9.1.18

[Resenha #1461] Morte de um Caixeiro-Viajante e Outras 4 Peças - Arthur Miller @cialetras


Morte de um Caixeiro-Viajante e Outras 4 Peças
Coleção Listrada
Arthur Miller
ISBN-13: 9788535915785
ISBN-10: 8535915788
Ano: 2009
Páginas: 464
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Classificação: 4 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Escrita em 1949, A morte de um caixeiro-viajante subverte a clássica história da queda trágica do herói para contar a história de Willy Loman, um vendedor de sessenta e poucos anos que vê sua vida familiar e profissional sucumbir à revelia de sua ilusão de grandeza. Willy crê representar o típico herói do sonho americano, por mais que o relativo fracasso de sua vida deponha em contrário.
A ambígua relação de dependência com o filho Biff, no qual projeta o sucesso que ele próprio gostaria de ter alcançado, é o principal conflito da trama. Em sua estreia em 1949, a peça teve 742 apresentações e garantiu a Miller um Pulitzer e um Tony, entre outras premiações.
As bruxas de Salém é baseada em eventos verídicos que ficaram conhecidos como os Julgamentos das Bruxas de Salém. No ano de 1692, em Massachusetts, cerca de 150 pessoas foram processadas por bruxaria, resultando em várias execuções. Escrita no início dos anos 1950, a peça é uma alegoria do macarthismo, perseguição anticomunista empreendida nos EUA nesse período, e da qual o Miller foi vítima, quando o interrogaram e condenaram por não denunciar os colegas comunistas. O próprio Miller adaptou a peça para o cinema em 1996, em produção estrelada por Daniel Day-Lewis e Winona Ryder.
As outras três peças incluídas nesse volume são menos conhecidas do público, mas igualmente brilhantes, ocupando posição importante na produção do dramaturgo. Um homem de sorte foi escrita em 1940 e conta a história de David Beeves, um mecânico automotivo abençoado por uma incrível boa sorte. Trata-se de uma fábula sobre a tendência do homem em considerar-se marionete do destino em vez de agente de sua própria ruína ou fortuna.
Publicada em 1947, Todos eram meus filhos conta a história de Joe Keller, um típico pai de família que se vê responsável pela morte de pilotos americanos na Segunda Guerra - seu filho Larry incluído - depois de vender peças defeituosas ao exército. Levantando questões sobre responsabilidade social e a validade dos ideais americanos da época, a peça antecipa temas que seriam retomados em A morte de um caixeiro-viajante e foi um sucesso de público.
Um panorama visto da ponte, encenada pela primeira vez em 1955, gira ao redor de uma família de imigrantes italianos que vive num bairro sob a Ponte do Brooklyn, numa comunidade pautada pelos códigos sociais dos sicilianos. A espiral trágica do estivador Eddie Carbone tem início quando dois parentes de sua esposa chegam da Itália e um deles se envolve com sua afilhada Catherine.


Resenha:

Arthur Miller é um dos maiores nomes da dramaturgia norte-americana. Ele era filho de um casal de imigrantes judeus polacos. Suas peças mais famosas são a Morte de um Caixeiro Viajante e As Bruxas de Salem, e por se ter casado com a atriz Marilyn Monroe.

A primeira peça do livro é O homem de sorte (1944), depois é seguido das: Todos eram meus filhos (1947),  A morte de um caixeiro viajante (1949), As bruxas de Salém (1953) e Um panorama visto da ponte (1955).

Em "Um homem de sorte" vamos conhecer David Frieber, o típico sujeito de sorte que ganha tudo, tudo dá certo em sua vida, e tudo isso sem ter que fazer qualquer esforço. Ele acredita que ele deve, de algum modo, ganhar tudo o que vem para ele. Essa boa fortuna e a complexa interação das forças sociais que ele não pode controlar também contribuem significativamente para o seu sucesso, mas é uma ideia que o perturba. Na busca de tornar-se auto suficiente, ele se retira da sociedade, de sua família e, finalmente, de si mesmo. No meio de sua obsessão com o fato de que outros o ajudaram, ele é incapaz de ver que ele já demonstrou sua habilidade. Em sua ilusão de que ele pode medir-se, ele desiste de tudo o que ele possui e começa um novo negócio. A loucura de David parece um pouco forçada, tornando muito óbvio que Miller tem um ponto a provar, que é o de que alguns lutam tanto para conseguir algo e não consegue, enquanto outros que talvez nem tenham talento, apenas sorte, conseguem tudo.

