30.5.18

[Resenha #1625] Uma Proposta e Nada Mais - Mary Balogh @editoraarqueiro


Clube dos Sobreviventes # 1
Uma Proposta e Nada Mais
Mary Balogh
ISBN-13: 9788580418170
ISBN-10: 8580418178
Ano: 2018
Páginas: 272
Idioma: Português
Editora: Arqueiro
Classificação: 4 estrelas
Skoob
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SINOPSE: Primeiro livro da série Clube dos Sobreviventes, Uma Proposta e Nada Mais é uma história intensa e cativante sobre segundas chances e sobre a perseverança do amor. Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela. Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.Hugo a princípio não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre.



RESENHA: 

Em Uma Proposta e Nada Mais, da autora Mary Balogh, conhecemos um grupo peculiar de sete pessoas. Todos eles escaparam com vida das Guerras Napoleônicas, cinco ex-oficiais militares e a viúva de um oficial morto pelo inimigo: Hugo Emes, lorde Trentham; Flavian Artnott, visconde Ponsonby; Ralph Stockwood, conde de Berwick; Benedict Harper; Vincent Hunt, lorde Darleigh; e Imogen Hayes, lady Barclay. Eles foram acolhidos na casa de campo de George Crabbe, duque de Stanbrook, que se tornou o sétimo membro do Clube dos Sobreviventes. 
Eram sobreviventes e tinham força para levar a vida adiante. Contudo, de uma forma ou de outra, também carregavam cicatrizes. Entre eles, não precisavam esconder isso.” (pág. 7)
“As pessoas compreendem a linguagem do coração, mesmo que a cabeça nem sempre consiga.” (pág. 11)
“A negatividade podia ser assustadoramente contagiosa.” (pág. 16)
“A vida era curta demais para perder tempo com lamentações. Havia sempre muito o que comemorar.” (pág. 18)
“Ele se recuperara de suas feridas até onde fora possível.” (pág. 21)
“Teria aquela atração inesperada e um tanto ridícula alguma relação com a igualmente inesperada onda de solidão que ela sentira na praia, pouco antes de se encontrarem?” (pág. 38)
“Quando as feridas saravam, tudo deveria se curar. A pessoa deveria voltar a ficar inteira. Parecia fazer sentido.” (pág. 47)
“Às vezes, a vida é complicada demais para que haja uma resposta simples para uma pergunta simples.” (pág. 57)
Após criarem um forte laço de amizade, todos eles combinaram de se reunir sempre que possível na casa do duque de Stanbrook, para não só reforçar o companheirismo que surgiu das feridas internas e externas de uma guerra, mas também para colocar a conversa em dia. Hugo, não muito diferente de seus amigos, carrega cicatrizes por ter comandado uma missão suicida. Por causa de sua bravura recebeu um título de nobreza e uma identificação como herói de Badajoz, que ele acredita ser desnecessário. Sem contar esse grande fardo que ele precisa carregar nas costas, seu pai faleceu e deixou a responsabilidade de toda a riqueza e negócios da família para Hugo. 
“Tinha muito a aprender. Crescera em Londres e partira para a guerra.” (pág. 69)
“Seria possível resistir à companhia de lorde Trentham?” (pág. 72)
“Felicidade e satisfação não eram a mesma coisa, eram?” (pág. 76)
“Acho que o mar nos lembra do pouco controle que temos sobre a vida, por mais que tentemos planejar e organizar tudo com cuidado. Tudo muda da forma mais inesperada e tudo é assustadoramente imenso. Somos pequenos demais.” (pág. 81)
“Apesar de tudo que se possa dizer em contrário, vale a pena viver até o último suspiro com que a natureza nos presentear.” (pág. 88)
“O medo deve ser desafiado, foi o que descobri. Ele fica poderoso quando permitimos que nos domine.” (pág. 100)
“Para alguém com algum senso de autopreservação, ele parecia ter uma tendência e tanto à autodestruição. Uma contradição intrigante.” (pág. 103)
Na casa de lorde Stanbrook, ele confidencia aos amigos que o tempo de reclusão tinha acabado. Agora, Hugo precisa encontrar uma esposa. Não só isso, ele também precisa tirar Constance, sua meia-irmã, das garras de Fiona, sua madrasta, enquanto ela ainda é jovem e tem tempo para apreciar a socialização da aristocracia e encontrar um marido. O Clube dos Sobreviventes, em uma brincadeira inocente, encoraja Hugo a pedir em casamento a primeira mulher que encontrar na praia perto da casa de Stanbrook. 
“Tinha experimentado a paixão recentemente e não queria isso de novo. Era intenso demais, doloroso demais.” (pág. 137)
“Sonhos de juventude são preciosos. Não devem ser considerados irrealistas e tolos só por serem jovens.” (pág. 149)
“Ninguém pode experimentar o casamento. Quando se entra nele, não há como sair.” (pág. 150)
“A vida era feita de escolhas, e cada uma delas, mesmo as mais insignificantes, faziam diferença na trajetória da pessoa.” (pág. 158)
“O que acontece com o amor quando o romance acaba, George?” (pág. 211)
“Quando você não ama a si mesma, não tem condições de amar mais ninguém. Não de maneira completa e verdadeira.” (pág. 235)
“(...) não importo com o número de mundos que teremos que atravessar para descobrir nosso próprio mundinho.” (pág. 272)
Para satisfazer as gracinhas dos amigos, Hugo realmente vai para a praia, mas sem a intenção de fazer o que eles falaram. Como obra do destino, Gwendoline Grayson, lady Muir, também estava caminhando em direção ao mesmo lugar. Na verdade, ela só estava ali após uma discussão com Vera, uma colega com quem está passando os dias. Gwen precisava espairecer a mente, mas acabou pensando no fato de ainda estar sozinha mesmo após sete anos da morte do marido. Sem querer ela acaba machucando o tornozelo após cair. Vendo o estado dela, Hugo se aproxima para ajudar. Como era de se esperar, Gwen aceita a oferta com relutância. 


