7.7.17

[Resenha #1248] O Círculo - Dave Eggers @cialetras


O Círculo
Dave Eggers
ISBN-13: 9788535924787
ISBN-10: 8535924787
Ano: 2014
Páginas: 522
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Encenado num futuro próximo indefinido, o engenhoso romance de Dave Eggers conta a história de Mae Holland, uma jovem profissional contratada para trabalhar na empresa de internet mais poderosa do mundo: O Círculo. Sediada num campus idílico na Califórnia, a companhia incorporou todas as empresas de tecnologia que conhecemos, conectando e-mail, mídias sociais, operações bancárias e sistemas de compras de cada usuário em um sistema operacional universal, que cria uma
identidade on-line única e, por consequência, uma nova era de civilidade e transparência.
Mae mal pode acreditar na sorte de fazer parte de um lugar assim. A modernidade do Círculo aparece tanto na sua arquitetura arrojada quanto nos escritórios aprazíveis e convidativos. Os entusiasmados membros da empresa convivem no campus também nas horas vagas, seja em festas e shows que duram a noite toda ou em campeonatos esportivos e brunches glamorosos. A vida fora do trabalho, porém, vai ficando cada vez mais esquecida, à medida que o papel de Mae no Círculo torna-se mais e mais importante. O que começa como a trajetória entusiasmada da ambição e do idealismo de uma mulher logo se transforma em uma eletrizante trama de suspense que levanta questões fundamentais sobre memória, história, privacidade, democracia e os limites do conhecimento humano.



Resenha:

Este livro conta a história de Mae Holland, uma jovem que era funcionária pública e que acaba obtendo um emprego em uma poderosa empresa de internet chamada o Círculo, no Vale do Sílício, onde muitos tem o sonho de trabalhar lá. Essa empresa nos faz lembrar do Google, mas além disso, ela é uma mistura de todas as redes sociais juntas, como Facebook, Paypal, Twitter, Snapchat etc... Além de tudo isso, essa empresa também faz muitos gadgets para manter um acompanhamento diário da saúde e para registrar todos os momentos de sua vida.




No começo, parece ser o trabalho de seus sonhos e tudo é perfeito. Esta é uma empresa que realmente parece se preocupar com o bem-estar de seus funcionários, que vai acima e além para se certificar de que eles estão felizes, saudáveis e se divertindo.

Mae Holland, é uma moça tímida, mas ambiciosa e ansiosa para agradar. Desde o início, Mae é empurrada para uma posição agitada que lentamente transforma sua personalidade ao longo do livro, que são indicativos de estágios diferentes. Embora o livro seja em terceira pessoa, o autor é capaz de transmitir os pensamentos e ideais de Mae ao leitor, o que é importante, uma vez que a tecnologia é cada vez mais invasiva em sua vida. Ela passa de uma tela de computador para nove em questão de meses, pois suas responsabilidades no trabalho e nas mídias sociais se acumulam. O autor foi capaz de fazer os leitores sentirem o estresse que Mae passa, muitas vezes fazendo com que eles estejam preocupados com ela e suas ações ao longo do livro.




Mae se torna uma pessoa altamente venerada na empresa, pois ela é "transparente" usando uma câmera de vídeo como colar que transmite sua vida ao vivo ao público. Isto apresenta a crença de que, se todas as informações fossem públicas, todos teriam vidas melhores, sem os problemas criados por qualquer forma de segredo. Ela até coloca a ideia de voto obrigatório através do Círculo, que é bem recebido pelos líderes da empresa.

No campus do Círculo, tem uma infinidade de restaurantes, instalações de academia, laboratórios de pesquisa e opções recreativas, bem como edifícios de escritórios modernos de alta tecnologia e salas de conferências. Existem todos os tipos de festas e eventos sociais, clubes de interesse especial, visitas de celebridades, comida requintada, decorações extravagantes, dormitórios confortáveis para que os funcionários possam passar a noite no campus e médicos para verificar os funcionários. O Círculo ainda concorda em colocar o pai doente de Mae em seu plano de saúde. No entanto, também há um lado sombrio para o Círculo, trabalhar lá é muito estressante.




Mae continua ansiosa para impressionar seus novos colegas de trabalho e amigos no conglomerado de tecnologia e é vítima de um desejo de aceitação, começando a gastar menos tempo fora do trabalho fazendo as coisas que ela gosta e mais do seu tempo livre aumentando seu numero de seguidores no seu perfil de mídia social.

Há muita pressão exercida sobre a Mae para obter pontuações perfeitas em suas avaliações de atendimento ao cliente, e caso ela não compartilhe algo de sua vida pessoal ou fique por fora de algum acontecimento que ocorre pela rede, ela acaba por ser repudiada por seus chefes. Há também pressão sobre Mae para participar dos eventos sociais do Círculo, especialmente aqueles que combinam com seus interesses e experiências (seus supervisores sabem tudo sobre seus interesses e experiências desde que pesquisaram através de seus perfis de redes sociais). Em seus esforços para conectar pessoas de todo o mundo em conjunto, para tornar a informação prontamente disponível para todos e, claro, para expandir seus negócios, o Círculo torna-se muito controlador e dominador. Eles estão investidos na vida de seus funcionários, não apenas no local de trabalho, mas também fora do local de trabalho e a fronteira entre os dois logo se torna muito tênue.



“Todos nós temos o direito de saber tudo o que pudermos saber. Todos nós possuímos, coletivamente, todo o conhecimento acumulado do mundo.”

“Compreendo que somos obrigados, como seres humanos, a compartilhar o que vemos e conhecemos. E que todo o conhecimento deve ser acessível democraticamente”

Alguns dos familiares e amigos de Mae se assustam com a intrusão na sua privacidade e, no início, Mae também se assusta, mas depois de seus supervisores falarem com ela, acaba por
se deixando levar e vemos como alguém passa por uma lavagem cerebral e nem percebe.

O Círculo desenvolve três princípios fundamentos para se representar:
Segredos são mentiras
Compartilhar é cuidar
Privacidade é roubo

“As ferramentas que vocês criam, rapazes, na verdade fabricam necessidades sociais artificialmente extremas. Ninguém precisa desse nível de contato que vocês estão oferecendo. Isso não melhora nada.”


“Quando somos o melhor de nós, não há problemas que não possamos resolver.”


Este livro faz com que o leitor reconsidere o poder que a sociedade oferece à tecnologia e às mídias sociais. Todos compartilham coisas pessoais o tempo todo e não se sabe se isso poderá ser prejudicial, e qual o limite disso tudo e como fica a privacidade das pessoas?

O Círculo é uma boa leitura que dá uma nova perspectiva sobre a influência que a tecnologia tem em nossas vidas. O autor fez um trabalho suficiente para mostrar ao leitor o que os extremos podem ser alcançados algum dia se a sociedade continuar sem cautela. Recomendo esse livro a todos.

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