5.4.18

[Resenha #1598] Contra Todas as Probabilidades do Amor - Rebekah Crane @FaroEditorial @RebekahCrane


Contra Todas as Probabilidades do Amor
Quando você tem esperanças... Ainda pode mudar tudo.
Rebekah Crane
ISBN-13: 9788595810105
ISBN-10: 8595810109
Ano: 2018
Páginas: 240
Idioma: português 
Editora: Faro Editorial
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Compre: Amazon
Sinopse: Sejam bem-vindos ao acampamento Pádua. Um retiro de verão para adolescentes problemáticos. Mas não se tratam de problemas comuns, como não querer estudar, mentir ou colar na prova. Não! Estamos falando de problemas reais. Alguns deles tão grandes, tão sérios, que até um adulto desmoronaria sob o peso deles. No acampamento, Zander, uma garota enviada pelos pais contra a sua vontade, encontra uma série de adolescentes na mesma situação, e com três deles ela estabelece uma relação de amizade — Grover, Alex e Cassie. Todos os quatro são tão diferentes quanto as pessoas podem ser, mas têm algo em comum — eles estão quebrados por dentro. Em meio às sessões de grupo e, à medida em que o verão dá as caras, os quatro revelam seus trágicos segredos. Zander encontra-se atraída pelos encantos de Grover, e então começa a se perguntar, depois de muito tempo, se pode apostar em ser feliz novamente.Mas, antes, ela precisa lidar abertamente com seus problemas, para poder juntar seus pedaços e reconstruir sua vida Você pode pensar que se trata de uma história triste. E há partes duras sim, mas, Rebekah Crane consegue mostrar como na dificuldade podemos encontrar uma saída. Isso é uma das coisas que faz o livro completamente encantador, divertido e doce, capaz de deixar em você um grande sorriso no rosto.

Resenha:

Publicado pela Faro Editoral, o livro Contra todas as probabilidades do amor, da autora Rebekah Crane, nos leva para o Acampamento Pádua para adolescentes complicados. Esqueça problemas com desobediência, notas ruins e rebeldia. Estamos falando de jovens que carregam fardos pesados demais nas costas. Entre eles, um grupo de desajustados com um passado difícil e um presente pouco animador. 




“Só para esclarecer: as pessoas que são realmente loucas não sabem que são loucas.” (pág. 14)
“Mas as coisas funcionam assim mesmo, todos nós fracassamos no final. Todos nós afundamos, não importa quantas vezes tentem nos puxar de volta para a superfície.” (pág. 16)
“Todo adolescente é deprimido. É a nossa especialidade.” (pág. 21)
“Algumas pessoas gostam de esperar pelo inevitável. Mas esperar nunca foi o meu forte.” (pág. 28)
Os pais de Zander só queriam ver a filha sem toda aquela apatia em torno dela. Por isso, a levam para o acampamento. Por lá, Zander conhece três pessoas que vão mudar a forma como ela está vivendo: Grover sempre anda com um caderninho de anotações porque precisa anotar tudo o que é real. Seu pai sofre com esquizofrenia, e as probabilidades dele também ter essa perturbação mental são poucas, mas, ainda assim, existem e estão por aí; Cassie não acha nada interessante ingerir qualquer tipo de comida, por isso se entope de remédios para emagrecer. Sua magreza, infelizmente, é um dos resultados de uma vida de decepções; e, por fim, temos Alex, se bem que ficamos na dúvida se esse é o nome dele de verdade, já que Alex (?) é um mentiroso compulsivo. Apesar das mentiras, a verdade que ele guarda dentro do peito é maior do que tudo. 
“Quando respiramos juntos, nós nos tornamos parte de algo maior do que nós mesmos.” (pág. 55)
“A verdade não agrada a maioria das pessoas.” (pág. 82)
“Às vezes, quando a vida é barulhenta demais, o silêncio se torna essencial.” (pág. 98)
“(...) é mais fácil encontrarmos a nós mesmos quando outra pessoa nos ajuda nessa busca.” (pág. 107)
“Todo o mundo que está trancafiado quer encontrar uma saída. O que a maioria das pessoas não percebe é que sempre vai existir outra porta trancada.” (pág. 123)
“Eu me sinto muito só. Eu costumava gostar desse sentimento, mas agora não mais.” (pág. 132)
Além dos três, Zander também vai conhecer um pouco mais do acampamento e dos outros adolescentes e das histórias que eles têm para contar. No Círculo da Esperança, ela participa de terapias em grupo. Na praia, aprende a lidar com a sua vontade de não subir para a superfície. No espaço para arco e flecha, compreende que carrega uma guerreira dentro de si. E, melhor ainda, Zander entende o poder das palavras, da amizade, do amor e da vida. 
“Sem confiança nós perdemos a fé. Se perdemos a fé, perdemos a esperança. E, se não tivermos esperança, o que é que nos resta?” (pág. 138)
“As pessoas podem se afogar dentro do seu silêncio tão facilmente quanto se afogariam dentro de uma piscina.” (pág. 159)
“Existir significa saber que um dia você não vai mais existir, concorda?” (pág. 163)
“Algumas pessoas se sentem mais confortáveis presas em suas próprias armadilhas.” (pág. 186)
“Porque a realidade pode ser feia, com pessoas perdidas e desajustadas, mas essas pessoas ainda assim podem ser lindas.” (pág. 190)
“A vida é estranha. Eu não sei por que as coisas acontecem do modo como acontecem. Mas sei que estar vivo é assim. É um verbo. Uma ação.” (pág. 233)
O livro é dividido nas seis qualidades que toda pessoa deveria possuir. Essas qualidades são propostas pelo Acampamento Pádua: conhecer a si mesmo, trabalho em equipe, lealdade, coragem, perseverança e esperança. Durante a leitura, todos os personagens passam por provações que colocam em evidência essas qualidades. Cada parte da história é separada por um pequeno texto direcionado a algum parente e escrito por um dos personagens. O acampamento pede para que cada campista escreva para algum conhecido, e a autora usou esses pequenos bilhetes para separar a história.  

