12.1.18

[Resenha #1483] Mrs. Dalloway - Virginia Woolf @cialetras


Mrs. Dalloway
Virginia Woolf
ISBN-13: 9788582850572
ISBN-10: 8582850573
Ano: 2017
Páginas: 235
Idioma: português 
Editora: Penguin-Companhia
Skoob
Classificação: 3 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Obra mais famosa de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway narra um único dia da vida da famosa protagonista Clarissa Dalloway, que percorre as ruas de Londres dos anos 1920 cuidando dos preparativos para a festa que realizará no mesmo dia à noite. Pioneiro na exploração do inconsciente humano por meio do fluxo de consciência, Mrs. Dalloway se consagrou tanto pelo experimentalismo linguístico quanto pelo retrato preciso das transformações da Inglaterra do período entre guerras. Misto de romance psicológico com ensaio filosófico, este livro resiste a classificações simplistas e inaugura um gênero por si só. Precursor de algumas das maiores obras literárias do século XX, este romance é uma leitura incontornável que todo mundo deve fazer ao menos uma vez na vida.



Resenha:

Considerado como um dos cem melhores romances em língua inglesa do século XX, Mrs. Dalloway é a grande obra de Virginia Woolf, o primeiro dos seus romances a sair dos cânones tradicionais, adotando a técnica da corrente de pensamentos com maestria. 

Publicado em 1925, o livro que narra um dia na vida de Clarissa Dalloway, uma dama da alta sociedade, em Londres. Vamos acompanhar Mrs. Dalloway, durante todo aquele dia ensolarado de Junho, nos preparativos para a festa que dará em sua casa à noite. E o que possa parecer simples, torna-se numa história com várias camadas na narrativa que requer a atenção do leitor. Mrs. Dalloway é uma personagem complexa, que vive numa melancolia incurável e numa ansiedade dolorosa que nos faz lembrar a própria autora, que como se sabe tinha algumas perturbações psicológicas, por isso não admira que transportasse essa densidade emocional à protagonista. 

A obra é escrita com a técnica do fluxo de consciência e, por isso mesmo, diferente de tudo o que li antes. É uma técnica literária onde se procura transcrever o processo de pensamento de uma personagem, intercalando o raciocínio lógico com impressões pessoais e mostrando como se desenrola uma associação de ideias. É como se estivessemos dentro da mente de alguém, acompanhando cada pensamento que lhe passa pela cabeça. Não apenas o que pensa, mas como pensa e todo o fluxo de ideias que acontece durante um período de tempo. Reconheço que esse livro é extremamente difícil, e me custou muito conseguir entrar na história, demorou muito mesmo para conseguir ler esse livro, mesmo que ele seja curto. 

O desenrolar da história acaba por dar protagonismo também a outros personagens, que à primeira vista nos parecem secundários, como Peter Walsh, velho amigo e apaixonado por Clarissa, que regressa a Londres passados muitos anos fora, e que acaba por fazê-la reviver o passado, ou Septimus Warren Smith, um ex-soldado perturbado depois da Primeira Guerra Mundial. Logo no início da história, enquanto Clarissa compra flores, Septimus passa na mesma rua com a mulher, a caminho do psicólogo. É um personagem triste, com pensamentos suicídas, que muitos dizem ser um retrato da própria autora que, como é de conhecimento geral, acabou com a própria vida em 1941. Há várias semelhanças entre as condições de Septimus e a luta de Virginia Woolf com o seu transtorno bipolar.

Uma coisa interessante no livro foi como a autora nos fez sentir a passagem das horas. O tempo da narrativa é marcado pelas badaladas do Big Ben de hora em hora. Nesse ritmo, Mrs. Dalloway transporta-nos à análise de uma vida socialmente agitada, na Inglaterra do Pós Primeira Guerra, intercalado com memórias da juventude. Acabamos por regressar várias vezes ao passado dos personagens, por lembranças ou conversas de Mrs. Dalloway com Peter Walsh ou Sally Seton, sua velha amiga, que recordam os verões passados no campo, onde a paixão era o condutor da felicidade entre Clarissa e Peter, Clarissa e Sally e até Clarissa e Mr. Dalloway que se tornou seu marido. 



Por todo este conflito central, este livro também é uma crítica feminista, já que nos confronta com o sofrimento de uma mulher que já teve sonhos e paixões e que abdicou deles face ao contexto machista sob o qual estava submetida, acomodando-se passivamente.

Ouvia muita gente falar bem desta obra, e fiquei curiosa, mas não foi o que imaginei que ia ser, talvez algum dia eu releia para conseguir chegar na camadas mais profundas da narrativa, para absorver melhor todos os pensamentos e metáforas da vida que Virginia Woolf nos quis transmitir. Digo novamente, alertando quem for ler, este não é um livro fácil.

"Mrs. Dalloway" é um romance sobre o tempo e a desconexão da existência humana, Mrs. Dalloway faz coexistir, não só na mente das personagens que integram a obra mas também nas suas páginas, o passado, o presente e o futuro, lembrando o leitor que o tempo atual é influenciado pelo que o antecedeu e pelo que lhe acontecerá. 


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