Sobre a brevidade da vida / Sobre a firmeza do sábio
Sêneca
ISBN-13: 9788582850503
ISBN-10: 8582850506
Ano: 2017
Páginas: 80
Idioma: português
Editora: Companhia Das Letras
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Classificação: 5 estrelas
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Sinopse: Os escritos do filósofo estoico Sêneca pertencem à categoria de obras que mudaram a humanidade e que, universais, resistem à passagem do tempo. Por meio de insights poderosos, eles transformam a maneira como nos vemos e já serviram de guia para inúmeras gerações por sua eloquência, lucidez e sabedoria. Sobre a brevidade da vida e Sobre a firmeza do sábio foram concebidos em forma de cartas e apresentam reflexões essenciais quanto à arte de viver, à passagem do tempo e à importância da razão e da moralidade. Traduzida do latim por José Eduardo S. Lohner, esta edição conta ainda com notas esclarecedoras do tradutor.
Resenha:
Não é raro que nos encontremos reclamando sobre a falta de tempo. Seneca reconhece esta queixa e tem uma resposta bastante contundente: quando alguém se queixa da falta de tempo, ele não percebem que a vida é realmente muito longa, e a Natureza lhes concedeu um ótimo período de tempo para viver, mas em seu envolvimento com vícios e obrigações sociais, a pessoa se encontra sem tempo. O tempo é especial de várias maneiras: em primeiro lugar, está constantemente se movendo em uma direção, e em termos de vida humana, está se movendo rapidamente em direção a um fim. Em segundo lugar, o seu final não é conhecido, já que o futuro não pode ser predito. Terceiro, não pode ser visto ou sentido de forma alguma, o que Seneca diz é provável por que as pessoas não o valorizam enquanto estão preocupados em fazem riqueza e conseguir posses materiais. Ele acusa os homens de gastar energia quando se trata de tempo, e desconsiderando a velocidade em que vem e vai, desperdiçando-o em coisas tolas; As pessoas agem como se o tempo fosse infinito e elas fossem imortais. Os homens perderem tempo em luxúrias, paixões, embriaguez e festas. Quando todas essas coisas são adicionadas juntas, há pouco tempo para viver verdadeiramente.
As pessoas costumam dedicar-se ao quase que exclusivamente ao trabalho e se mantem ocupados com ele, mas, em última instância, elas o fazem com o objetivo de poder ter lazer. Nesse sentido, elas estão basicamente abandonando o lazer até um certo ponto que elas não têm certeza do que fazer, desperdiçando ainda mais tempo. As pessoas ocupadas não encontram tempo para refletir ou simplesmente desfrutar de sua própria empresa, pois, no presente, estão absorvidas pelas preocupações do momento, e elas temem o futuro ou ignoram, e ressuscitam o passado. E quando conseguem algum lazer, ou quando finalmente acham tempo para estar sozinhos, as pessoas ainda precisam encontrar algo para distraí-las da ansiedade do passado e do futuro.
Aquele que gosta de sua própria empresa ou de seu emprego, e tem tempo para o lazer, no entanto, é alguém que é mestre de si mesmo e tem o controle total de suas paixões. Ele olha para trás no passado com prazer por tudo o que ele fez, e gosta do presente, e antecipa o futuro e tudo o que o dinheiro tem para trazer para ele. Basicamente, todo o tempo que lhe é dado é verdadeiramente dele. Como ele usa todo o tempo da melhor maneira possível, nenhum tempo pode ser roubado dele. Seneca descreve que o homem ocupado não tem tempo para a eloquência, pensamento e reflexão, mas o filósofo usa exatamente seu tempo sobre essas coisas, e neste lazer pode ser realmente apreciado e a vida pode ser vivida ao máximo.
Seneca afirma que todas as coisas são uma perda de tempo, exceto a filosofia. Quando se ocupa, o tempo torna-se curto e passa rapidamente, e quando se deixa consumir no vício, seu tempo também é desperdiçado. Quando se passa o lazer na filosofia e na contemplação, se aproveita o tempo. A pessoa fica prudente e antecipa o futuro, preparando-se para o que acontecer, e aprecia o momento presente com atenção. Quandose tem todas essas coisas, não há tempo perdido. Qualquer coisa que use seu tempo é apenas mais uma experiência para adicionar à sua vida. Esse é o ponto principal de Seneca, e o raciocínio que o conduz.
Agora, se pensarmos para que propósito nós recebemos esse tempo? A visão estóica diria que nos é concedido para que possamos alcançar grandeza e excelência filosófica. Se este for o caso, então, simplesmente, refletir sobre a filosofia seria definitivamente viver ao máximo. Tratar todos os dias como se fossem o seu último, como diz Seneca, seria a chave para esta vida, pois, como seus últimos dias são desconhecidos, é melhor estar seguro e estar sempre preparado para morrer com o dever cumprido. O que nos leva a este próximo questionamento: Nosso propósito de vida é aprender a morrer. Seneca apontou para isso, quando ele diz que os grandes homens, que são os mestres de si mesmos, sempre ensinarão a você a morrer. Vivemos para morrer.
