14.1.18

[Resenha #1518] Sempre Vivemos No Castelo - Shirley Jackson @Suma_Br @cialetras


Sempre Vivemos No Castelo
Shirley Jackson
ISBN-13: 9788556510327
ISBN-10: 8556510329
Ano: 2017
Páginas: 200
Idioma: português 
Editora: Suma de Letras Brasil
Skoob
Classificação: 4 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Merricat Blackwood vive com a irmã Constance e o tio Julian. Há algum tempo existiam sete membros na família Blackwood, até que uma dose fatal de arsênico colocada no pote de açúcar matou quase todos. Acusada e posteriormente inocentada pelas mortes, Constance volta para a casa da família, onde Merricat a protege da hostilidade dos habitantes da cidade. Os três vivem isolados e felizes, até que o primo Charles resolve fazer uma visita que quebra o frágil equilíbrio encontrado pelas irmãs Blakcwood. Merricat é a única que pressente o iminente perigo desse distúrbio, e fará o que for necessário para proteger Constance. Sempre vivemos no castelo leva o leitor a um labirinto sombrio de medo e suspense, um livro perturbador e perverso, onde o isolamento e a neurose são trabalhados com maestria por Shirley Jackson.



Resenha:

A história é contada em primeira pessoa por Mary Katherine Blackwood ou melhor conhecida como Merricat, que vive com a irmã Constance, o tio idoso Julian e o gato Jonas, perto de uma pequena comunidade rural americana. A casa funciona como santuário: um território seguro, onde o mundo exterior não entra e onde, por isso mesmo, podem viver em harmonia sem ameaças nem receios. Os dias mais difíceis para Merricat são aqueles em que tem de sair de casa para comprar provisões. A irmã Constance tem agorafóbia, não se aventura além dos limites da sua horta e o tio está praticamente acamado, por isso tem de ser ela a fazer esse sacrifício. Assim como tem de ser ela a assegurar a protecção da casa contra as malévolas forças exteriores. Para levar a cabo estas tarefas, ela recorre a todo o tipo de proteção, tanto físicos quanto psicológicos. Objetos com ligação emocional à família enterrados, ou pendurados em árvores, palavras mágicas, entre outras coisas meio bizarras. À volta de tudo isto, paira a hostilidade dos habitantes da cidade, que consideram uma família estranha, e ainda mais depois de só terem restado três membors da família quando os restantes foram envenenados como resultado de alguém ter colocado arsénico no açúcar que consumiram. Julian sobreviveu, mas ficou inválido e com sequelas psicológicas; nem Merricat nem Constance chegaram a consumir o açúcar.

Merricat tem uma visão muito particular do mundo e das pessoas, e apesar de seus 18 anos tem um comportamentos de alguém com metade da idade. Merricat é, digamos, peculiar, ela tem o costume de enterra coisas na propriedade dos Blackwood, tem superstição, fala com o seu gato Jonas e dorme frequentemente em um esconderijo que tem na floresta. É durante as divagações de Merricat que se encontram os pontos altos do livro, na minha opinião, quando vemos realmente a forma peculiar como ela entende o mundo que a rodeia. 


Conforme vamos lendo o livro, acabamos por criar empatia com esses personagens e mudamos totalmente de ideia que tinhamos a respeito deles, o isolamento deles já não nos parece um absurdo, mas sim uma forma de defesa essencial contra a crueldade de quem os cerca; já não desejamos que se integrem na sociedade, mas sim que consigam se defender dela; e os seus pequenos delírios já não nos parecem manifestações patéticas de um sofrimento interior, mas, em vez disso, sinais de pureza de espírito.

A história muda por completo quando aparece um primo que vai obrigar todos os personagens a lidarem com o exterior e a realidade da qual tentam a tudo o custo fugir. O primo vem hospedar-se na casa Blackwood com a intenção de “ajudar”. E vemos uma mudança em Constance e Merricat. É apartir dái que toda a trama se desenrola.

Por fim, nós somos recompensados com várias revelações. O primo Charles era mesmo mau carácter ou terá sido apenas incapaz de compreender as primas? Os habitantes da cidade são intrinsecamente maus? E o que se terá realmente passado naquele dia fatídico em que o resto da família pereceu? Leia e descubra essas respostas, e estas fornecem amplo material para reflexão.

A autora constrói uma história rica, complexa, onde vamos acompanhar a insanidade e a perversidade do ser humano, o terror nesse livro é sutil, mas marca a sua presença. 


A capa dessa edição está um show a parte, em capa dura, diagramação perfeita, simplesmente lindo. Não tem como não querer ter esse livro em sua estante. 

Sempre Vivemos no Castelo é um livro que tem agradado a inúmeros leitores e críticos literários pelo mundo, sobre o qual consigo reconhecer várias qualidades, e que simplesmente me cativou. Está bem escrito, a autora consegue criar um ambiente estranho e sinistro de uma forma soberba. Uma história na qual iremos ver os efeitos do isolamento social sob a perspectiva de pessoas com mentes perturbadas e meio neuróticas. Um livro cheio de suspense, recomendo.

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