28.6.17

[Resenha #1231] Os Desaparecidos - Kim Echlin @alfaguara_br


Os Desaparecidos
Kim Echlin
ISBN-13: 9788579620126
ISBN-10: 8579620120
Ano: 2010
Páginas: 236
Editora: Alfaguara
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Os desaparecidos é um romance comovente sobre uma mulher que fará de tudo para encontrar seu verdadeiro amor. Anne Greves é apenas uma adolescente quando se apaixona por Serey, um jovem cambojano que deixou seu país para escapar do massacre da guerra civil. Ao seu lado, ela conhece pela primeira vez o amor. Mas, assim que as fronteiras do Camboja voltam a se abrir, Serey parte em busca da família desaparecida. E ele mesmo acaba por sumir sem deixar vestígios.
Anos mais tarde, sem conseguir esquecê-lo, Anne decide fazer uma longa e perigosa jornada à sua procura. Cruzando cidades corruptas e violentas, incerta sobre o futuro de Serey, ela fará amigos dispostos a seguir ao seu lado até o fim.




Resenha:

A história se situa em Montreal e no Camboja, na década de 1970, no época do massacre promovido pelo regime do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, no Camboja. E qualquer manifestação de discordância era suprimida com a morte. Sabemos que regimes totalitários trazem os horrores da violência, morte, e desolação. Os Desaparecidos é uma história de amor, guerra, traição e verdade.




Anne Greves é uma estudante de 16 anos que vive em Montreal com seu pai, um ex-marinheiro Engenheiro desenvolvedor de próteses para pernas. Durante um show, ela conhece Serey, um refugiado do Camboja de 21 anos, ele é monitor de Matemática e vive a mais de 4 anos em Montreal sem nenhuma notícia de sua família. Foi amor imediato entre Anne e Serey, ele segurando seu violão cantando canções de blues, encantou Anne. Logo, o relacionamento entre eles cresceu, e passavam quase o tempo todo juntos. 

"O que partilhávamos era tão simples. Lembro de ter pensado, Me sinto tão desperta."






O casal promete nunca se separar, mas o idílio é destruído quando Serey deixa Anne para retornar ao Camboja em busca de sua família, quando a fronteira é reaberta. Serey se recusa a levá-la e, na década seguinte, ela não ouve nada, apesar das repetidas tentativas de contato. Resoluto em seu amor, e ignorando a desaprovação de seu pai, Anne viaja para o Camboja para encontrar Serey.

"Por que algumas pessoas vivem vida confortáveis e outras vivem vidas cheias de horror? Que parte de nós mesmos descartamos de modo a continuar a comer enquanto outros passam fome? Se mulheres, crianças e idosos estivessem sendo assassinados a uma centena de quilômetros daqui, não correríamos para ajudar? Por que bloqueamos essa decisão do coração quando a distância é de cinco mil quilômetros em vez de cem?"

Buscando Serey no meio do caos é como procurar uma agulha no palheiro, mas, contra todas as probabilidades, ela o encontra e seu amor floresce de novo. Poderia ser um final feliz, mas este é o Camboja, um país destruído pela guerra, que ainda tenta se recuperar. 





Kim Echlin captura a beleza e o horror do Camboja em igual medida. O amor e a morte pulsam através de suas páginas, entrelaçadas. A narração leva todo o horror e incorpora-a dentro da intensa perda que uma pessoa sente. As vistas e os sons do Camboja se sentem tão reais e as histórias da crueldade que ocorreram foram piores do que qualquer coisa que se pode imaginar. Quando leio esses livros sobre genocídio e revolução e violência, sempre me sinto aflita. Por um lado, penso como alguém poderia fazer isso? E, por outro lado, admiro que a vida não seja assim em todos os lugares, que conseguimos encontrar uma paz frágil em alguns lugares do mundo.



Os Desaparecidos é uma história dolorosamente bonita sobre o amor, sobre lembrar a individualidade daqueles perdidos, sobre como as pessoas que ficaram para trás, que perderam seus entes queridos, carregam suas vidas dentro delas, como elas vivem em suas memórias. Isso me devastou e me deixou sentindo que eu mesmo estava experimentando uma perda. Este livro é um retrato brilhante de um romance que transcende os limites da raça, dos continentes, da desumanidade e da guerra, e prova ser surpreendente. E não é um livro fácil de ler, mas a escrita da autora é lírica e cheio de imagens poderosas, Kim Echlin conseguiu algo admirável. Ela capturou a universalidade do sofrimento, da perda e da guerra, mas, ao mesmo tempo, trouxe à vida a história de um país que não estamos familiarizados nem interessados. Recomendo. 


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