Christina Dalcher
ISBN-13: 9786555650495
ISBN-10: 6555650494
Ano: 2020 / Páginas: 304
Editora: Arqueiro
Classificação: 4 estrelas
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Sinopse: Em um mundo onde é preciso ser perfeito, como você se sairia? É impossível saber o que você faria... O potencial de todas as crianças é determinado por seu número Q. Uma pontuação alta dá acesso às melhores escolas e a um futuro brilhante. Aquelas que não obtêm a nota mínima são enviadas para um internato, sem muita perspectiva de vida. O objetivo é construir uma sociedade melhor: custos baixíssimos para o governo, professores dedicados a classes separadas por desempenho e pais felizes por verem os filhos convivendo com seus iguais. ... se levassem seu filho para longe de você. Elena Fairchild é professora de uma escola de elite. Quando sua filha de 9 anos tira uma nota baixa, é forçada a ir para uma instituição a milhares de quilômetros. Como educadora, Elena pensava entender o funcionamento do sistema em camadas. Como mãe, sua perspectiva muda para sempre. Ela só quer a filha de volta. E vai fazer o inimaginável para recuperá-la.
Resenha:
Em uma época como esta, em que a pandemia agravou as tensões sociais, uma das questões mais espinhosas veio à tona: a importância que cada país atribui à educação. Aqui, Christina Dalcher imagina um mundo distópico no qual os robôs substituíram muitas tarefas e os indivíduos são selecionados com base em seu fator Q, um quociente medido com base no desempenho acadêmico, a família a que pertencem e outros índices.
A superpopulação há muito influencia a qualidade do sistema escolar e, com poucos professores e salas de aula superlotadas, a solução criada por uma parcela da elite da população é criar escolas "especiais". As crianças que tiram notas Q superiores a 9 recebem o cartão prata e vivem uma vida de elite. Notas entre 8,9 e 8,0 ficam no meio termo, a cor verde, porém propícios a cair para o pior nível, o amarelo. Amarelo são aqueles que possuem Q menor que 8. Estes últimos são temidos por todos, ficam em lugares isolados e distantes, e todos jurariam que nunca viram ninguém voltar de uma escola amarela.
Elena Firechaild é professora e seu marido Malcom é subsecretário de educação e, juntos, têm duas filhas, Anna e Freddie. Anna é a filha modelo, aluna perfeita e firmemente convicta dos princípios que inspiraram a nova sociedade, enquanto Freddie é a diferente, a que mais sofre com o sistema, as avaliações contínuas para reafirmar seu próprio status e pressões ligadas à manutenção constante da perfeição.
O véu da perfeição que envolve a família de Elena acaba caindo quando Freddie mostra dificuldades que a levam a uma escola amarela, Elena assim começa a reconsiderar tudo, desde seu casamento até o sistema sinistro ao qual ela aderiu por muito tempo sem contestar.
"Questão de Classe" é um conto distópico arrepiante e muito fascinante. Christina Dalcher elabora alguns conceitos muito interessantes que nos fazem refletir.
Uma sociedade perfeita seria bela, sem falhas, na qual só os merecedores avançassem. A verdade é que qualquer doutrina acaba inevitavelmente degenerando em extremismo.
Na nova América, a fraqueza não é permitida, a pobreza é um pecado do qual se envergonhar e marca inevitavelmente o futuro de seus descendentes. A população é reduzida a um mero número, e um número (Q) estabelece o futuro de um indivíduo.
Elena, se a princípio parece duvidosa, mas substancialmente passiva diante do sistema, deixando seu marido decidir sobre questões importantes a respeito de suas respectivas vidas e filhas, aos poucos começa a acordar, especialmente após os eventos envolvendo Freddie.
Elena reflete sobre a bondade de um sistema que nivela as diferenças individuais, eliminando ou marginalizando aqueles que têm dificuldades de todos os tipos, sejam econômicas ou deficientes.
Eu li essa história com um nó na garganta, pois a vida real não está tão longe do mundo imaginado pela autora.
O forte tema da eugenia e seleção de espécies se encaixa neste cenário de hipercontrole. Na verdade, como criar uma sociedade de excelência senão eliminando na base aqueles que se desviam da média?
Devorei o livro em pouco tempo, pois tem uma escrita direta e muito fluida e um final que te deixa sem palavras. Se você ainda não conhece Christina Dalcher, agora é a hora. Recomendo.
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