24.10.17

[Resenha #1311] Eu Sou a Lenda -Richard Matheson @editoraaleph


Eu Sou a Lenda
Richard Matheson
ISBN-13: 9788576572718
ISBN-10: 8576572710
Ano: 2015
Páginas: 384
Editora: Aleph
Classificação: 5 estrelas
Skoob
Compre: Amazon

Sinopse: Uma impiedosa praga assola o mundo, transformando cada homem, mulher e criança do planeta em algo digno dos pesadelos mais sombrios. Nesse cenário pós-apocalíptico, tomado por criaturas da noite sedentas de sangue, Robert Neville pode ser o último homem na Terra. Ele passa seus dias em busca de comida e suprimentos, lutando para manter-se vivo (e são). Mas os infectados espreitam pelas sombras, observando até o menor de seus movimentos, à espera de qualquer passo em falso... Eu sou a lenda, é considerado um dos maiores clássicos do horror e da ficção científica, tendo sido adaptado para o cinema três vezes.


Resenha:

Eu Sou a Lenda é um dos maiores clássicos da literatura, inspirou grandes autores, como Stephen King, e inovou o horror e a ficção científica, além de ter sido adaptado para o cinema três vezes, sendo que o último filme baseado no livro foi estrelado por Will Smith. No entanto, a primeira coisa que vocês precisam saber é que o livro de 1954 e o filme de 2007 não compartilham quase nada além do título. 





A história se passa entre os anos de 1976 e 1979. Robert Neville é um sobrevivente. Ele viu todas as pessoas que amava serem levadas por uma praga que assolou a humanidade, levando o mundo a um cenário pós-apocalíptico muito rapidamente. Somado a isso, inexplicavelmente, Robert permanece vivo.
Pouco a pouco, Neville vai se adaptando a esse estilo de vida. Ele sai durante o dia, estoca comida, instala um gerador em sua casa e prega tabuas de madeira nas janelas. Tudo isso para poder ficar em segurança à noite, que é quando os vampiros saem. 
“O céu escurecia, e estava ficando frio. Ele olhou para cima e para baixo da rua Cimarron, enquanto a brisa fresca despenteava seus cabelos loiros. Era isto o que havia de errado com dias nublados como aquele: você nunca sabia quando eles estavam vindo.” p. 29
Neville também passa a investigar a doença, ele começa a estudar biologia e tentar compreender o que acontece com o corpo dos infectados e por que ele continua salvo quando todos os outros ficaram doentes.
A solidão é um elemento muito bem explorado ao longo da escrita. Conseguimos sentir o que Robert sente. O autor soube usar as palavras para transmitir os mais profundos sentimentos. Robert fala e até discute consigo mesmo, em pensamento, mostrando o quanto a ausência de contato social pode mexer com as pessoas.





Neville não é o tipo de sobrevivente que está convicto de sua condição. Na verdade, ele se questiona o tempo todo, duvidando se essa é a melhor opção e pensando constantemente em abrir a porta de sua casa no meio da noite e, simplesmente, se deixar levar pelos seres noturnos. Ele não sabe muito bem por que continua lutando. 
“Ele estremeceu e cerrou os dentes. Já vou sair. Bem, e por que não? Por que não sair? Era um jeito certeiro de ficar livre deles. Ser um deles. Ele riu da simplicidade do raciocínio, então se levantou e cambaleou até o bar. Por que não? Sua mente se arrastava. Por que passar por toda essa complicação quando se atirar pela porta aberta e dar alguns passos acabaria com tudo?” p. 53-54
Aqui, os vampiros lembram um pouco os zumbis, mas, são razoavelmente inteligentes. Eles chamam por Neville, estimulando-o a sair de casa no meio da noite. Além disso, livro possui forte conotação sexual. As mulheres/vampiras se insinuam para Robert, tirando suas roupas, também tentando convencê-lo a se entregar.
“Balançou a cabeça outra vez. O mundo ficou louco, pensou. Os mortos andam por aí e eu acho isso normal.” p. 124
Sozinho, sexualmente frustrado e obrigado a se trancar a noite, Neville trava uma batalha não só contra os vampiros, mas, contra si mesmo. Essa batalha vai desde a inexplicável determinação de sobreviver até o desejo impensável por vingança. Ao longo das páginas, vamos percebendo como, cada vez mais, Robert vai deixando para trás suas características mais humanas.
“E tudo sem vampiros de olhos vermelhos pairando sobre as camas das heroínas. Tudo sem morcegos flutuando contra as janelas da propriedade, tudo sem o sobrenatural. O vampiro era real. Mas sua história verdadeira nunca tinha sido contada.” p. 170
Alguns acontecimentos que marcam o livro nos transmitem a profunda sensação de medo, solidão, carência e desamparo de Neville. Pouco a pouco, a mascara de sobrevivente forte e determinado caí e o que vemos é um homem fragilizado e assombrado pelas lembranças do passado.







Eu gostei muito do livro. A história me prendeu do começo ao fim e eu me senti profundamente sensibilizada com a trajetória de Neville. Não é um livro que mudou minha vida, mas, eu gostei da forma como a solidão foi retratada e acho que esse é o ponto alto do livro.

A edição da Editora Aleph está, como sempre, impecável. A capa é linda, a diagramação está perfeita e os detalhes deixam o livro completo. Cada capítulo se inicia com um desenho que está relacionado com aquela parte do livro. O espaçamento é grande e o tamanho das letras é muito agradável. Tudo isso, faz a leitura ser muito fácil. O livro ainda conta com um prefácio escrito por Stephen King, uma crítica biocultural escrita por Mathias Clasen e uma entrevista com o autor. Ou seja, palmas para a Editora Aleph. 


Um comentário

  1. Quando vi o título do post, logo pensei no filme. E me alegra muito saber que o livro é excelente e que não tem absolutamente nenhuma relação com o filme com o Will Smith (que, vale salientar, eu achei incrível). Depois de ter lido Caixa de Pássaros, do Josh, descobri que tenho uma queda muito grande por esse cenário de fim de mundo. Compraria o livro sem pensar duas vezes! As fotos me cativaram numa quantidade impressionante. Mas posso esperar para lê-lo!


    www.nerd-absoluta.blogspot.com

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