O Fim do Homem Soviético
Svetlana Aleksiévitch
ISBN-13: 9788535928266
ISBN-10: 853592826X
Ano: 2016
Páginas: 596
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 5 estrelas
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Sinopse: O povo russo assistiu com espanto à queda do Império Soviético. A política de abertura do governo Gorbatchóv impôs uma mudança drástica da estrutura social, do cotidiano e, sobretudo, da direção ideológica da população. Em O fim do homem soviético, Svetlana Aleksiévitch examina a vida das pessoas afetadas por essa transformação. Em cada personagem está um pouco da história russa — a mãe cuja filha morreu em um atentado; a antiga funcionária do Partido Comunista que coleciona carteiras abandonadas de ex-filiados; o velho militante que passou dez anos em um campo de trabalhos forçados.
O livro traz um painel fantástico de russos de todas as idades que se movem entre a possibilidade de uma vida diferente e a derrocada da sociedade que conhecem.
Resenha:
O Fim do Homem Soviético é o retrato nu e cru do colapso de um império: num curto lapso, 14 repúblicas soviéticas cortaram o vínculo com a Rússia, tornando-se independentes. A autora dá voz também aos protagonistas dos acontecimentos, homens e mulheres que passaram pelas gerações de Stálin, Khruschóv, Brêjniev e Gorbatchóv. Ela ouviu relatos de pessoas reais, em diferentes contextos, do mundo soviético.
As promessas de liberdade e de democracia ludibriaram as expectativas e aqueles que foram para a rua manifestar-se desiludiram-se. O fim da URSS trouxe muitas dúvidas. Milhares de pessoas que cresceram nessa época, estudaram a sua história, cultura, tradições, e de repente estão uns contra os outros por que agora pertencem a países diferentes. A liberdade adquirida não cumpriu com as promessas de uma mundo melhor, em que todos pudessem desfrutar das potencialidades europeias e norte-americanas. As roupas de marca e eletrônicos não trouxeram a felicidade. A miséria era gritante, mas todos viviam com dificuldades, com o advento da democracia, muitos enriqueceram, controlando a riqueza, e os que viviam na miséria perderam até o que tinham, continuaram a ser explorados e roubados de seus bens. Será que a revolução valeu a pena? Alguns ainda olham com esperança para este tempo, a maioria parece viver na nostalgia de uma passado mais ou menos glorioso.
"O que eu posso lembrar? Vivo como todo mundo. Teve a perestroika... O Gorbatchóv... A carteira abriu a cancela: 'Você ouviu, não tem mais comunistas'. 'Como não?' 'Fecharam o Partido.' Ninguém atirou, nada. Agora dizem que foi uma grande potência e que perdemos tudo. Mas o que foi que eu perdi? Do mesmo jeito que eu vivia na minha casinha sem qualquer comodidade — sem água, sem esgoto, sem gás — eu, continuo vivendo. Trabalhei honestamente a vida inteira. Dei duro, me acostumei a dar duro. E sempre recebi meu dinheiro. Eu antes comia macarrão e batata, e agora continuo comendo. Uso o meu casaco soviético surrado. E temos cada neve aqui! (...) No inverno, ficamos cobertos de neve, o vilarejo inteiro fica debaixo de neve: as casas, o carros. Às vezes os ônibus ficam semanas sem passar. E lá na capital? Daqui até Moscou são mil quilômetros. Vemos a vida moscovita pela televisão, como se fosse um filme. Conheço o Pútin e a Alla Pugatchova... de resto, ninguém... Os protestos, as manifestações... Mas aqui nós continuamos a viver como antes. Tanto no socialismo como no capitalismo. Para nós, 'brancos' e 'vermelhos' são a mesma coisa. Temos que esperar a primavera. Plantar as batatas... (Longo silêncio) Tenho sessenta anos... Não vou à igreja, mas preciso conversar um pouco com alguém. Conversar sobre outras coisas... De como não tenho vontade de envelhecer, não quero de jeito nenhum envelhecer. E que pena é ter que morrer." - Observações de uma cidadã ".
"Eu nasci soviética... Nossa avó não acreditava em Deus, mas acreditava no comunismo. Nosso pai esperou até o fim da vida a volta do socialismo. Já tinha caído o muro de Berlim, a União Soviética tinha desmoronado, e ele mesmo assim continuou esperando. Brigava constantemente com o melhor amigo, quando ele chamava a bandeira de trapo vermelho. Nossa bandeira vermelha! Escarlate! Meu pai lutou na guerra da Finlândia; ele nunca entendeu por que estavam lutando, mas era preciso ir, e ele foi "
"Crescemos em meio a carrascos e vítimas. Para nós é normal vivermos juntos. Não há limite entre o estado de paz e o de guerra. É sempre guerra. Você liga a televisão, e todos estão falando como bandidos: os políticos, os homens de negócio, o presidente. Propinas, subornos, rateios… A vida humana não vale um tostão. Como na cadeia.Por que nós não julgamos Stálin? Eu vou te responder… Para julgar Stálin, teríamos que julgar nossos parentes, nossos conhecidos. As pessoas mais próximas.""O Fim do Homem Soviético" é um livro extraordinário que nos permite conhecer a alma russa e soviética. Foi incrível ler sobre as pessoas reais que viveram esse período, histórias que nos fazem sentir dentro daquele contexto e daquele momento da história. É um livro que nos faz refletir, e para entender a passagem da União Soviética para a Rússia, e de como existe tanto saudosismo em relação à URSS. Recomendo.
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