9.11.21

[Resenha #1782] Não verás país nenhum - Ignácio de Loyola Brandão @globaleditora

Não verás país nenhum

Edição comemorativa - 40 anos

Ignácio de Loyola Brandão

ISBN-13: 9786556121673

Ano: 2021 / Páginas: 424

Editora: Global Editora

Skoob

Classificação: 5 estrelas

Compre: Amazon

Sinopse: No futuro distópico apresentado em Não verás país nenhum, falta água, o calor é insuportável e as florestas desaparecem aos poucos. Se essa premissa te parece familiar de alguma forma, você não está sozinho. O clássico de Ignácio de Loyola Brandão, escrito em 1981, fala diretamente com a nossa realidade hoje e, consequentemente, sua narrativa se torna cada vez mais essencial e urgente. É pensando nisso que a Global preparou uma edição comemorativa de 40 anos da obra, com novo design e conteúdos exclusivos.

A nova edição conta com apresentação de Heloise M. Starling, feita especialmente para a edição comemorativa, uma sequência do texto de Washington Novaes e encerra com o artigo Antecipações do absurdo, publicado no jornal Valor Econômico e escrito por José de Souza Martins, sociólogo e professor emérito da Universidade de São Paulo. A visão do autor também é fundamental para compor a experiência proposta na edição comemorativa e, tentando explorar exatamente os pensamentos de Loyola na época em que escreveu o livro, a nova versão conta também com um texto do escritor explicando como surgiu a ideia para o conto O homem do furo na mão, narrativa que viria a se tornar Não verás país nenhum. O encarte também vem com anotações a mão e datilografadas e algumas fotos inéditas, elementos que se completam e mapeiam o processo que foi utilizado pelo autor na concepção do livro. Para complementar ainda mais a experiência e se aprofundar no contexto social da obra, a capa do livro, que tem foto de Araquém Alcântara e design de Mauricio Negro, vem com um QR Code, que leva o leitor diretamente até um vídeo do próprio Loyola. No conteúdo extra, o autor traça um paralelo entre o que acontece na trama e a situação ambiental hoje, já que a ONU anunciou, recentemente, que os efeitos prejudiciais no meio ambiente já são irreversíveis.

Um livro essencial para os fãs de Ignácio de Loyola Brandão, a edição comemorativa estabelece de uma vez por todas o que todo mundo já esperava: Não verás país nenhum é um clássico absoluto e um livro fundamental para a literatura brasileira.


Resenha:

"Não verás país nenhum" é um livro que foi publicado pela primeira vez em 1981, uma obra-prima da literatura do absurdo, uma verdadeira distopia de uma sociedade hipócrita moderna, um livros que podemos facilmente chamar de profético, e à lá 1984 de George Orwell. 

O protagonista é Souza, um professor de história que foi forçado a se aposentar e trabalha num repartição de vigilância, é casado com Adelaide há trinta e dois anos,  eles não têm filhos. A história se passa em São Paulo, tomada por poluição, superlotada, alguns serviços básicos foram cortados, a água é racionada. A população é dependente do estado, pois eles recebem uma quantidade limitada de fichas para sua subsistência, para conseguir comer, beber água, se locomover de um local a outro, e depois que acabam as fichas, você tem que esperar pelo próximo lote. Com as compras, você tem um dia de compras, e você só pode fazer compras nesse dia e, a maioria dos alimentos é produzida artificialmente , e os recursos naturais foram completamente destruídos. A população também é totalmente controlada por militares que aqui no livro são os Militécnos e os Civiltares.




Uma das outras restrições é que você só pode ir para áreas para as quais tem permissão para ir, tende-se um cartão que indica isso, assim por exemplo, você deve almoçar apenas no local designado para o almoço. Certas áreas e ruas são proibidas se você não tiver autorização para entrar nelas. Os inspetores verificam regularmente os cartões e, se você for pego, terá que apresentar um suborno ou vai ser preso.

Na história, Souza apresenta algum tipo de problema com a mão e um buraco se desenvolve nela. Ele se recusa a ir ao médico, apesar da insistência de Adelaide, pois pode ser complicado e caro. Pode ser alguma doença infecciosa e, de fato, algumas das pessoas que veem sua mão pensam que sim. No entanto, esse não é o seu único problema. Mais ou menos na mesma época, ele perde o emprego. Adelaide parece desaparecer, embora ele não saiba para onde, e ele não parece muito preocupado, apenas que sente falta dela. Então, o sobrinho lhe pede um favor, hospedando alguns amigos seus na casa dele. 



No livro temos quatro temas, a primeira é a história atual de Souza, depois que ele perde o emprego e Adelaide desaparece. A segunda é sua juventude. O terceiro são os vários elementos distópicos. A quarta é como o Brasil chegou onde está agora. Embora publicado em 1981, este livro levanta muitas das preocupações atuais. Na área ambiental, temos mudanças climáticas, aquecimento global, extinção de espécies, desertificação, secas e graves níveis de poluição. Também temos superpopulação, corrupção, ricos versus pobres, poder arbitrário, altos níveis de crime e muita violência. 

Essa edição comemorativa de 40 anos está perfeita, a editora fez um trabalho excepcional, a capa ficou incrível, tem vários bônus no livro como as capas de outras edições desse livro pelo mundo, anotações do escritor e muito mais. 





"Não Verás País Nenhum" é em muitos aspectos um retrato do país atual, o autor foi brilhante, prevendo muitas coisas que hoje são realidades mais do que incontestáveis: engarrafamentos gigantes, doenças caudadas por contaminação de alimentação, ambiente cada vez mais inóspito para a vida,  corrupção, o envolvimento de políticos com milícias, as mentiras do governo, desdém com as ciências, artes, e educação, catástrofe climática, a falta de água etc...Assim sendo esta é uma leitura essencial para entender como a historia se repete, quando o peso da repressão não foi devidamente esclarecido e exposto pelas gerações que viveram esta situação. Todos deveriam ler esse livro.

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