A leitura é bem gostava. Isso acontece porque a escrita da autora é bem fluída e leve. Apesar dos problemas que cada personagem enfrenta, ela não força uma empatia no leitor. Pelo contrário, com a ajuda dos diálogos curtos e objetivos, ela criou momentos muito engraçados e tranquilos. A autora faz também algumas analogias, escreve de forma poética em muitos momentos e faz referências muito fofas do filme The Breakfast Club (Clube dos Cinco, 1985). Aliás, se você gosta do filme, assim como eu, tenho uma dica preciosa: ouça a música Don’t You Forget About Me, da banda Simple Minds, nas páginas finais do livro. Depois diga como foi a experiência!

Os personagens cativam, principalmente, por conta dos demônios que enfrentam: indícios de esquizofrenia, automutilação, mentiras compulsivas, anorexia, bulimia e depressão. Eles são carismáticos e reais. São jovens, mas já enfrentaram muitas batalhas. É interessante observar como a nossa personagem principal, Zander, vai se abrindo aos poucos com as outras pessoas do acampamento e com ela mesma. Tudo foi pensado com muito cuidado, a autora vai revelando de pouquinho em pouquinho, com muita delicadeza e precisão, o que ela passou para estar no acampamento. 


Grover demonstra muita maturidade para uma pessoa tão nova. A forma como ele lida com o futuro é desalentadora, mas enriquecedora. Ele também vai estar ao seu lado para guiar seus passos, mas, no final das contas, é você quem está no comando. Por outro lado, a Cassie é a personagem mais difícil de entender. O jeito como ela lida com as pessoas reflete muito o passado terrível que ela teve a infelicidade de participar, mas, até hoje, Cassie ainda é uma incógnita e não sei dizer se gosto ou não dela. 

Por fim, não posso deixar de mencionar rapidamente o trabalho realizado pela Faro Editorial. A capa e a diagramação são as coisas mais lindas que já tive o prazer de ver este ano. É com um trabalho assim que percebemos o quanto a editora tomou cuidado (combinação de cores, fonte, revisão) para levar a essência da história para o leitor. Faro Editorial, vocês estão de parabéns!
E, após refletir muito, o título do livro (Contra todas as probabilidades do amor) não se refere a apenas o amor romântico entre duas pessoas, mas também ao amor que existe em uma amizade. Recomendo para todos que queiram uma leitura rápida, personagens cativantes, belas referências a um clássico do cinema e frases lindas para serem guardadas no coração. 




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