24.7.16

[Resenha #974] O Gigante Enterrado - Kazuo Ishiguro @cialetras


O Gigante Enterrado
Kazuo Ishiguro
ISBN-13: 9788535925975
ISBN-10: 853592597X
Ano: 2015
Páginas: 396
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Submarino

Sinopse:
Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova - será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une?
Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, "O gigante enterrado" fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.



Resenha:

 Me apaixonei pela escrita do Kazuo Ishiguro quando eu li Não Me Abandone Jamais. Não contive a minha ansiedade e resolvi solicitá-lo no exato momento em que eu lembrei de como fiquei extasiada com o primeiro contato que tive com o autor.


O Gigante Enterrado se passa na Grã-Bretanha, logo após a queda do Rei Arthur. Muitas ameaças rondam a região, mas creio que a pior delas é uma névoa que provoca esquecimento nas pessoas. Além disso, apenas a probabilidade de serem atacados por ogros e outras criaturas mágicas deixa os moradores inquietos.


É nesse contexto que conhecemos os personagens Axl e Beatrice, um casal de idosos que partem para uma longa jornada em busca do filho. Okay, não parece ser tão difícil assim não fosse um detalhe: eles não se lembram do filho. Nem da aparência, o último contato que tiveram com ele, muito menos o seu paradeiro. Tudo o que eles têm são pequenos indícios.


É claro que, durante essa busca, o casal também procurará meios de acabar com a névoa. As memórias vêm e vão e não há um único personagem que possua a memória intacta. Vocês conseguem perceber o quanto isso é desesperador? Na viagem, os protagonistas conhecem Winstan e o menino Edwin, personagens que, aparentemente, são a resposta para o fim da névoa.


Kazuo Ishiguro conseguiu em O Gigante Enterrado fazer algo que eu adoro em livros de ficção: tratar temas dolorosos de uma forma mais leve (leve, não menos difícil). A fantasia se faz interessante a partir do momento em que ele traz uma personalidade negativa para os seres míticos, que é algo que não estamos nem um pouco acostumados. O plano de fundo e os personagens em si são uma grande metáfora para a luta que temos para mantermos nossas memórias intactas.


Apesar de possuir a narrativa lenta em alguns momentos (acho que é daí que vem a comparação com Martin e Tolkien rsrsrs), e não haver, de fato, uma reviravolta mirabolante, o livro não perde sua maestria. É uma história cheia de significados e cada personagem traz algo marcante dentro de si. O Gigante Enterrado é daqueles tipos de livro que devem ser saboreados, pouco a pouco, e deixados ali, para ser consultado sempre que preciso.




Um comentário

  1. Sempre quis ler esse livro, parece muito bom! A edição está linda! bjs

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