Após o diagnóstico, Gwen é aconselhada a permanecer junto com o Clube dos Sobreviventes por alguns dias. Por lá, conhecerá um pouco mais sobre aquelas pessoas e os demônios que cada uma carrega. Mais do que isso, ela aprenderá a lidar com a personalidade sombria de Hugo, sua amabilidade nas horas mais incomuns e na atração que os dois sentem um pelo outro. Mesmo Hugo sendo um lorde, ele não pertence ao mundo aristocrático, o que fica óbvio com o passar do tempo. E, igualmente, Gwen não pertence ao mundo dele. Será que eles resolverão esse dilema?

O livro intercala a narração em terceira pessoa de Gwen e Hugo, o que é ótimo para entender o que cada um começa a enfrentar em decorrência dessa atração. A escrita da autora traz todos os elementos de um romance de época. Temos títulos de nobreza, as vestimentas comuns para o período, os costumes (como a introdução de jovens na temporada de eventos sociais de Londres), a ambientação e tudo relacionado ao mundo da aristocracia, desde festas de jardins, até bailes suntuosos. A narração inteira é um prato cheio para leitores amantes de romances históricos. 

Apenas duas coisas me perturbaram durante a leitura dessa narrativa: os diálogos e a dificuldade imposta para o relacionamento dos dois. Sobre o primeiro, os diálogos são muito grandes. A princípio, em certos momentos, eles são bons para entendermos com maior precisão as histórias que estão sendo contadas. Mas a grande parte é cansativa demais, o que dá a sensação de que a trama está sendo arrastada de propósito. Sobre o segundo ponto, entendo que Gwen e Hugo tenham seus demônios pessoais e problemas externos (como a diferença de classes) que os impedem de ficar juntos, mas chega um momento em que sentimos raiva das escolhas deles. Do ponto de vista da trama, tudo seria muito mais simples e rápido se os dois admitissem suas fraquezas e aceitassem o que estão sentindo – não consigo imaginar toda essa dificuldade nem mesmo na vida real. 

Os personagens são o ponto forte do livro. A autora faz uma clara distinção da classe média trabalhadora e da classe aristocrática, mas isso não impede de criarmos empatia por todos os seus personagens. Independente da forma que vivem, eles são carismáticos e positivos para a história. O fato de Gwen ter um problema físico, por exemplo, só mostra o quanto eles também são diversificados, mesmo inseridos num contexto histórico diferente. Apesar das dificuldades desnecessárias que comentei, você torce para que o casal principal encontre o “felizes para sempre”. 

Uma Proposta e Nada Mais é um excelente livro para os leitores amantes de romances de época. Ele proporciona uma narrativa imersiva, personagens cativantes e uma leitura reflexiva sobre um casal que precisa enfrentar o passado e o presente para ter um futuro. Estou muito curiosa para ler os outros livros da série porque, querendo ou não, os membros do Clube dos Sobreviventes são inesquecíveis. 



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