O Fim da Infância
Arthur C. Clarke
ISBN-13: 9788576574576
Ano: 2019 / Páginas: 320
Editora: Editora Aleph
Classificação: 5 estrelas
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Sinopse: A RAÇA HUMANA NÃO ESTÁ MAIS SÓ
Nos primeiros anos da Guerra Fria, uma raça tecnologicamente superior ao homem desce dos céus para governar a Terra. Ao contrário do que se poderia imaginar, os invasores se mostram benevolentes e acabam conduzindo o planeta a um período de prosperidade jamais visto, em que não mais existem violência, fome e doenças. Com poucos focos de resistência, a humanidade se rende ao invasor. Mas os Senhores Supremos têm suas regras: não é permitido a ninguém os conhecer, e a exploração do espaço está terminantemente proibida aos homens. Entre revelações surpreendentes e um vago mal-estar que assombra os corações humanos, o real propósito dos novos líderes permanecerá oculto por duzentos anos. Até que a humanidade esteja pronta. Até que uma missão seja cumprida. Até que a raça humana conheça o destino que lhe foi traçado.
Resenha:
A chegada de vida extraterrestre na Terra é um contexto narrativo que já conhecemos muito bem. O fim da infância começa com a frustração do que foi chamado de primeiro lançamento espacial humano, devido à chegada de alguns tipos de alienígenas chamados de Senhores Supremos. Mas, por mais estranho que pareça, esses senhores supremos não vieram para conquistar a Terra e escravizar a humanidade, nem procurar algum recurso escasso que sua raça precisa para sobreviver. Nesse caso, os alienígenas chegaram para levar a humanidade a um futuro idílico, erradicando guerras, fome, desastres climáticos e, em última análise, todos esses cenários pouco lisonjeiros para a civilização.
Sob o olhar inteligente de C. Clarke, o romance expõe a eterna polaridade controle-segurança de uma distância ética. Embora os humanos não tenham perdido seu livre arbítrio individual (pelo menos, em sua maioria), não há como escapar do fato de que a moeda do progresso global é a supressão da vontade expansiva da raça, da capacidade de sonhar com horizontes impossíveis. Assim, a humanidade torna-se uma espécie de roedor condenado pela vida a vagar por um labirinto recreativo cíclico sem saída.
Felicidade. Segurança. Bem estar. Isso tudo está muito bem, mas que preço é aceitável, ou são luxos que podem ser comercializados livremente?
A verdade é que em Fim da Infância não há escolha. A humanidade é guiada pela mão dos Senhores Supremos sem poder fazer nada para evitá-la. O romance abrange um amplo período cronológico no qual conheceremos vários personagens cujos papéis se destacam pela contenção e insignificante -em geral- de suas ações. A própria predisposição dos personagens à trivialidade marca o que, na opinião do escritor, constitui a mensagem central do romance: não somos nada. O objetivo deles não é serem heróis, mas tornarem-se as lentes através das quais vemos o plano dos senhores supremos se desenrolar.
Uma realidade fria e tortuosa que devemos enfrentar é que o antropocentrismo desesperado não está morto no século XXI. Assumimos que não fazemos parte de nenhum plano divino. Que o universo não gira em torno de nossos umbigos. Mas, no fundo, sentimos que somos chamados a fazer grandes coisas, a transcender, a conquistar as estrelas. C. Clarke nos envia uma mensagem clara e concisa em uma garrafa cósmica, e os Senhores Supremos são os portadores. E quando a garrafa é aberta, a percepção da verdade elementar que ela esconde é devastadora.
O fim da infância é uma excelente ficção científica, instigante pelos dilemas que coloca e que faz o leitor pensar, neste caso sobre a evolução da espécie humana, se estamos entregues às nossas próprias forças planetárias ou se há algo mais, algo melhor, para que está destinada a humanidade e como este passo pode ser dado em direção a uma nova realidade muito diferente, certamente, da que conhecemos agora.
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