14.1.18

[Resenha #1517] O Último Grito - Thomas Pynchon @Suma_BR @cialetras


O Último Grito
Thomas Pynchon
ISBN-13: 9788535929287
ISBN-10: 8535929282
Ano: 2017
Páginas: 584
Idioma: português 
Editora: Companhia das Letras
Skoob
Classificação: 4 estrelas

Sinopse: As ameaças e contradições do século digital em um romance surpreendente.
Meses antes do ataque terrorista contra as Torres Gêmeas, a simpática Maxine, uma especialista em fraudes fiscais, é contratada por um documentarista para investigar as movimentações suspeitas de uma start-up. A trilha do dinheiro desviado parece levar a Gabriel Ice, misterioso investidor que anda interessado em comprar o código-fonte do DeepArcher, um novo video game que transforma a deep web numa realidade virtual habitável. Todas as pistas levam a mais pistas, e os desdobramentos incluem o financiamento secreto de terroristas, contrabando de sorvete russo proibido e os meandros do mundo nerd da virada do milênio. Meio história de detetive, meio cyberpunk, híbrido de comédia familiar e thriller sobre terrorismo, O último grito é um romance inesquecível, obra máxima de um dos escritores mais cultuados do nosso tempo.



Resenha:

O Último Grito vai nos contar a história de Maxine Tarnow, separada e com duas crianças pequenas, ela trabalha numa agência de detetive privada em Manhattan especializada em fraudes. Ela é contratada para investigar os "podres" de uma empresa de tecnologia especializada em serviços de segurança cibernética chamada hashslingzr, comandada por Gabriel Ice, um bilionário geek. Maxine inicia uma pesquisa sobre o tráfico financeiro de Hashslingrz, um "ponto.com" que, em vez de falhar devido ao fim do milênio aumentou os lucros projetando software de segurança. Maxine descobre somas que parecem ser despesas sem lógica. Entre estas, as faturas pagas a uma empresa chamada hwaahwgh.com. 

A investigação perfeita de Maxine permite o acesso ao grotesco cenário de um mundo financeiro que, em 2001, acabou de surgir da catástrofe do capitalismo de risco e do bicho-papão do bug do milênio; em outras palavras, fornece o relato do fim da era do lucro certo do capitalismo tardio, enquanto no horizonte uma agenda econômica baseada no software e na globalização da informação toma forma.


Continuando na investigação, então acaba por ser levada cada vez mais fundo para um mundo de conspirações, numa Nova York pré-atentado de 11 de setembro de 2001, um mundo de conspiração política, transferências ilegais, capangas russos, agentes do Mossad, entre outros. Uma série de personagens que exercem atividades ilícitas.

Maxine irá investigar o Deep Archer, um tipo de programa desenvolvido na deep web que simula realidade virtual para que as pessoas possam habitar e interagir através de avatares. O simulador é tão real que Maxine se perguntar se ela está no mundo real ou  digital, e levanta a pergunta se teria como viver para sempre dentro de um avatar em caso de a pessoa morrer.

O que paira por todo o livro é um sentimento apocalíptico pungente: o colapso da segurança, o fim da lógica da duplicação, o fim do culto sagrado do capitalismo. O vazio causado pelas catástrofes no início do milênio transformou a sociedade, conhecimento e informação, e neste cenário sem uma forma estável, o software se torna uma interface mágica, capaz de conectar usuários com o imaginário de um mundo povoada por mortos. Na verdade, após o ataque, o Deep Archer torna-se fonte aberta e se transforma em um reino universal dos mortos onde é possível interagir com as encarnações digitais (avatares) das vítimas das torres. Uma associação profunda e complexa, isso, que nos faz refletir sobre as modalidades de sobrevivência do homem no luto da morte. Pynchon, portanto, nos dá uma imagem de um mundo em que real e virtual são irredutivelmente integrados graças ao software e nos convida a considerar esta continuidade como um dos possíveis códigos fonte para decodificar a complexidade do mundo contemporâneo.


Este não é um livro sobre os eventos de 11 de setembro, mas sim sobre um controle paranóico que pode violas os direitos do indivíduo e o surgimento de uma ordem tecno-política.

A capa desse livro é holográfica, show de bola. Realmente um belo trabalho realizado pela editora nessa edição!

"O Último Grito" dá ao leitor a diversidade do consumo cultural, a incontrolabilidade da tecnologia e a ambiguidade da rede que distingue a sociedade contemporânea: videogames, simulações da realidade, séries de TV, cinema, mas também as delicadas questões sobre democratização ou controle do ciberespaço. Este livro não é mais uma questão de captar a complexidade de um mundo definido por tecnologias industriais e meios eletrônicos, mas de revelar a mesma lógica nos territórios da web, usando a tecnologia de software como a ferramenta principal: um código no centro da formas e linguagens do capitalismo global. Se você é um fã de teorias de conspiração, ou é fascinado pela tecnologia, esse livro é para você! Recomendo!

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