Em "Todos eram meus filhos", Miller chega ainda mais perto do diálogo fluente e da estrutura dramática cuidadosamente trabalhada nessa pela, seu primeiro sucesso na Broadway e a primeira peça que ele considerou madura o suficiente. Nessa peça vamos conhecer a família Keller, e seus problemas, o sumiço do filho deles, Larry, na guerra; o caso envolvendo a venda de peças estragadas para aviões de guerra, que acabou por causar a morte de muitos soldados. As peças estragadas foram enviadas pelo pai de Ann, que era a antiga namorada de Larry e que voltou para casar com o irmão dele, Chris. Essa é uma peça bastante triste.

"Morte de um Caixeiro-Viajante" é uma peça de teatro mais famosa escrita por Arthur Miller. Conta a história da família Loman, onde Willy Loman é o patriarca que sustenta a casa sendo um caixeiro viajante. Linda Loman é a esposa, está sempre ao lado do marido e cuidando da casa e dos filhos, mas ultimamente anda preocupada, pois o marido está passando por momentos difíceis e está reagindo de uma forma suicida. Os filhos do casal são Biff, o mais velho, e Happy. Biff descobriu algo sobre seu pai e o relacionamento dos dois ficou muito abalado durante anos. Durante a peça, Willy muitas vezes se vê arrependido por não ter seguido para o Alasca junto com seu irmão Ben.

A descrição das cenas são excelente, e te faz se sentir dentro da história. O livro possui uma forma de flashback bem interessante, onde Willy não sai de cena e fica preso em seus devaneios. A história se passa após a Grande Depressão de 29. O cenário era de crise, e as vendas estavam difíceis. E para piorar, a maioria dos clientes do protagonista ou morreram ou se aposentaram deixando os filhos continuarem os negócios, e ele não se preocupou em ir atrás de um mercado que aos poucos foi surgindo, resumidamente, ele vendia bem e se acomodou, logo, quando o mercado mudou ele sentiu uma necessidade de ir atrás de novos clientes, mas já era tarde demais. O comodismo é um dos piores pecados que um empreendedor pode cometer. Essa peça é bem reflexiva, fazendo com que possamos pensar mais nossas atitudes e como eles repercutirão no futuro.



Com resumos históricos incisivos, Miller, em "As bruxas de Salém", caracteriza a comunidade de Salem, Massachusetts, em 1692, que foi assediado por disputas de propriedade, no fervor religioso e por uma crescente falta de confiança entre seus cidadãos. Em vez de enfrentar a sua turbulência interior, alguns dos cidadãos de Salem procuram bodes expiatórios, pessoas que podem assumir o sentimento de derrota e frustração da sociedade, que podem ser punidos e que podem levar por meio da execução o peso da culpa da sociedade. Em suma, os puritanos buscam sinais do diabo e adoração do diabo em seu meio para dissolver suas próprias divergências. Embora John Proctor fale contra a cegueira de sua comunidade, às verdadeiras causas de sua corrupção, ele não compartilha do mesmo grau a ingenuidade dele, a indignação juvenil com a injustiça e a inocência praticamente pura como dissidente. Pelo contrário, ele eventualmente se opõe à caça às bruxas, Proctor quase renuncia ao seu bom nome, confessando a bruxaria, até que ele perceba que, seja sua culpa e responsabilidade pela corrupção da comunidade. Como Willy Loman, Proctor reafirma seu próprio nome - "Eu sou John Proctor!" - e prefere seu próprio pecado ao teste severo de sua sociedade por sua redenção.

Esta não é apenas a peça de Proctor, no entanto, e tão importante quanto suas implicações morais e políticas - foi primeiro recebida como uma parábola sobre o macartismo e a histeria dos anos 50 sobre o comunismo nos Estados Unidos. Ele é capaz de dramatizar toda uma sociedade e mostrar a interação da psicologia individual e grupal.

Em "Um panorama visto da ponte" vemos a história de Catherine, que se apaixona pelo italino Rodolpho, mas Eddie começa a desconfiar que Rodolpho só quer o green card.

Suas peças são um retrato fiel de uma época de pós-guerra nos Estados Unidos, que moldou a sociedade com valores do “sonho americano” e com a histeria do anti-comunismo. Seus textos falam de homens comuns, seus medos, tristezas,  paixões, sonhos e com isso mostrar a que a vida de pessoas comuns é possível aprender tanto, e tirar lições de vida. Recomendo!




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