Título: Não Conta Pra Ninguém
Autoras: Fernanda Omelczuk, Georgina martins, Mariana G. M. de Faria, Vera Maia
ISBN-13: 9788566470604
ISBN-10: 8566470605
Páginas: 96
Editora: Edelbra
5 estrelas - favorito
Skoob
Compre: Saraiva
Sinopse: Maria não consegue esquecer das noites de abuso na casa do tio; Clarice manifesta seu desejo de ser uma maçaneta; Felipa é humilhada por colegas da escola; Leo fica aliviado com a morte do pai; uma jovem fala sobre sua primeira experiência sexual. Uma menina se defronta com a morte. Outra descobre que a mãe não ama mais o pai. Uma personagem, na hora do recreio, se dá conta de que perdera a infância para sempre.
Estes oito contos nos colocam diante das angústias, das dúvidas e do desamparo que as pessoas, desde muito cedo, são obrigadas a enfrentar.
Antes de qualquer coisa, gostaria de enfatizar aqui o quanto esse livro tão pequeno em tamanho mas tão grande em intensidade e dimensões, acabou comigo e meus sentimentos.
"Depois de algum tempo e de devorar uma caixa de bombom "Sonho de Valsa", teve uma ideia que achou brilhante: procurar uma escola para gordos!" Pag. 75
Tenho o hábito de quanto começar a ler um livro, fazer todo aquele ritual: ler o verso, orelhas, e etc... Quando li a sinopse acima citada que está na contracapa, já fiquei um tanto sem jeito. Meio desestruturada sabe?
"Você sabe muito bem que a culpa de seu pai ser assim com você é toda sua, Leo. Cansei de repetir sempre a mesma coisa: Menino, pare de falar fino! Ande igual homem! Não balance as mães assim!..." Pag. 21
"O silêncio da mãe de Clarice era pior que castigo, que sermão, que beliscão. No silêncio da mãe cabia tudo, menos a filha." Pag. 33
Pode pensar que tenho problemas ou o que quiser, mas gosto de livro assim. Fortes, pesados de conteúdo, que te tragam para uma realidade que as pessoas insistam em esconder ou mascarar. Devo gostar de sofrer! Hahaha
Nem todos os contos do livro (8 ao total, 2 de cada autora) tratam necessariamente de algo ABSURDO ou chocante para nós como um estupro, mas quando você se entrega ao conto e se permite a leitura, percebe que para a personagem, o que acontece com ela naquele momento é pior do que um. Nos damos conta de que temos uma cabeça muito fechada à fatalidades e catástrofes ~aká~ coisas absurdas, e menosprezamos mesmo sem querer a dor do outro. Aquela velha história de sempre achar que a sua dor é maior que a dor alheia. Pois “só eu sei o que estou passando”.
"Francisco não ia me colocar na escola coisa nenhuma. O que ele queria mesmo era alguém para tomar conta da pobre da tia Bilina, tão boa, e também para aquelas outras coisas que você já deve ter imaginado o que seja." Pag. 59
Os assuntos tratados nos contos são cyberbullying, discriminação, preconceito, maus tratos, perdas, separação dos pais, estupro, bullying e gravidez indesejada.
Todos eles enfrentados por adolescentes/crianças que estão aprendendo a lidar com a vida. São histórias atuais, que narram o cotidiano do nosso século, nossas gerações. Traz essas dores para o nosso lado, nos fazendo pensar que poderia acontecer com qualquer um. E acontece todos os dias com qualquer um!
"Achei esquisito ter horário pra ver o pai, pois eu tinha que ter muita sorte pra sentir vontade de visitá-lo exatamente na hora e no dia marcado. Às vezes a vontade acontecia em dias que não eram de visita..." Pag. 48
A linguagem é direta, crua e visceral, mas sem baixaria. As histórias são pesadas, mas é contada de uma forma que não choque tanto. Por ser direcionado para um público jovem, achei interessante esse cuidado. Principalmente se o jovem que estiver lendo esteja vivendo exatamente o que o personagem está passando. Este leitor sentirá a dor em dobro, portanto é muito melhor que pegue leve na narrativa, a vida já se encarrega de ser bem pesada por si só.
Quanto ao livro em si, estou apaixonada. Houve um cuidado todo especial na edição com cores fortes separando cada capítulo, diagramação perfeita, papel de qualidade. É um livro que te faz ter vontade de ler só de olhar!
Indico de coração para que leiam. É um livro pequeno, de leitura corrida e “fácil” por ser bem pequeno. Acredito que todos deveriam conhecer a obra!
Um beijo grande e até a próxima!
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