1.6.18

[Resenha #1627] Uma janela para o céu - Marina Machado @NovoSeculo


Uma janela para o céu
Marina Machado
Ano: 2017
Páginas: 285
Idioma: Português
Editora: Novo Século (Coleção Talentos da Literatura Brasileira)
Classificação: 4 estrelas
Skoob
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SINOPSE: Julyana Barocci é o perfeito retrato da mulher contemporânea: ela é determinada, bem-sucedida e tem o emprego dos sonhos. Agora, aos 35 anos, percebe que conquistou tudo o que queria. Bem, quase tudo. Quando o assunto é relacionamentos, o retrato não é tão fiel assim. Em Uma janela para o céu, Julyana narra com bom humor suas aventuras e inseguranças na busca por seu par ideal. Com o súbito aparecimento de seu pai desconhecido, ela descobre os fatos que a fizeram se separar do único namorado a quem amou de verdade – e de quem ficou separada por vinte anos.Essa visitinha do passado veio para esclarecer questões mal-resolvidas ou para complicar a vida de Julyana de vez?


RESENHA: 

Em Uma janela para o céu, da autora brasileira Marina Machado, conhecemos a inacreditável Julyana Barocci. Ela tem o trabalho dos sonhos, estabilidade financeira e luta diariamente para conseguir o que deseja. Mas, se já não bastasse toda a neura envolvida por ter 35 anos, ela encontra seu atual namorado com uma amante, e começa a se perguntar o que está fazendo de errado para sua vida amorosa estar tão perdida. 




“Não acredito em revistas e amores à primeira vista. Sou incrédula quando o assunto é par perfeito.” (pág. 22)
“O passado é uma parte do tempo que optei por deixar em um baú perdido no sótão. Sempre quis evitar lembranças. Todavia, não há como fugir, e não há outra coisa a fazer a não ser abrir o baú da minha vida obscura, cheia de interrogações e descompassos.” (pág. 62)
“A verdade é que na maioria das vezes não somos capazes de ver o que está à nossa frente, ou ainda podemos enxergar o que não existe...” (pág. 77)
“Opte por aquilo que te faz vibrar.” (pág. 82)
“Ah, o que seria de nós se não fosse a esperança. Nossa cabeça trabalha sempre para enxergarmos uma estrela cadente, ou uma luz no fim do túnel e desviar do buraco negro que, às vezes, quer nos engolir.” (pág. 97)
E as dificuldades só estão começando, porque July se encontra pela primeira vez com seu pai biológico e descobre que grande parte da sua vida foi uma grande mentira. Sem rumo no amor e com dúvidas sobre quem é de verdade, ela decide visitar o passado. Essa parte do tempo estagnada em sua memória traz à tona o paradeiro de Lucas, o único homem que amou de verdade. O problema é que o tempo passou para os dois e, às vezes, é preciso viver o presente. 


“Para ser feliz, não há um cronograma ou receita, é errar para acertar.” (pág. 167)
“A vida passa rápido demais, por isso é importante sonhar, errar, acreditar e amar, em toda as fases. Estou com 35 anos e sinto que perdi muita coisa.” (pág. 180)
“A mágoa e o rancor são sentimentos corrosivos que devem ser curados.” (pág. 200)
“Aprecio o duradouro; efêmero para mim só fragrância de perfume.” (pág. 218)
“O apego ao passado e ao futuro nos prejudica e nos faz regredir ou estagnar.” (pág. 237)
“Dá para dissecar a personalidade de uma pessoa só analisando as preferências literárias.” (pág. 249)
“Então, passado é passado. Não devemos remoer, pois ele pode contaminar o presente. Temos que tirar proveito, enxergar o lado bom, novas possibilidades e seguir em frente.” (pág. 263) 
O livro é curto e a leitura é muito gostosa. A autora tem uma escrita fluída, com algumas palavrinhas difíceis aqui e ali, mas nada que interfira na compreensão. Ela também traz muitos trocadilhos e referências culturais relacionadas a filmes e séries, como Twilight (Crepúsculo, 2008) e The Walking Dead (2010-atualmente), e músicas, como Bon Jovi e Maroon 5. Sem contar que a autora inseriu mensagens de texto e e-mails ao longo do livro, um recurso que eu aprecio muito, não só porque mostra que a modernidade da nossa realidade pode ser inserida na literatura, mas também porque conseguimos ter visões diferentes da história. 


Temos uma ambientação brasileira que percorre lugares como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Inclusive, o título é uma fofa referência a um lugar conhecido como Janela do Céu, que fica no Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais, que é comentado e visitado por Julyana.  A autora também descreve alguns lugares dos Estados Unidos, como Los Angeles, o que traz um ar hollywoodiano para grande parte da história. Lugares, costumes e rotinas dos americanos, de tudo um pouco.

A narração é em primeira pessoa e fica por conta da Julyana Barocci, personagem que é a alma do livro. Ela é muito engraçada, tem o pensamento rápido e, por isso, solta várias pérolas. Quando falo que Julyana é a alma do livro, é porque tudo o que ela faz e fala é muito autêntico. A personagem principal não foi construída apenas para representar uma mulher perfeita, super independente e com a certeza da vida. Pelo contrário, ela comete muitos erros e demonstra ser como qualquer mulher na casa dos 30 anos. Suas iniciativas são imprevisíveis, o que torna tudo um grande ponto de interrogação: o que ela fará agora? 


Durante o livro, ela não está apenas em busca de uma pessoa para chamar de sua. Pelo contrário, falar que sua busca é apenas pelo amor seria errado. Julyana quer o autoconhecimento que sente nunca ter encontrado. Ela quer entender sua família, as decisões que foram tomadas por ela, o modo como vive e trabalha e, também, entender os motivos que a tornam uma mulher solitária. No meio do caminho, ela encontra Lucas, seu namorado da adolescência, mas também o Daniel, um homem de negócios. De pouquinho em pouquinho, com a ajuda das amigas e de seu próprio conhecimento de vida, Julyana vai descobrindo quem se tornou. 

As suas melhores amigas, Paola e Alice, são um belo complemento da personalidade de July. Elas são entusiasmadas, leves e ansiosas. A única coisa que me deixou triste foi perceber que muitas das conversas que elas tiveram ao longo do livro se tratavam apenas de homens. É claro que não foram todas, mas a grande maioria discutia a vida sexual delas ou os relacionamentos amorosos da July. Gostaria de ter lido a abordagem de outros assuntos, por exemplo, sobre as famílias de cada uma, ou coisas mais banais, como hobbies. 

Recomendo o livro para todos os leitores que estão em busca de uma história divertida, com uma protagonista autêntica e independente, que volta ao passado em busca do seu autoconhecimento. Julyana é imprevisível, ansiosa e está vivendo um momento da vida em que é necessário rever algumas atitudes e esquecer outras. Aposto que ela tem um pouquinho de você!




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