21.3.18

[Resenha #1591] Traição do Destino - Marylu Tyndall @ed_Fundamento


Traição do Destino
Marylu Tyndall
ISBN-13: 9788539507955
ISBN-10: 8539507951
Ano: 2015
Páginas: 368
Idioma: português 
Editora: Fundamento
Skoob
Classificação: 3 estrelas
Compre: Amazon

Sinopse: Charleston, 1812
Na fervilhante cidade movida por ricos fazendeiros, comerciantes e escravos, a recém-chegada Adália Winston tenta manter seu segredo: por trás da pele branca e dos bons modos, esconde-se uma escrava fugitiva. Nem mesmo sua fé inabalável ou o doce sabor da liberdade conseguem aplacar o medo de que, de repente, seu antigo dono a encontre e a arraste de volta para um mundo de sofrimento.
Por isso, quando o jovem Morgan Rutledge, filho de uma das famílias mais influentes de Charleston, se encanta por Adália, ela resolve ignorá-lo. Mas o desejo de ser amada e protegida é mais forte e ela acaba se apaixonando pelo rapaz. Só que é ela quem acaba sendo levada para um mundo ao qual não pertence: a alta sociedade, onde o esplendor e a ambição traçam suas teias de intrigas, ciúmes e vingança, colocando em risco o destino do jovem casal.
E agora: o amor entre Adália e Morgan será a salvação ou a ruína de ambos? Se seu terrível segredo de ex-escrava for revelado, Morgan abrirá mão de seu status e fortuna por um amor proibido e cheio de privações? Quando o passado bate à porta, o futuro pode não chegar..



Resenha:

Livros são uma caixinha de surpresas, mesmo quando escolhemos um que parece ter seu caminho delimitado, nos surpreendemos com as escolhas dos autores, nem sempre positivamente devo dizer, mas sempre nos serve de alerta para que nunca julguemos livros pela capa ou sua sinopse, sempre existe mais que não é dito. Com Traição do Destino não foi diferente, escrito pela americana Marylu Tyndall, e publicado pela editora Fundamento.


Após a morte dos pais Adália Winston acaba escrava nas mãos de um severo senhor de escravos. Depois de muito planejar ela consegue fugir e se estabelecer em Charleston, com sua pele branca ela consegue aos poucos se passar por uma mulher do povo comum. Tudo ia bem, e até um novo lar com um emprego ela havia conseguido, mas um jovem rico, Morgan Rutledge, atravessa seu caminho, e a leva a sonhar com mais. Uma vida de princesa se apresenta, mas com ela inveja e ambição a rodeiam, e seu passado pode vir a assombrá-la.


Tyndall escreve de forma muito objetiva sua narrativa construída em terceira pessoa, sob a ótica em sua grande parte da protagonista Adália. Seu enredo é interessante, e caminha bem até o momento em que começamos a nos sentir em uma novela da Globo tamanhas coisas absurdas que acontecem. Sabe aquela famosa mocinha que todo mundo engana, que é inocente e acredita nas boas intenções de pessoas que só a querem mal? Ou ainda aquela que mesmo sabendo que estas pessoas a querem longe ainda assim acreditam na primeira mentira que estas contam? Este é o grande problema do livro.

Já li alguns romances de época, e em geral as mocinhas são inocentes e virgens, e é normal alguma trapaça ou enganação, mas com Adália os fatos são sucessivos, e mesmo que ela demonstre desconfiar das pessoas ela persiste dando chances as pessoas. Isso porque ela acaba despertando a ambição de conseguir um lugar na sociedade. Infelizmente essa sucessão de fatos acabou por estragar a estória, e soar assim forçada.

Outro aspecto que me desagradou e que deveria ficar claro na descrição do livro é que trata-se de um livro com cunho cristão. Adália é muito religiosa, e seu protetor o médico que lhe dá emprego também. No começo do livro isso soa normal como uma característica dos personagens, mas a medida que estória cresce o discurso bíblico ganha força e espaço, e para mim que não sou adepta desta doutrina foi um pouco chato. E digo que é cristão sem receio de estar errada porque depois na descrição da autora isso é citado como sua característica.

Reforçado a característica que acabei de citar o livro não têm cenas de sexo, muito comuns a livros do gênero, aqui não temos nenhuma, nem as cenas de beijo são bem ambientadas. Como se a autora tivesse vergonha de detalhar o ato. Não vejo problemas de não haver cenas de sexo, mesmo porque o livro não se passa após um casamento, mas esperava mais do contato físico do casal que cria uma atmosfera de tensão da época da conquista.

Adália é uma mulher marcada pela chicote, e não é um modo de dizer é literal. Assim ela é como um animal que apanhou, e tende a se defender do mundo antes mesmo que ele se aproxime. Entretanto quando deveria mostrar os dentes ela se esconde, aceitando todo tipo de comentário sobre sua origem humilde só para ser aceita. Sua inocente beira o ridículo, como citei anteriormente. Sua religiosidade é tamanha que ela têm diálogos com Deus, assim como vê um estranho homem de branco que cita a bíblia a ela.


Morgan, o mocinho, não é nada inocente, mas está descontente com sua vida. Mesmo sendo rico e frequentando os melhores lugares, ele só encontra paz e lugar no mundo quando está a bordo de um barco. Mas falta atitude para mudar sua vida, ele teme muito ficar pobre e ser tirado da sociedade por más escolhas.
O Dr. Willaby seu empregador adota Adália como a filha que perdeu, mas tem dentro de si um forte preconceito com os escravos. É um homem cheio de moral e ética, e leitor ávido da bíblia todos os dias, vive a citando em seus discursos. Os amigos e irmão de Morgan são como vilões, sem escrúpulos, são capazes de tudo para conseguirem o que desejam.

O ponto forte da obra é sem dúvida a reflexão sobre a liberdade, além da óbvia crítica a escravidão da época (século XIX). A protagonista começa a perceber que as pessoas que a cercam são tão escravas quanto ela só que de outras formas. Sejam presas a seus pais, ao seu passado de dor, ou posição social. A liberdade acaba como um conceito que expande, e vai além do físico.
Traição do Destino é uma estória antes de mais nada sobre fé, sobre transformação e esperança. Realizado por meios que não me agradaram pode agradar outras pessoas que não se incomodem com algumas ações forçadas e a veia cristã. No fim vale sua leitura, nem que seja para que ao final você se pergunte se de fato é mesmo livre.




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