A Revolução que Mudou o Mundo
Rússia, 1917
Daniel Aarao Reis
ISBN-13: 9788535929805
ISBN-10: 8535929800
Ano: 2017
Páginas: 248
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 5 estrelas
Sinopse: A passagem da Rússia tsarista para a sociedade soviética constitui um dos processos mais singulares e apaixonantes da história recente. Trata-se de um conjunto de eventos cujos desdobramentos seriam determinantes para a organização da estrutura global de poderes no século XXI, com grande impacto também na história das ideias. A revolução que mudou o mundo é um panorama do ciclo das revoluções russas, compreendendo os principais acontecimentos entre 1905 e 1921, revistos em poderosa leitura crítica. Neste volume conciso, o historiador Daniel Aarão Reis retoma e discute as grandes controvérsias políticas e historiográficas sobre o tema, e faz uma sóbria reflexão sobre as características gerais dos processos históricos e do legado dos anos “vermelhos”, no marco de cem anos da Revolução de Outubro. O autor também joga luz sobre dois atores sociais extremamente relevantes: as mulheres e os camponeses, cuja contribuição ao processo revolucionário tendeu a ser subestimada. O livro traz ainda uma bibliografia, um glossário e uma cronologia, tornando-se desde já referência indispensável para a compreensão daquele que é um dos mais decisivos e polêmicos momentos do século XX.
Resenha:
Entre 1905 e 1921, a Rússia Imperial virou União Soviética, e nessa época havia baixos níveis de produtividade, altas taxas de exploração, miséria, e fomes. Os camponeses eram instrumentos de trabalho e seus proprietários estavam endividados e sem alternativas de futuro. Tradições religiosas ainda ditava a sociedade. Outra coisa que abalou as estruturas tradicionais foi a modernização insdustrial e com isso se aboliu a servidão e com isso um conjunto de reformas se sucedeu, como forças armadas, educação, justiça, direito entre outros. O que levou a uma onda reformista. Se acelerou os ritmos de desenvolvimento capitalista, impulsionados pela construção de rede de estradas de ferro, sob iniciativa estatal.
"Em dois períodos, uma série de mecanismos garantiu altas taxas de desenvolvimento. Elevadas barreiras alfandegárias, estímulos fiscais, moeda forte, conferindo as capitalismo russo um perfil específico – ativa participação e controle estatais, forte presença do capital estrangeiro, sobretudo nas finanças e nos setores tecnológicos de ponta, burguesia nacional pouco expressiva, mas ganhando terreno, sob a proteção das reservas de mercado impostos pelo Estado."
"Desde 1916, a situação começou a decompor-se de forma acelerada. Reapareceu um movimento grevista. Entre as elites, medrava a desconfiança em relação ao governo, suspeito de abrigar em seu seio traidores da Pátria. A população e os trabalhadores estavam cada vez mais descontentes.Foi a revolução da harmonia e do congraçamento. Todos irmanados contra um inimigo comum, devidamente identificado: o tzar."
Em 1917, o povo russo, liderado pelo Partido Bolchevista, derrubou o governo de Nicolau II. Esse partido assumiu o poder, instalando no país o regime socialista. O descontentamento fez o povo aceitar as idéias socialistas divulgadas por estudantes e intelectuais. Eles organizaram os operários para lutar por seus direitos. Num congresso realizado pelo Partido Operário Social Democrata, em 1903, surgiram dois grupos: os bolcheviques e os mencheviques.Os bolcheviques defendiam a tomada do poder pelo proletariado que, aliado aos camponeses, instalaria um governo socialista. Os mencheviques defendiam que, antes de chegar ao socialismo, o país deveria passar por uma fase capitalista, na qual o governo seria exercido pela burguesia.
A crise interna agravou-se com a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, contra a Alemanha e o Império Austro-húngaro, levando ao movimento revolucionário.Com a guerra mundial, todos os recursos do governo russo passaram a ser usados na indústria de armamentos. Com a convocação de trabalhadores para compor o exército, a produção agrícola declinou. Mal preparado, o exército russo sofreu inúmeras derrotas nas fronteiras. A destruição de plantações fez o preço dos produtos subir e a fome atingiu duramente o povo. A fuga de soldados dos campos de batalha foi incentivada pelos bolcheviques. Do exterior, os lideres Lênin e Trótski continuaram orientando os revolucionários. As greves, os levantes nas Forças Armadas, a luta dos camponeses pela terra e a invasão do Palácio de Inverno pelos revolucionários levaram o czar a abdicar.
Os bolcheviques, que tinham como líder o Lênin, organizaram a revolução de 1917, prometendo pão, terra, paz, liberdade e trabalho.Foi assim que o socialismo foi implantado por Lênin e as terras voltaram às mãos dos trabalhadores do campo. Além disso, as fábricas também se voltaram aos interesses dos trabalhadores e os bancos, finalmente, ganharam origem nacional.
Com o fim da Revolução Russa surgiu também a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Foi nesse período que a nação finalmente se estabilizou como potência tanto militar quanto econômica, com crescimento constante. Seu principal rival se tornou os Estados Unidos, principalmente por seu modelo capitalista de governabilidade.
De estado periférico o sucessor estado soviético transformou-se em um império global, banhando em sangue, como todo império. Mais que uma revolta de trabalhadores, a revolução russa mudou as regras do jogo e viabilizou ideias que, dentre muitas do século XIX, seriam somente utopias.
Há um século atrás os trabalhadores demonstraram, pela primeira vez na história, que poderiam derrotar a burguesia também no campo político e governar por meio de suas organizações e conselhos. Ficou demonstrado que antes de se submeter a ciranda das lutas econômicas, das campanhas salariais e das conquistas parciais no período seguinte, os trabalhadores poderiam governar e tomar a rédeas não apenas da produção da riqueza, mas, também, de sua distribuição e controle consciente. A Revolução Russa nos ensina que enquanto existir a sociedade capitalista, a revolução socialista não é um capítulo destinado unicamente aos livros de história ou a um sonho para um futuro distante, mas a única saída definitiva para os trabalhadores.
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