8.7.17

[Resenha #1249] As Meninas - Lygia Fagundes Telles @cialetras


As Meninas
Lygia Fagundes Telles
ISBN-13: 9788535914306
ISBN-10: 8535914307
Ano: 2009
Páginas: 301
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 3 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Não foram muitos os escritores que, no auge da ditadura militar no Brasil, abordaram em seus textos temas como a repressão e a tortura e escreveram obras de contestação como As meninas, de Lygia Fagundes Telles. Livro árduo, dolorido e lindo, As meninas relata os conflitos no relacionamento de três jovens que têm entre si um ponto em comum, a solidão, e como pano de fundo os governos militares. Três universitárias compartilham com algumas freiras um pensionato em São Paulo. Ana Clara gosta de um traficante e vive drogada. Lia briga contra o regime, Lorena, filhinha de papai, ajuda as outras duas com dinheiro. Lia se envolve com Miguel, que é preso e trocado por um diplomata. Sem ligar para a política ou as drogas, Lorena se apaixona por um médico casado e pai de cinco filhos. Um enorme espaço separa o universo das pensionistas e seus dramas das religiosas, que se apavoram com a liberdade das três moças. Cada uma das personagens é um poço de conflitos e monólogos interiores que vêm à tona através das confidências íntimas de cada uma e que se ligam à miséria política e cultural da época. O texto de Lygia Fagundes Telles não cai na vulgaridade, não se banaliza apesar do tema. A linguagem é coloquial e expressiva e os diálogos abandonam as conveniências formais. As meninas de Lygia são, afinal, as jovens do nosso tempo, saídas da adolescência e ingressando na plenitude da mocidade. Nada mais atual. Apontada pela crítica como um sucesso absoluto, As meninas é uma obra que resultou do esforço de três anos de trabalho dessa autora perseverante, que valoriza a palavra e mostra, através de seus textos, a luta de todos nós em defesa da liberdade.




Resenha:

A história se passa em 1973, e vamos conhecer três jovens universitárias, que se conhecem em um pensionato de freiras na cidade de São Paulo, e acabam ficando muito amigas, apesar de toda as diferenças de valores e de personalidades que cada uma apresenta. Durante o livro, elas irão compartilhar seus dramas e sonhos. Tudo isso durante o período da ditadura militar no Brasil. 

"Porque as pessoas interferem tanto? Ninguém sabe de nada e fica falando. Fazendo julgamento, tem juiz demais."

"Quero ficar só. Gosto muito das pessoas mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo, a alegria está instalada em mim."


Lorena Vaz Leme vem de família rica, sempre muito elegante e fina, obcecada por limpeza, é uma excelente amiga, sempre ajudando, ainda mais quando envolve dinheiro, ela estuda direito, muito inteligente, mas nem tanto, quanto o assunto é amor, ela se envolve com um cada mais velho, casado e com filhos. 


"Respeito até a luta dos que querem nos destruir, respeito sim senhora, eles estão na deles. Como estamos na nossa, enfraquecidos, traídos, divididos, não calcula como estamos divididos. Mas vamos aguentando. Um que fique tem que correr como um cão danado pra passar o facho ao seguinte que recebe e sai correndo até o próximo que nem estava na corrida, entende. De mão em mão. É demorado mas não estamos mais com tanta pressa."


Lia de Melo Schultz, estudante de jornalismo e deseja ser escritora, ela é uma jovem que luta pelos direitos do povo, e se envolve contra a ditadura. Namora Miguel, um rapaz que participou da greve, mas acabou sendo preso. 

Ana Clara Conceição, era estudante de psicologia, mas trancou a faculdade, é uma garota muito bonita, é modelo, mas muito complicada, cheia de problemas em sua vida desde a infância. Ela é noiva de um homem bem mais velho e rico, mas tem um caso com um cara chamado Max que assim como ela, é um viciado em drogas e pior ainda ele também é um traficante. 


"Quero te dizer também que nós, as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. A verdade, meu querido, é que a vida, o mundo dobra-se sempre às nossas decisões"


Senti uma grande dificuldade para ler esse livro, já que a narração em primeira pessoa é intercala com as três personagens, Lorena, Ana Clara e Lia, e elas contam a própria história por um fluxo de consciência, misturando suas falas, ações, lembranças e críticas. É realmente um desafio identificar o estilo de cada personagem, por muitas vezes, me vi totalmente perdida e não conseguia identificar qual era a personagem naquele capítulo. Demorei muito para ler esse livro, e por vezes pensei em desistir, é realmente um livro difícil e não é para qualquer pessoa, muitos não iriam gostar ou ter paciência para ler. Outra coisa que não gostei foi o final, ficou meio sem final, e já que li esse livro complicado até o fim, pelo menos queria saber o que aconteceu com aquelas garotas. 

A ação do livro é bem lenta, quase nada acontece fora da vidinha rotineira no pensionato, as conversas intermináveis, os estudos, as visitas das personagens no quarto de Lorena, há poucos momentos na faculdade. Podemos ver que as garotas resolvem o passado e evocam suas experiências em busca de autoconhecimento, de solução para seus traumas e conflitos interiores.

A capa desse livro achei uma graça, adorei a cor rosa, deu um toque muito bonito ao livro. 

"As Meninas " é uma história que nos mostra a vida de três jovens em busca de si mesmas, e também mostra os problemas que agitaram a juventude no período da ditadura. "As Meninas" é um dos livros da autora mais aclamados pela crítica e pelo público, mas tenho que dizer que este livro não é para todos, e tem que se ter certa paciência, só recomendo para quem gosta da autora e desse estilo. 

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