Como se prepara para a morte? Deve-se viver primeiro e, para viver, deve-se procurar e encontrar a sua realização. E como cumprir isso? Acredito que através da sabedoria. Pense, as pessas anseiam por experiências, e na falta delas ficam aborrecidas e insatisfeitas. Então não são necessariamente as experiências que se procura, mas o que pode ser retirado das experiências; maior sabedoria. Dito isto, a ideia de Seneca de que a filosofia é a maneira de viver não é errada. A filosofia é, literalmente, "o amor a sabedoria", de modo que, definitivamente, daria a pessoa o cumprimento do que se busca.
Sêneca ainda diz que as pessoas ocupam sua vida com o trabalho, mas esquecem totalmente de saborear o presente, sempre antecipando o futuro com agonia e lembrando o passado com completa insatisfação.
"Parece que nada se pede e nada é dado. Brinca-se com a coisa mais preciosa de todas (o tempo); contudo ela lhes escapa sem que percebam, pois é incorporal e algo que não salta aos olhos, por isso é considerado desprezível, e em razão disto não lhes atribuem valor algum. Os homens concentram seus prazeres e esforços na aquisição de bens materiais, mas ninguém da valor ao tempo; usa-se e abusa-se dele a rédeas soltas, como se nada custasse. Porém, quando doentes e próximos do perigo da morte, prostram-se de joelhos e estão prontos para gastar todos os seus bens em troca de um pouco mais de tempo de vida."
"Um homem ocupado não pode fazer nada bem: não pode se dedicar a nada em profundidade e plenitude, uma vez que seu espírito, ocupado em diversas coisas, não se aprofunda em nada, mas ao contrário, tudo rejeita, pensando que tudo lhe é imposto."
"O ócio de alguns é ocupado: mesmo em meio à solidão, mesmo quando afastado de todos, vivem em um estado, não de ócio produtivo, mas sim de ocupação indolente."
"Pobre daquele que, cansado mais de viver do que de trabalhar, sucumbe às suas próprias ocupações."
"Certamente, miserável é a condição de todas as pessoas ocupadas, mas ainda mais miserável é a daqueles que sobrecarregam a sua vida de cuidados que não são para si, esperando, para dormir, o sono dos outros, para comer, que o outro tenha apetite, que caminham segundo o passo dos outros e que estão sob as ordens deles nas coisas que são as mais espontâneas de todas – amar e odiar."
Em "Sobre a firmeza do sábio", Seneca diz que o sábio não é afetado pelas injúrias e não pode ser ofendido. Isso não significa que não pode ser o objeto destes, mas que, mesmo que seja, eles não vão pertubá-lo. Ao lidar com injúrias e os infortúnios, ele argumenta que a única verdadeira maldade para os sábios é a indecência, isto é, a desonra ou a falta de virtude, e que, já que os sábios já possuem a virtude, ele não pode receber esse mal, mas se defende ao resistir à grandeza de sua mente. No caso de ofensas, o mesmo é seguido. As ofensas são mais fracas, a prova disso é que nem sequer são levadas em consideração e geralmente são a queixa dos mais fracos e dos mais ociosos. O homem sábio não olha para eles nem os considera ridículos, nem ele usa contra eles sua virtude.
Virtude significa que o sábio não vê seu espírito alterado por nada. O homem sábio não conhece a esperança ou a apreensão. Em suma, serenidade é o mais exclusivo e mais precioso bem do sábio.
Para quem não sabe quem é Seneca, ele é um filósofo, dramaturgo e político, Lúcio Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, por volta de 4 a.C. E se mudou para Roma ainda jovem para estudar retórica e Filosofia, e por lá exerceu durante grande parte da sua vida trabalhos em altos cargos políticos, ao lado de, Calígula e Nero. E Nero lhe deu a ordem para cometer suicídio depois de sido acusado de conspirar contra o então imperador. Os trabalhos de Seneca são conhecidos por abordar temas comuns ao cotidiano das pessoas como amizade, educação, vida e morte.
Este livro é surpreende e incrível, ainda mais por ser um livro escrito há quase dois mil anos e aborda temas que são e sempre serão atuais, este livro nos faz refletir sobre muitos temas, como a importância de estabelecer metas; o quanto as pessoas pulam de um prazer para outro para no fim desperdiçar o tempo e não se chegar a nada; a importância de se cultivar um certo isolamento do barulho da multidão para buscar tranquilidade e paz; não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje; e para conseguir uma vida plena e satisfatória é necessário focar no que realmente é importante e deixar de lado vícios e outras coisas fúteis que não agregam nada à nossa vida de verdade, e sim, buscar o auto conhecimento e focar em suas realizações e na sua família.
"Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro."
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