3.9.18

[Resenha #1645] Dentes de Dragão - Michael Crichton @EditoraArqueiro


Dentes de Dragão
Michael Crichton
ISBN-13: 9788580418446
ISBN-10: 8580418445
Ano: 2018
Páginas: 304
Idioma: Português
Editora: Arqueiro
Classificação: 4 estrelas
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SINOPSE: Mihael Crichton, autor da obra que deu origem ao lendário filme Jurassic Park, volta ao campo da paleontologia neste livro recém-descoberto, uma aventura emocionante ambientada no Velho Oeste durante a era de ouro da caça a fósseis.Com ritmo perfeito e enredo brilhante, Dentes de Dragão é baseado na rivalidade entre personagens reais. Com uma pesquisa meticulosa e imaginação exuberante, será transformado em minissérie pelo canal National Geographic com a Amblin Television e a Sony Pictures.Desde Jurassic Park, nunca foi tão perigoso escavar o passado.Em 1876, no inóspito cenário do Oeste americano, os famosos paleontólogos e arquirrivais Othniel Marsh e Edwin Cope saqueiam o território à caça de fósseis de dinossauros. Ao mesmo tempo, vigiam, enganam e sabotam um ao outro numa batalha que entrará para a história como a Guerra dos Ossos.Para vencer uma aposta, o arrogante estudante de Yale William Johnson se junta à expedição de Marsh. A viagem corre bem, até que o paranoico paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade.William, então, é forçado a se unir ao grupo de Cope e eles logo deparam com uma descoberta de proporções históricas. Mas junto com ela vêm grandes perigos, e a recém-adquirida resiliência de William será testada na luta para proteger seu esconderijo de alguns dos mais ardilosos indivíduos do Oeste.




RESENHA: 

Em Dentes de Dragão, do autor Michael Crichton, somos convidados a visitar New Haven, em 1875. William Johnson tem dezoito anos, estuda na prestigiosa Universidade de Yale e é o típico adolescente mimado que não sabe valorizar o dinheiro da família. Apesar de ser um bom aluno, Johnson não se importa com as Guerras Indígenas que estão acontecendo e não sente empatia pelo próximo. Por conta de uma aposta com seu arquirrival, o também estudante Harold Marlin, nosso protagonista mente dizendo que é fotógrafo e entra para o grupo de estudantes que o professor paleontólogo Othniel C. Marsh levará para o Oeste, numa expedição de três meses a procura de fósseis de dinossauros. 
“O mais natural seria achar que as vítimas da injustiça pensariam duas vezes antes de repetir a mesma injustiça com alguém; mas elas o fazem sem nenhum pudor.” (pág. 59)
“(...) não há sorte que dure para sempre.” (pág. 65)
Munido com equipamentos fotográficos, armas e paciência, Johnson logo percebe que a viagem para o Oeste não era nada como ele imaginava. Não só por conta das intrigas e guerras que estão acontecendo, mas também porque o professor Marsh se revela um mentiroso patológico, desconfiado e irritante. Sua rivalidade com o também paleontólogo Edward Drinker Cope sempre passa dos limites. Os dois estão em guerra a todo momento, um tentando superar o outro. E com esta expedição não seria diferente. Marsh fica atento a qualquer pessoa que possa ser um espião trabalhando para seu inimigo, e Johnson é o primeiro a ficar em sua mira.  
“(...) pela milésima vez naquela viagem, lamentei a aposta precipitada que tinha feito.” (pág. 81)
“A caça aos ossos exerce um singular fascínio sobre os caçadores: eles nunca sabem o que vão encontrar, mas a possibilidade de encontrar é combustível suficiente para que continuem procurando.” (pág. 90)
“– Branco sempre bota culpa em índio – disse Vento Brando.” (pág. 103)
“Um homem honesto busca a verdade a cada passo que dá; o desonesto busca um jeito de deturpá-la.” (pág. 107)
Assim, ele é abandonado em Cheyenne, no território de Wyoming, sozinho e sem nenhuma explicação. Por conta de uma obra do destino, Johnson se encontra com Cope. O paleontólogo também está em uma expedição e o convida a se juntar ao seu grupo. Sem nada a perder, Johnson aceita e começa a perceber as diferenças entre os dois inimigos. Enquanto Marsh faz o que faz por meio da camaradagem com políticos e milionários, Cope transparece paixão e simplicidade em sua busca pelos fósseis. Ao lado de um grupo diferente de pessoas, Johnson se encontra mais uma vez indo para o Oeste, só que agora para uma descoberta de tirar o fôlego.  
“Não há nada melhor do que conquistar aquilo que todos almejam.” (pág. 165)
“Acontece que minha passagem pelo Oeste me proporcionara um grande aprendizado – maior do que em Yale – e uma das lições que aprendi foi: cada um que procure salvar a própria pele.” (pág. 186)
“(...) o Oeste descrito nestas páginas, assim como o mundo dos dinossauros, não tardaria a evaporar do mundo.” (pág. 224) 
O livro é dividido em três partes: A Expedição para o Oeste, O Mundo Perdido e Dentes de Dragão. Desconhecemos a identidade do narrador da história, apenas sabemos que ele só consegue passar as informações da jornada de Johnson por conta do acesso aos diários do personagem. Foi o primeiro contato que tive com a escrita do autor, que é super fluída, leve e instigante. Ele alterna momentos engraçados e situações mórbidas de modo coerente e interessante. No Adendo, ao final do livro, encontramos o destino de alguns personagens após as expedições, como Cope e Marsh. E numa nota feita pelo autor, também ao final do livro, ele revela as informações que são reais e as que são inventadas.  

Um dos pontos positivos do livro é o pano de fundo, a contextualização realizada pelo autor. Estamos acompanhando uma expedição, mas a todo o momento somos lembrados do que está acontecendo no Oeste americano do século XIX, não só com relação aos índios e ao Exército, mas também com o impacto do Darwnismo e das invenções tecnológicas nas pessoas. Por exemplo, existe um momento em que Johnson expõe que prefere o telégrafo ao telefone. Ele acha que a nova invenção sairá de moda rapidamente. 

Além de citar personalidades famosas e seus grandes feitos naquele século, o autor também traz para a trama algumas pessoas que marcaram a história mundial de alguma forma. Posso citar aqui um exemplo que me deixou fascinada: Robert Louis Stevenson, autor de O Médico e o Monstro, aparece fazendo anotações dentro de um trem. Johnson conversa rapidamente com ele, o que gera comentários engraçados de Marsh. Essa brincadeira realizada pelo autor estimula ainda mais a gente a dar prosseguimento com a leitura para descobrir quais outras pessoas ganharam um espaço dentro da história. 

Infelizmente encontrei um ponto negativo. Ele pode ser subjetivo e não incomodar outros leitores, mas é algo que preciso ressaltar: apesar da extensa pesquisa para situar a trama, o autor esquece os personagens. O contexto, a rivalidade entre os dois paleontólogos, a mistureba saudável entre ciência e ficção e o objetivo principal de Johnson com os fósseis foram bem elaborados, mas senti falta de uma construção dos personagens. Eles são carismáticos, mas não tiveram meio e fim. Alguns aparecem e depois somem, outros revelam segredos e não dão explicações e, simples assim, deixam buracos grandes na história. 

Dentes de Dragão é uma leitura engraçada, leve e super informativa. O autor convida a gente a desbravar o Oeste a procura de fósseis de dinossauros, ao lado de um grupo de personagens interessantes e em uma época da história totalmente diferente da que estamos acostumados. Apenas fique alerta, essa viagem guarda muitas ameaças. 



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