7.4.18

[Resenha #1601] Uma Dobra No Tempo - Madeleine L'Engle @HarperCollinsBR


Uma Dobra No Tempo
Uma Dobra No Tempo # 1
Madeleine L'Engle
ISBN-13: 9788595081758
ISBN-10: 8595081751
Ano: 2017
Páginas: 240
Idioma: português 
Editora: HarperCollins Brasil
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Amazon
Sinopse: Um clássico da fantasia e da ficção científica emerge!
Era uma noite escura e tempestuosa; a jovem Meg Murry e seu irmão mais novo, Charles Wallace, descem para fazer um lanche tardio quando recebem a visita de uma figura muito peculiar.
“Noites loucas são a minha glória”, diz a estranha misteriosa. “Foi só uma lufada que me pegou de jeito e me tirou da rota. Descansarei um pouco e seguirei meu rumo. Por falar em rumos, meu doce, saiba que o tesserato existe, sim.”
O que seria um tesserato? O pai de Meg bem andava experimentando com a quinta dimensão quando desapareceu misteriosamente... Agora, com a ajuda de três criaturas muito peculiares, chegou o momento de Meg, seu amigo Calvin e Charles Wallace partirem em uma jornada para resgatá-lo. Uma jornada perigosa pelo tempo e o espaço. 
Uma dobra no tempo é uma aventura clássica, que serviu de inspiração para os mestres da fantasia e da ficção científica do mundo, agora adaptada para os cinemas pela Disney. Junte-se à família Murray nesta jornada, entre criaturas fantásticas e novos mundos jamais imaginados.



Resenha:

Em Uma Dobra no Tempo, da autora americana Madeleine L’Engle, somos convidados a viajar pelo tempo e espaço em busca do paradeiro do pai de Meg Murry e Charles Wallace. Nossas guias, a Sra. Quequeé, a Sra. Quem e a Sra. Qual, apresentam as maravilhas de planetas desconhecidos e seus habitantes, mas também os perigos que acompanham essa aventura.  


“O normal é que, independente do que acontecer, as pessoas sempre vão achar que a culpa é minha, mesmo que eu não tenha nada a ver com a situação.” (pág.13)
“(..) uma coisa que aprendi é que você não precisa entender as coisas para elas existirem.” (pág. 21)
“– Eu encaro os fatos – disse Meg. – E digo ao senhor que eles são bem mais fáceis de encarar do que as pessoas.” (pág. 24)
“Você não sabe a sorte que tem de ser amada.” (pág. 35)
“(...) não é porque não entendemos alguma coisa que essa explicação não existe.” (pág. 40)
A família Murry está sofrendo todos os dias com a falta de notícias do Sr. Murry. Ele estava fazendo experimentos com a quinta dimensão quando parou de responder as cartas da esposa. Se já não bastasse isso, Meg Murry também não está muito bem na escola. De certa forma, era a presença constante do pai que tornava tudo muito mais fácil. 


“Cantai ao Senhor uma nova canção e louvai até os confins da terra, vós que descem ao mar e tudo que lá se encontra; as ilhas e seus habitantes. Que a floresta e as cidades ergam as vozes; que os habitantes da rocha cantem, que gritem do alto das montanhas. Que tragam glória ao Senhor!” (pág.56)
“Só os tolos não têm medo.” (pág. 83)
“Temos que tomar decisões e não conseguiremos fazer isso se elas se basearem no medo.” (pág.96)
“Se não for infeliz às vezes, você não saberá como é ser feliz.” (pág. 113)
Em um dia como outro qualquer, uma mulher estranha visita a casa da família Murry. Com um nome incomum, Sra. Quequé, ela revela para a Sra. Murry que o tesserato existe. E a partir daí muitas dúvidas surgem. Então, os irmãos Meg Murry e Charles Wallace, e mais um garoto chamado Calvin O’Keefe, que coincidentemente surge no caminho, partem em busca da Sra. Quequeé e das respostas que precisam. 
“Brincar com o tempo e o espaço é muito perigoso.” (pág. 134)
“É tão assustador quanto empolgante descobrir que matéria e energia são a mesma coisa, que tamanho é uma ilusão e que o tempo é uma substância material. Temos como entender, mas é muito mais do que podemos compreender com nossos míseros cérebros de ser humano.” (pág. 134)
“E sabemos que tudo segue o caminho do bem àqueles que amam Deus, àqueles que são chamados conforme o propósito Dele.” (pág.138)
“Não olhamos para as coisas que você chama de visíveis, mas para as coisas que se vê. As coisas que são vistas são temporais. As coisas que não são vistas são eternas.” (pág. 150)
A escrita da autora me lembrou muito C.S. Lewis. Isso fica um pouco mais claro na forma como ela dá prioridade às crianças. Por exemplo, os diálogos são bem complexos, recheados de frases longas e vocabulário rico. Para a autora, fica evidente que não é porque uma criança tem cinco anos nos livros, como o personagem Charles Wallace, que ela deva estar limitada a apenas algumas palavrinhas e pensamentos simples. Parecia que eu estava lendo conversas de adultos com outros adultos. 


Também existe outro elemento de sua escrita que lembra o criador de Nárnia. Em muitos momentos, a autora traz referências religiosas. No caso de uma pessoa que não tem muito contato com o Cristianismo, essas referências podem até passar despercebidas ou serem confundidas com o grande inimigo da história, mas se você está a par desse tema, a sua percepção será bem diferente. 

Os três planetas que são apresentados no decorrer da leitura são o ponto forte do livro. Começamos com “Uriel, terceiro planeta da estrela Malak, na nebulosa espiral Messier 101” (pág. 52), a moradia de seres parecidos com centauros, mas com asas coloridas. Depois, somos apresentados ao planeta Camazotz, que é comando pelo AQUELE. Por último, visitamos um planeta com criaturas repletas de tentáculos pelo corpo.

A única coisa que não me agradou muito em Uma Dobra no Tempo foi o desfecho. No início, o mistério envolvendo o desaparecimento do pai e o significado do conceito de tesserato são o motor do livro. Você fica surpreendentemente animado para desvendar tudo isso, mas o final deixa um pouco a desejar. Para um livro tão bem estruturado, que conseguiu responder as minhas dúvidas, os acontecimentos finais ocorreram de forma muito rápida, sem todo o cuidado que foi colocado na construção da história. O que dá a entender é que a autora estava com pressa para terminar.  

E, apesar da fórmula de “o amor é a nossa arma”, o livro faz com que notemos o quanto a infância é privilegiada pela dádiva de sempre acreditar no impossível. Recomendo para todos os leitores, mas principalmente para todas as crianças que estão sedentas por novas aventuras, e para os adultos que queiram relembrar de momentos que não voltam mais. 


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