11.11.18

[Resenha #1658] Rainhas Geek - Jen Wilde @PlanetaLivrosBR


Rainhas Geek
Três amigos. Duas histórias de amor. Uma convenção.
Jen Wilde
ISBN-13: 9788542213379
ISBN-10: 8542213378
Ano: 2018
Páginas: 256
Idioma: Português
Editora: Planeta dos Livros Brasil / Minotauro
Classificação: 5 estrelas
Skoob
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SINOPSE: Charlie é youtuber, atriz, bissexual... E uma das atrações principais da Supa Con, a convenção de cultura pop mais famosa do mundo. Essa é sua chance de mostrar aos fãs que superou seu término público com o ex-namorado – e co-estrela de seu último lme – Reese Ryan. O reencontro de Charlie e Reese deixa o clima pesado, mas quando a it
girl Alyssa Huntington aparece como convidada surpresa no evento, o que Charlie pensava ser apenas um crush de internet se mostra muito real.
Melhor amiga de Charlie, Taylor quer ser invisível. Seu cérebro parece estar programado para funcionar de maneira diferente das outras pessoas e ela gosta de rotina e estabilidade. A única mudança que ela quer em sua vida é no status de sua amizade com Jamie, o que ela sabe que nunca acontecerá. Mas, ao ouvir sobre um concurso de cosplay de seu fandom favorito, Taylor começa a repensar até onde vai seu medo de se destacar.




RESENHA: 

Em Rainhas Geek, da autora Jen Wilde, somos convidados a participar da SupaCon, a convenção de cultura pop mais legal que existe, localizada em San Diego, nos Estados Unidos. Por lá, conheceremos três melhores amigos: Charlie, Taylor e Jamie.
“(...) embora minha irmã mais nova às vezes brinque dizendo que as festas são minha kriptonita, gosto de ficar afastada observando as pessoas.” (pág. 14) 
Charlie Liang não está na SupaCon apenas para se divertir. Pelo contrário, ela também precisa trabalhar. Charlie tem 18 anos, é sino-australiana, bissexual, tem os cabelos cor-de-rosa e é uma youtuber. Seus três milhões de seguidores e um papel de destaque no filme indie The Rising a levaram ao reconhecimento mundial. Assim, seus dias na SupaCon envolvem muitas entrevistas, sessões de autógrafos e bate-papo com os fãs. Infelizmente, algumas coisas não saem como o planejado. Já faz seis meses que ela e o astro teen Reese Ryan, que também está em The Rising, terminaram o namoro. E essa era a sua chance de mostrar ao público que tudo estava bem. Mas o traidor, machista e babaca surge na SupaCon apenas para causar dor de cabeça. Sem contar que sua crush, a atriz e youtuber Alyssa Huntington, demonstra gostar de Charlie também. 
“Eu entendo, pode acreditar. Você não está sozinha.” (pág. 68)
“História e experiência me mostraram que é muito difícil para as pessoas entenderem, e muito fácil para elas julgarem.” (pág. 78)
“Todo mundo tem seus pontos fortes. E todo mundo tem sua kriptonita.” (pág. 132)
“O amor é intenso. Você derruba todas as suas paredes pra deixar alguém entrar. Mas se a pessoa não é boa pra você, pode te demolir de dentro pra fora. E você acha que o que tem com essa pessoa é amor, então permite que isso continue.” (pág. 155)
Taylor é Asperger, tem ansiedade social e muitas inseguranças. Mas, na SupaCon, ela faz cosplay da Rainha Firestone e é invencível. Essa personagem da sua série literária favorita sempre a ajudou nos momentos mais difíceis. E é na convenção que Taylor tem a chance de conhecer Skyler Atkins, a criadora de sua maior inspiração. Entre atualizações no Tumblr e Twitter, Taylor se encontra no paraíso da cultura geek ao lado de seus dois melhores amigos e de vários fandoms. Na verdade, enquanto Charlie precisa seguir uma agenda, Jamie é a sua companhia durante esses dias. Taylor sempre foi apaixonada por ele, mas acabou entrando na zona de conforto da amizade e o medo de transformar essa relação é muito grande. Mas eles estão na SupaCon e tudo pode acontecer. 
“Aprendi cedo que preferia ser diferente a ser parte de uma multidão sem graça.” (pág. 182)
“Estamos todos horríveis. Que tipo de amigos a gente seria, se exigisse que você mostrasse só sua beleza? Isso aqui não é o Instagram, é a vida real. E a vida real é feia.” (pág. 194)
“Aprendi há muito tempo que o que outras pessoas pensam sobre mim é problema delas, não meu.” (pág. 248)
“Bagunça não é ruim, desde que tenha alguém para dividi-la com você.” (pág. 253)
“Nós somos os maiores esquisitos do mundo.” (pág. 267)
“Não é tarefa minha convencer os outros de quem eu sou. Minha única obrigação é ser quem eu sou. Tudo que posso fazer é descobrir o que me faz feliz e viver tudo isso.” (pág. 269)
Rainhas Geek foi uma agradável surpresa. Eu estava esperando mais um livro direcionado ao público jovem que trata dos mesmos temas, muitos deles envolvendo apenas romances pré-formatura, mas me enganei completamente. O grande diferencial é que ele aborda de maneira simples a diversidade, o feminismo, o machismo e a inclusão. A narração é realizada em primeira pessoa pelas duas protagonistas, Taylor e Charlie, sendo que os capítulos alternam esses pontos de vista. A escrita da autora é super leve, antenada e objetiva. Ela dá prioridade aos diálogos e aos posts nas redes sociais. Sendo assim, a leitura é muito gostosa e flui rapidamente. 

