As Sombras de Longbourn
Jo Baker
ISBN-13: 9788535923964
ISBN-10: 8535923969
Ano: 2014
Páginas: 456
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 3 estrelas
Sinopse: Admiradora de Jane Austen, a romancista Jo Baker perguntava-se quem seriam aquelas presenças pontuais e quase inumanas que serviam à mesa ou entregavam um recado para os personagens de Orgulho e preconceito, um dos romances mais recontados em versões literárias desde a sua publicação, há duzentos anos. Por trás de cada descrição da toalete das irmãs Bennet havia certamente o trabalho de uma criada, e cada refeição servida implicava uma cozinheira, um mordomo para servi-la. Qual seria a história não contada desses personagens? “As Sombras de Longbourn” é o romance dessas figuras invisíveis. Sob o comando da governanta e cozinheira sra. Hill, trabalham Sarah e Polly, duas jovens trazidas de um orfanato quando ainda eram crianças para trabalhar na casa. O mordomo idoso, sr. Hill, serve à mesa e divide a administração da casa com a sra. Hill. Os quatro formam um pequeno exército de empregados que labuta dezoito horas por dia para que a família Bennet goze do máximo conforto possível. A chegada de James Smith, um jovem lacaio recém-contratado, irá movimentar o andar de baixo da casa, revelando antigas tensões entre empregados e patrões.
Resenha:
Quando li a sinopse de As Sombras de Longbourn, da autora Jo Baker, publicado pela editora Companhia das Letras eu não hesitei em querer lê-lo, afinal a Inglaterra no século XIX tem grande fascinação em quem vos escreve!
No condado Hertfordshire, em Longbourn, Sarah é uma empregada da família Bennet desde que seus pais faleceram, embora seja dedicada ao seu trabalho que a toma o dia inteiro não deixa de sonhar em conhecer o mundo, especialmente Londres. Após a chegada de um novo empregado em uma casa vizinha, ela passa a nutrir mais do que sonhos, assim desejos e atitudes sobre o que ela deve fazer para ir além dos muros da casa começam a nascer dentro de sua alma.
Inspirado diretamente na obra Orgulho e Preconceito ocorre ao mesmo tempo que a mesma, entretanto acompanhamos os acontecimentos sob a perspectiva dos empregados da família Bennet. Este dado porém não chegou ao meu conhecimento antes que eu começasse o livro, logo eu acredito que não ter lido Orgulho e Preconceito faz com que eu perca uma parte da beleza da estória. Sim eu assisti ao filme, mas honestamente fazem muitos anos e me lembro pouco. Acredito que quem tenha lido o livro deva aproveitar o livro muito mais.
Sarah é uma jovem muito inocente que sonha com lugares melhores porque sofre na casa em que está, não por maus tratos como era comum na época, porque tanto a família Bennet como os demais empregados a tratam bem, mas pela dureza de seu trabalho que maltrata o corpo e cansa seu espírito. Logo ela sempre sonha em conhecer outras cidades, entretanto com o passar do tempo ela começa a questionar se seu sonho é algo belo apenas em sua mente.
O casal Hill são os empregados mais velhos, a Sra. Hill é a governanta, e tenta ter controle completo de tudo que acontece na casa, e com Sarah e Polly. Ela as tem como filhas, e tenta sempre transmitir o melhor para ambas. O Sr. Hill já está velho e doente, por conta disto acaba sendo substituído em algumas funções por um novo funcionário, James, um jovem misterioso que se mostra muito prestativo mas que desperta sentimentos estranhos em Sarah.
James tem segredos em seu passado, mas os guarda fundo, tentando ser o mais discreto e calado possível. Este comportamento desperta em Sarah desconfiança e ao mesmo tempo mais atenção do que o normal dela por ele. Este casal até desperta alguma torcida, mas em geral é um pouco passivo demais.
A família Bennet aparece como coadjuvantes, são muito citados e tudo orbita ao redor deles, mas pouco sabemos do que realmente está acontecendo com eles, isto porque já está detalhado em Orgulho e Preconceito, e tudo sobre eles é como espiar pela fresta de uma porta. Mesmo assim conseguimos perceber que a família trata bem os empregados e tem consideração pelos mesmos.
A narrativa em terceira pessoa de Baker é muito similar a de Austen, embora não tenha lido Orgulho li no mês passado Razão e Sensibilidade. Ambos tem ritmo lento, focados no dia a dia dos personagens, sem grandes ações ou eventos. Ambos livros não fluem, sua leitura é demorada e as vezes um pouco cansativa, pois ela detalha bastante o trabalho dos empregados, e bom trabalho doméstico não é um tema muito interessante de ler não é? Mas Baker é um pouco mais descritiva do que Austen, o que nos possibilita uma melhor perspectiva do ambiente.
A ideia de Jo de criar está estória em cima de uma dos livros mais aclamados do gênero é muito interessante, e arriscada, mas pensando na obra de Austen acredito que ela tenha sido bem sucedida. Mas para gostar de uma você deve ter gostado de Austen, não porque uma foi inspirada na outra, mas porque elas trabalham o mesmo clima intimista da vida caseira da época.
As Sombras de Longbourn é agradável pelo seu cenário, mas não inspirou tanto com sua estória. Não tem exatamente problemas salvo seu ritmo lento, e possivelmente deva agradar muito pessoas que gostem deste estilo narrativo. Sigo insistindo nestes livros porque na pior da hipóteses são páginas em mais páginas na Inglaterra, e isso jamais vai ser de todo ruim rs!
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