15.1.18

[Resenha #1537] As Fúrias Invisíveis do Coração - John Boyne @cialetras


As Fúrias Invisíveis do Coração
John Boyne
ISBN-13: 9788535929775
ISBN-10: 8535929770
Ano: 2017
Páginas: 536
Idioma: português 
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 4 estrelas

Sinopse: Cyril Avery não é um Avery de verdade ou, pelo menos, é o que seus pais adotivos lhe dizem. E ele nunca será. Mas se não é um Avery, então quem é ele? Nascido nos anos 1940, filho de uma jovem solteira expulsa de sua comunidade e criado por uma família rica irlandesa, Cyril passará a vida inteira à mercê da sorte e da coincidência, tentando descobrir de onde veio — e, ao longo de muitos anos, lutará para encontrar uma identidade, uma casa, um país e muito mais. Além das incertezas de sua origem, ele tem de enfrentar outro dilema: é gay numa sociedade que não admite sua orientação sexual. Autor do best-seller O menino do pijama listrado, John Boyne nos apresenta à sua maior empreitada literária até então, construindo uma saga arrebatadora sobre aceitar-se e ser aceito num mundo que pode ser cruelmente hostil. Uma leitura necessária para os dias de hoje, que reitera o poder do amor, da esperança e da tolerância.



Resenha:

Nesse novo romance de John Boyne somos apresentados a Cyril Avery, personagem principal da narrativa; nascido em 1945, ele foi dado em adoção pela sua mãe adolescente, que não tinha condições de cria-lo; logo no início do livro acompanhamos a difícil Jornada de Catherine, mãe biológica de Cyril, que quando descobre a gravidez é expulsa da sua pequena cidade.


Cyril acaba sendo adotado por Charles e Maude Avery, que nunca deixaram faltar nada material para ele, mas sempre mantiveram uma relação distante e peculiar com a criança, fazendo questão de enfatizar que eles eram seus pais adotivos, e que ele não é um Avery de verdade. Durante sua infância, na casa onde mora, Cyril acaba conhecendo Julian, filho de um amigo do seu pai adotivo, por quem logo desenvolve uma grande afeição.
“Eu aceitava que era apenas uma criatura viva dividindo a casa com dois adultos na maior parte do tempo alheios um ao outro”. Pág 57
Os anos passam e Cyril acaba estudando em um colégio interno, onde reencontra Julian, e vive conflitos na adolescência devido a sua sexualidade, ele nunca gostou de meninas, e tenta conviver com a paixão que sente pelo seu melhor amigo.


Ao decorrer do enredo a gente acompanha Cyril em várias etapas de sua vida, na verdade acompanhamos diversas fases dele, de 7 em sete anos, desde de a infância até a velhice. E durante esse tempo vemos os dilemas que o personagem vive devido ao fato de ser homossexual numa sociedade Irlandesa totalmente preconceituosa no século passado, onde gays eram espancados e presos por serem considerados criminosos. Além disso, vemos também o dilema do personagem principal em relação a sua origem, e no relacionamento com seu pais adotivos.
“Respirei fundo. Depois de tanto tempo, tinha chegado a hora. “acho que sou meio esquisito”, contei. “Os outros garotos da minha classe vivem falando em meninas, mas eu nunca penso em menina nenhuma, penso só em meninos’. Pág 164
Esse livro é daqueles que enchem nossa alma, que nos permite acompanhar a vida, os desafios, as perdas, as decepções, e as conquistas de um personagem muito real; de como naquela época a sexualidade era um tabu maior do que é hoje, e de como isso afetou a vida não só de Cyril, mas de muitos à sua volta.
“Ocorreu-me uma frase, algo que Hannah Arendt havia dito certa vez a respeito do poeta Auden: que a vida manifesta no seu rosto as fúrias invisíveis do coração”. Pág 366
Durante a leitura é palpável o amadurecimento do personagem principal, mas também dos secundários, que são muito bem desenvolvidos, como Julian; Charles, o pai adotivo, e a mãe biológica de Cyril. O livro também nos surpreende com reviravoltas no enredo, que me deixaram mais encantada ainda com a capacidade de escrita e o poder narrativo de John Boyne. Além dos personagens existentes, o autor nos trás a própria Irlanda como um personagem conservador.



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