5.8.22

[Resenha #1870] Fazendo as pazes com a ansiedade - Blenda Marcelletti de Oliveira @EditoraNacional

Fazendo as pazes com a ansiedade

Blenda Marcelletti de Oliveira

ISBN-13: 9786558811022

Ano: 2022 / Páginas: 168

Editora: Nacional

Skoob

Classificação: 4 estrelas

Compre: Amazon

Sinopse: Considerada por muita gente como o “mal do século”, a ansiedade é um dos temas mais discutidos na mídia e em sessões de terapia. Vista como uma angústia cujos efeitos são nocivos em sua maioria, ela é temida, evitada e maldita. Mas será que a ansiedade é realmente tão maléfica como a pintam? Trazendo exemplos do cotidiano e pensamentos de estudiosos que se debruçaram sobre o assunto, aliados à sua ampla experiência no consultório clínico, a psicóloga Blenda Marcelletti de Oliveira faz um panorama histórico e filosófico da ansiedade para mostrar que ela não só pode ser benéfica como é necessária e, sobretudo, um sentimento do qual não podemos ― nem devemos ― escapar. A pressão para parecermos sempre felizes nas redes sociais, a dificuldade em lidar com as imperfeições do amor e a luta para encontrar a vocação profissional são alguns dos tópicos discutidos por ela neste livro. Embora sua intenção não seja adentrar nos campos da medicina ou psiquiatria, em Fazendo as pazes com a ansiedade Blenda nos ajuda a entender a fronteira entre uma ansiedade natural, intrínseca ao ser humano, e outra mais patológica, capaz de nos tornar disfuncionais mesmo nas atividades mais cotidianas.


Resenha:

Nunca se esteve tão em alta falar de ansiedade como nos últimos tempos. Mas, esse sentimento não é necessariamente de todo ruim. É o que nos impulsiona, e faz com que nos preparemos para o enfrentamento das situações. Porém, em grande quantidade esse sentimento pode ser incapacitante e acabar por nos trazer muito sofrimento, o que tem sido muito comum. Algumas características da nossa rotina favorecem esse tipo de adoecimento. 

"A ansiedade nem sempre é um mau sinal, nem sempre precisa ser combatida. Ela pode ser agregada à nossa existência desde muito cedo. A ansiedade pode impulsionar, empurrar, ser o fósforo que, riscado, causa uma combustão que nos joga no mundo."

"A agonia do presente e de um futuro cada vez mais difícil de imaginar nos aproxima de estados de imensa ansiedade. A fragilidade humana, vida e morte como condições de qualquer natureza, em contraposição à oferta imensa de recursos para ‘combater’ a ansiedade, nos transforma, cada vez mais, em seres perdidos em busca de algo que nos acalme da agonia da vida."

"A ansiedade, sem dúvida, nos põe na vida, nos faz marchar em direção aos nossos objetivos. Sem ela, o homem teria feito pouco pela humanidade. Contudo, ao mesmo tempo, ela gera em nós o desafio de saber como delimitá-la, manuseá-la e revertê-la a nosso favor, antes de se tornar um transtorno que necessite de intervenção médica."

A autora, nos traz ao longo do livro exemplos do cotidiano e pensamentos de estudiosos, aliados à sua ampla experiência em consultório clínico, e faz um panorama histórico e filosófico da ansiedade para mostrar que ela não só pode ser benéfica, como é necessária e, sobretudo, um sentimento do qual não podemos e nem devemos, escapar.

A autora nos conta que sempre existiu ansiedade, desde a primeira existência do homem sobre a Terra, mas a partir dos anos 1980 e 1990, o termo "ansiedade" passou a ser mais usado. Isso sem falar nos dias de hoje, nunca se falou tanto sobre isso, pois a sociedade está mais competitiva de um modo que nunca fora antes. Nossa rotina está absurdamente mais acelerada. A presença diária da internet em nossas vidas nos proporciona isso. Também a exposição da vida das pessoas nas redes sociais é um outro ponto. A corrida pelo sucesso, tanto profissional, como na vida pessoal é muito forte e glamourizada. E para completar há toda a questão do consumo e a pressão das mídias sociais.

E o que temos como resultado disto é que sofrimentos causados pela ansiedade estão cada vez mais comuns. Uma característica básica da ansiedade são os pensamentos voltados para o futuro, a expectativa sobre o que ainda está por vir. E temos muitas expectativas e pressão, seja gerada por nos mesmos ou pelos outros. Além desta expectativa, e da própria sensação corporal da ansiedade, outros traços são também muito comuns de aparecerem no sofrimento por ansiedade: uma alta cobrança de si mesmo, necessidade de controle, o sentimento de culpa e responsabilização por situações que estão além do controle, necessidade de manter-se sempre ocupado e insônia.

Estamos mergulhados em um mundo com uma grande competitividade no qual as pessoas estão sendo cobradas a ser sempre os melhores em cada área de nossas vidas. Isso muitas vezes cria uma necessidade insaciável por termos sempre mais. O resultado disto é que acabamos muito tempo olhando para o futuro e para o que ainda não conquistamos, trazendo consigo a ansiedade.

"Na ânsia moderna de tudo aproveitar, saber e conhecer, vivemos como o Coelho de Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, o qual vive correndo e, em determinado tempo, supostamente viria dele a resposta à indagação de Alice: "Quanto tempo dura o eterno?". E ele responde: "Às vezes, um segundo". O tempo e o lugar onde estamos podem estar em dissonância."

A autora nos conta que Sêneca, em seu livro Sobre a brevidade da vida, recomenda que, para escapar dessa ansiedade, é necessário voltar a atenção para o presente em vez de se preocupar com o futuro. 

Dica da autora para estar no presente, é a dança, pois quando estamos dançando, é como se o tempo estivesse parado apenas no imediato.

No livro, a autora vai discutir a ansiedade em todas as áreas, no trabalho, na família, na criação de filhos, na vida amorosa, sobre envelhecimento e também sobre a pandemia. A pandemia trouxe um aumento substancial dos quadros de ansiedade e depressão. Uma série de hábitos, modos de estar e de ser foram derrubados, questionados e estão ainda sendo revistos. A autora diz que, não sabemos que mundo será herdeiro desse imenso tsunami que estremeceu a Terra. E que, se antes desse imenso divisor de águas já vínhamos assistindo a um perda de referências e de algumas certezas reconfortantes, agora, mais ainda, observamos pessoas tentando criar referências, se agarrando a sistemas para manejarem uma realidade com que elas próprias não conseguem lidar.

Por fim, a autora nos passa doze dicas para cuidar da sua ansiedade, uma delas é: Ouça a sua ansiedade. Não a jogue para longe, não a ignore e não tente bani-la. lembre-se de que, quando você ignora alguém que tenta lhe passar uma mensagem, esse alguém falará mais alto, gritará até você ouvir. Assim, procure ouvi-la. Recomendo que todos devem ler esse livro tão atual. 

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