A história está recheada de referências culturais. Diferente de outros livros no mesmo estilo, essas menções não são jogadas de qualquer forma apenas para frisar que os personagens estão dentro de uma convenção nerd. Pelo contrário, a autora faz com que elas se encaixem perfeitamente dentro dos momentos certos. Por exemplo, Charlie compara o relacionamento de Taylor e Jamie com o de Rachel e Ross, da série Friends (1994-2004), por conta desse “vai, não vai”. Sem contar que ficamos com vontade de ler as histórias da Rainha Firestone, objeto de adoração de Taylor. 

E é claro que as redes sociais não seriam esquecidas. Não falo isso apenas pelo fato de Charlie ser uma youtuber (e estar consequentemente ligada a esse universo), mas porque a autora teve um cuidado para representar a juventude da melhor maneira possível. Além de mensagens de texto enviadas para grupos em um aplicativo, também temos publicações no Tumblr realizadas por Taylor, menções ao trending topics do Twitter, gifs, vídeos virais, sites de fofoca e muito mais. 

Os personagens são incríveis. Apesar de muito jovens, eles já passaram por muita coisa. Charlie viveu um relacionamento tóxico com Reese, o que a fez perder um pouco de sua confiança e identidade. Falando nele, esse personagem é machista, egocêntrico e insensível. Apesar de cruel, sua opinião sobre a carreira de Charlie ser moldada apenas pelo seu corpo consegue refletir o pensamento da indústria do cinema atualmente e, pior do que isso, o que muitas pessoas ainda acreditam. Outra personagem ligada a Charlie é a Alyssa, que surge para representar as pessoas que não ligam para a opinião dos outros. 

Preciso dizer que me senti muito representada pela Taylor, não só pela aparência, mas também pela personalidade. E isso é importante. O mundo literário seria muito mais incrível se todos os autores construíssem personagens dessa forma. Ela decide lutar contra seus problemas psicológicos por conta de uma história. E ao seu lado está Jamie, um personagem dono dos momentos mais fofos da trama. Os dois descobrem o que realmente sentem um pelo o outro e entendem o que devem esperar do futuro. 

Rainhas Geek é aquele livro que todo mundo deveria ler, independente da idade, classe social ou gênero. Além de trazer discursões importantes sobre ansiedade, relacionamentos abusivos, identidade e amizade, ele também é um prato cheio para os geeks de plantão. Tenho certeza que você vai adorar curtir a SupaCon ao lado de Charlie, Taylor e Jamie. 



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