27.4.18

[Resenha #1615] Piano Vermelho - Josh Malerman @intrinseca


Piano Vermelho
Josh Malerman
ISBN-13: 9788551002063
ISBN-10: 8551002066
Ano: 2017
Páginas: 320
Idioma: português 
Editora: Intrínseca
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Compre: Amazon
Sinopse: Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se dedicando com reverência à criação — ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição.Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir.Com uma narrativa tensa e surpreendente, Josh Malerman combina em Piano Vermelho o comum e o inusitado numa escalada de acontecimentos que se desdobra nas mais improváveis direções sem jamais deixar de proporcionar aquilo pelo qual o leitor mais espera: o medo.



Resenha:

O livro Piano Vermelho, do autor Josh Malerman, está cercado por um único som. Infelizmente, não se trata de uma história sobre o quanto a música traz lembranças boas ou sensações de maravilhamento. Na verdade, o som do Piano Vermelho desestabiliza os seres humanos e é o que tem de mais aterrorizante no mundo. 




No passado, somos convidados a conhecer a banda Danes, de Detroit. Formada por ex-soldados, eles tentam aproveitar o cenário musical dos anos 50 para produzir novas bandas. Em um determinado dia, os integrantes recebem o convite irrecusável do governo dos Estados Unidos: descobrir a origem de um som. Localizado no Deserto do Namibe, na África, esse som tem o poder de neutralizar armas e sensações, criar ilusões, destruir os seres humanos e muito mais coisas que apenas uma viagem com especialistas poderia descobrir. 
“– A pergunta não é o que você encontrou... mas o que encontrou você.” (pág. 13)
“Depois de uma guerra mundial e uma canção de sucesso, viver livre é o único caminho a ser trilhado.” (pág. 15)
A rotina o dia a dia, o zumbido da existência, o som inaudito do planeta girando, tudo isso foi substituído... pelo som.” (pág. 33)
No presente, o pianista da banda, Philip Tonka, está preso a uma cama de hospital após acordar de um coma de seis meses. Ele foi encontrado com todos os ossos do corpo quebrados. Enquanto convive com uma recuperação que era considerada improvável, Philip cria certo vinculo com a enfermeira Ellen, que também tem seus próprios demônios e consegue entender o que ele está passando. Dividido em duas partes, com capítulos bem curtinhos e uma narrativa que intercala presente e passado, o livro traz as perspectivas de Philip e Ellen, o que ajuda a traçar o caminho percorrido pelos Danes em busca do som e o que aconteceu a cada um deles.  



Piano Vermelho começa com os mistérios logo na capa. A princípio, me perguntei por qual motivo o título trazia um piano, e a capa mostrava uma seringa com um líquido vermelho dentro. Isso por si só já chama a atenção de qualquer leitor, e deixo aqui meus agradecimentos ao Angelo Allevato Bottino, responsável pelo design de capa. Essa foi a minha primeira impressão, mas é claro que ao decorrer da leitura conseguimos entender o motivo para a escolha dessa imagem e para o título do livro. E, já que mencionei a capa, também preciso falar sobre o ótimo trabalho da editora Intrínseca com relação a diagramação. As primeiras páginas de cada capítulo são inteiramente pretas. Essa escolha de cor dá a sensação de que coisas ruins estão por vir na história, o que não é totalmente mentira. 
“– Sinto muito – diz ela. – Acho que estamos todos um tanto feridos.” (pág. 155)
“Se tem algo que se destaca na minha pesquisa é que a história não para. Não fica parada em silêncio. Ela faz barulho.” (pág. 156)
“Um corpo convalescente adormecido é um criadouro de pesadelos.” (pág. 162)
“O que seria o oposto de uma arma?” (pág. 208)
“Haveria guerras em um mundo sem armas?” (pág. 240)
“Até mesmo no deserto, o sol é mais bem-vindo do que a escuridão.” (pág. 255)
“Todo soldado precisa estar preparado para um inimigo ainda mais louco do que ele.” (pág. 257)
“É impossível radiografar a fúria.” (pág. 264)
“Todas as guerras são travadas pelo mesmo motivo. Por causa disso, são todas a mesma guerra.” (pág. 274)
Sobre a escrita de Josh Malerman, o autor usa frases curtas e pouca descrição para construir a história. Assim, além de ser bem objetivo, sua escrita também é fluída. Por ser músico, ele é a melhor pessoa para escrever sobre esse tipo de som ficcional. Seu conhecimento sobre notas, instrumentos e sons fica bem claro durante a construção da história. Em muitos momentos, encontrei alguns nomes específicos relacionados a aparelhagem musical utilizada nos anos 50, mas isso não atrapalhou a fluidez da leitura (já que não tenho esse conhecimento musical). E, falando sobre o som, pensei que seria impossível para o autor descrevê-lo. Mas, indo contra tudo o que eu imaginava, ele conseguiu com maestria.



A única coisa que não gostei foi o relacionamento da Ellen e do Philip, apesar dos personagens mostrarem certa química. Acho que fiquei assim por que a Ellen é uma das poucas personagens femininas na história, bem resolvida e com vontade de auxiliar. Ela tem o discernimento necessário para entender o que é certo e o que é errado, por isso se prontifica a ajudar Philip no hospital. Na minha cabeça, ela não precisava se envolver de forma romântica com ele. Durante a primeira parte do livro, o que dá a entender é que eles se tornariam excelentes amigos, mas, de uma hora para outra, o autor resolveu mudar a situação deles.

Mesmo com esse pequeno detalhe, recomendo o livro Piano Vermelho para todo mundo que gosta de devorar página por página em busca de respostas com relação ao mistério principal da história. A vontade de saber sobre tudo (o som, a origem dele e as consequências para quem o ouve) vai motivar você a terminar Piano Vermelho o mais rápido possível. 



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