24.7.16

[Resenha #976] Maus - Art Spiegelman @cialetras


Maus
história completa
Art Spiegelman
ISBN-13: 9788535906288
ISBN-10: 8535906282
Ano: 2013
Páginas: 296
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Compre: Saraiva

Sinopse: Maus ("rato", em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura.
A obra é um sucesso estrondoso de público e de crítica. Desde que foi lançada, tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas - história, literatura, artes e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as duas partes reunidas num só volume.
Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.
Spiegelman, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para dar espaço a dúvidas e inquietações. É implacável com o protagonista, seu próprio pai, retratado como valoroso e destemido, mas também como sovina, racista e mesquinho. De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável.



Resenha:

A história de Maus, que significa rato em alemão, é sobre um judeu polonês sobrevivente do holocausto que foi desenhada por seu filho, Art, em forma de uma HQ. Art Spiegelman também usa animais para representar diferentes raças e nacionalidades. É uma metáfora muito eficaz. Judeus são desenhados como ratos; os alemães são gatos; os americanos são cães; os franceses são rãs; e os polonês são porcos. Dessa forma há uma tentativa de suavizar o horror e a crueldade através do caminho de fábula, mas não tem como não ficar aterrorizado com a crueldade dos nazistas.





A história se passa no presente e no passado. No presente, quando Art está no seu processo criativo de composição de seu livro sobre as experiências do holocausto de seu pai. A arte tem uma relação muito antagônica com seu pai, Vladeck. Vemos Art tentando entrevistar seu pai relutante, para contar suas experiências. O holocausto permeia a vida diária de Art Spiegelman, mesmo que isso tenha ocorrido há tantos anos. Vemos também a complicada relação pai e filho entre eles. E no passado, conta como o pai Vladek Spiegelman, sobreviveu ao Holocausto sendo um judeu polonês. Desde a invasão, para a propagação do Nazismo, ao seu tempo no campo de extermínio de Auschwitz. Vladek é um dos sobreviventes dos campos e um dos únicos sobreviventes que tinham profundo conhecimento de como as instalações de câmaras de gás funcionaram, porque ele trabalhou lá. Vladek vivenciou junto com a sua família os horrores inimagináveis que os nazistas fizeram e sobreviveu para contar sua história.






Art Spiegelman estimula o leitor a pensar sobre os papéis de raça, etnia, nacionalidade e religião. Ele mostra que não somente os nazistas alemães eram os únicos culpados desse genocídio. Havia judeus e poloneses que buscavam favorecimento pessoal e com isso foram capazes de cometer atos terríveis como traições, espancamentos, delações e outras barbáries, e houve também aqueles que só queriam salvar a própria pele, mas que também fizeram coisas ruins para obter tão êxito. Isso tudo nos faz refletir que o ser humano traz consigo a capacidade de realizar feitos cruéis e egoístas, mas há aqueles, claro, que são capazes de feitos altruístas em face do sofrimento alheio.





Um tema predominante no livro é como os eventos traumáticos, como o Holocausto continuam a distorcer e moldar pessoas gerações mais tarde. Filhos de sobreviventes do Holocausto também são afetados, através de seus pais. Eles muitas vezes se sentem culpados sobre a condução de vidas tão mimada, em comparação com as terríveis experiências que seus pais tiveram.


Há essa necessidade em nossa sociedade de empurrar o Holocausto para o passado e mantê-lo lá, mas vemos ao longo deste livro que isso é impossível. Os sobreviventes e os seus filhos não têm o luxo de simplesmente esquecê-lo e seguir em frente. Você pode parar de falar sobre isso, você pode tentar fingir que nunca aconteceu, mas as lembranças dessas experiências horríveis nunca irão embora. Você não pode apagá-las. Elas assombraram suas vítimas para sempre.



Não se poderia esperar humor, mas está lá, e por vezes irônico. É um livro rico, bem elaborado, mas pesado e leitura densa. E não tem como não ficar com os olhos cheios de lágrimas em vários momentos!

Um fato interessante é que este livro é primeira história em quadrinhos a ganhar um Prêmio Pulitzer e abriu caminho para o reconhecimento do meio de quadrinhos como forma de arte legítima e para graphic novels que lidam com questões sérias.



Todo o trabalho gráfico da editora está excelente, desde a capa, até a tradução e revisão.

Maus é uma história impactante de dor, horror e impotência. Art fez um trabalho enorme para honrar seu pai, apesar de seu relacionamento difícil com ele. Fiquei tocada por essa história, e recomendo a todos que leiam este que é uma quadrinho com enorme valor histórico.

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