da morte de Cecilia e de outros acontecimentos, a vida das outras quatro irmãs piora ainda mais, de forma que elas quase nunca saem de casa. A história é narrada na primeira pessoa do plural, por um grupo de garotos que, sem dúvida, eram as pessoas mais encantadas pelas meninas Lisbon. Os garotos nutrem uma ilusória paixão pelas meninas e acompanham sua lenta degradação.




  A narrativa é muito intrigante e detalhista, de forma que podemos sentir os cheiros, tocar e ver a casa dos Lisbon, admirar as raras aparições das meninas e sonhar com a libertação das mesmas. A riqueza de detalhes que o autor utiliza para descrever a casa dos Lisbon ao longo dos dias é inacreditável.

A imagem é vívida em nossa imaginação e conseguimos ver a sujeita e o limo se acumulando, a poeira nas janelas, o cheiro azedo que vem da casa, como se a tristeza e a dor se alimentassem do local. Os Lisbon se entregam, deixam de viver para apenas sobreviver, trancados em casa, na penumbra e na sujeira.


“De cinco, as meninas se reduziram a quatro, e todas elas – as vivas e a morta – estavam se tornando sombras.” p. 174

    Logo na primeira página, já sabemos o fim da história e isso só aumenta nosso desejo por saber como se deu esse fim. E os narradores nos conduzem em uma investigação minuciosa que percorre cada passo dado pelas meninas Lisbon, cada objeto adorado, cada mania, cada desejo, cada atitude, em busca de pistas que expliquem os suicídios. Porque meninas tão jovens e belas dariam fim às próprias vidas?




As teorias são inúmeras e nós, leitores, acabamos criando nossas próprias teorias. Além de objetos e acontecimentos, os meninos também nos apresentam entrevistas e, aos poucos, vamos conhecendo cada detalhe que cercava a vida dos Lisbon.


“Para a maioria das pessoas, o suicídio é como uma roleta russa. A arma tem apenas uma bala. No caso das meninas Lisbon, estava totalmente carregada. Uma bala para abusos domésticos. Uma bala para predisposição genética. Uma bala para mal-estar histórico. Uma bala para ímpeto inevitável. As outras duas balas são impossíveis de nomear, mas isso não significa que não estivessem ali.” p. 230

    Porém, em nenhum momento, conhecemos as próprias irmãs Lisbon. Elas são coadjuvantes de suas próprias histórias. Conhecemos o pai, a mãe, as amigas, o namorado e os vizinhos, mas, em nenhum momento conseguimos compreender como as meninas realmente eram, o que pensavam, o que sentiam e o que desejavam. O livro só termina quando a última irmã se mata, e nós terminamos assim como os meninos narradores, com um monte de informações, mas, sem nenhuma conclusão, apenas tentando lidar com o peso da ausência das meninas.



    Essa edição da Companhia das Letras está belíssima, a diagramação está ótima, as folhas são amareladas e o tamanho das letras é agradável. Não é um livro fácil de ler por conta da linguagem e da narrativa minimalista do autor. Portanto, o trabalho da editora é essencial para tornar o livro menos maçante e, em minha opinião, a Companhia das Letras conseguiu fazer isso. Por fim, gostaria de recomendar o filme que também é muito bom e muito coerente com a história contada no livro.



2 comentários

  1. Gostei muito desse livro, me deixou curiosa desde a primeira folha, como você disse! bjs...

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  2. Olá Priscila, tudo bem?
    O livro parece ser interessante e com uma história bem densa. Não sei se leria, pois histórias assim não costumam me cativar. Creio que pra quem curte o gênero seja uma ótima pedida.
    Bjus
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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