25.11.17

[Resenha #1340] A Guerra Não Tem Rosto De Mulher - Svetlana Aleksiévitch @cialetras



A Guerra Não Tem Rosto De Mulher
Svetlana Aleksiévitch
ISBN-13: 9788535927436
ISBN-10: 8535927433
Ano: 2016
Páginas: 392
Idioma: português 
Editora: Companhia Das Letras
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: A história das guerras costuma ser contada sob o ponto de vista masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se, porém, de um equívoco e de uma injustiça. Se em muitos conflitos as mulheres ficaram na retaguarda, em outros estiveram na linha de frente. 
É esse capítulo de bravura feminina que Svetlana Aleksiévitch reconstrói neste livro absolutamente apaixonante e forte. Quase um milhão de mulheres lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, mas a sua história nunca foi contada. Svetlana Alexiévitch deixa que as vozes dessas mulheres ressoem de forma angustiante e arrebatadora, em memórias que evocam frio, fome, violência sexual e a sombra onipresente da morte.
Resenha:

Quando pensamos em guerras, imagens de destruição, mortes e de um cenário majoritariamente masculino nos vem à mente. Em filmes e livros com essa temática, nos deparamos sempre com o típico herói do sexo masculino e as mulheres, na grande maioria das vezes, são retratadas como as esposas que esperam ansiosamente por seus maridos ou como a enfermeira benevolente que se apaixona por um oficial. Porém, o livro de Svetlana Aleksiévitch reformula todo esse senso comum.


“Não estou escrevendo a história da guerra, mas a história dos sentimentos. Sou uma historiadora da alma. Por um lado, investigo o ser humano concreto, que viveu em um tempo concreto e que participou de acontecimentos concretos; por outro, preciso distinguir neles o ser humano eterno. A vibração da eternidade. Aquilo que sempre existe no ser humano.”
Svetlana Aleksiévitch é uma jornalista russa que em seus livros procura retratar grandes fatos históricos que já ocorreram em seu país da forma mais sincera e fiel possível, e ela faz isso por meio de entrevistas com pessoas que vivenciaram de perto esses feitos. Em “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”, Svetlana entrevista centenas de mulheres que estiveram na Segunda Guerra Mundial nas mais diversas funções, tais como: combatentes, atiradoras, batedoras, lavadeiras, enfermeiras, cozinheiras, enfim, em vários campos de trabalho. 
“Tudo que sabemos da guerra conhecemos por uma “voz masculina”. Somos todos prisioneiros de representações e sensações “masculinas” da guerra. Das palavras “masculinas”. Já as mulheres estão caladas.”
Nesses relatos, mulheres russas contam como se alistaram por vontade própria, como queriam ajudar seu povo nos tempos difíceis. Como era ser mulher na linha de frente, como era ter que lidar com os vários homens que ali eram maioria e ainda, como lidar com o olhar machista que a sociedade da época as encaravam. Nos múltiplos relatos, eu me surpreendi com a sinceridade que as mulheres demonstraram, pois estas possuíam preocupações tais como “como vou arranjar um marido depois disso tudo?”, “será que vou saber me comportar e andar de salto depois de tanto tempo com trajes da guerra?” e “será que terei filhos?”. Além disso, algumas dessas mulheres nunca deixaram a vaidade de lado, e mesmo durante o combate, se preocupavam em estarem bonitas e apresentáveis. 




Todos os relatos são de uma sensibilidade incrível e toca o leitor das mais diversas maneiras. Além disso, essa leitura nos faz refletir, afinal de contas, com tantas mulheres fortes e que estiveram em pleno combate, por que essas ainda não são retratadas nas mídias? Por que histórias como a dessas mulheres permanecem alheias? Com certeza afirmo que “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher” foi uma das melhores leituras feitas no ano de 2016 e indico muito a leitura à todos, as histórias dessas mulheres merecem ser conhecidas. 

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